Resenhas - Virgínia

Minha pequena biblioteca 17/04/2022

Sentimentos recônditos da alma
Sempre tive curiosidade em desvendar o que está por trás dessa pintura de Joan Brull. O quadro Somni despertou em mim sentimentos dos quais eu não conseguiria descrever e, quase por acaso, ao descobrir o livro da autora Cássia Pires com essa capa, fez aflorar ainda mais esses sentimentos. O início e até mais ou menos o meio da obra causou-me um efeito singular. É impressionante como traz essa brisa e remete a sentimentos mais profundos que existem nos lugares mais recônditos da alma. A solidão, o medo e o desejo de obter a tão sonhada felicidade estão presentes em todo ser humano. Chorei por Virgínia e pela dor de cada um de seus familiares, sem exceção, mesmo sem ter ideia de quão e qual era exatamente essa dor. Não sei o motivo pelo qual me encantei, talvez por também amar as obras de Florbela Espanca que também aborda bastante essa temática da dor, do sentir-se só... Não sei, mas é simplesmente maravilhoso ler e se sentir compreendida por outros, seja através de versos ou histórias. A única coisa que me desagradou no livro foi o fato de ter sido muito explorada a face do romance. Vejo como essencial essa temática, mas a meu ver não deveria ser o foco. Eu esperava principalmente que a dor de Virgínia fosse mais explorada, mas não apenas a dela, queria saber mais o que estava por trás da dor de cada um dos personagens. De todo modo, trata-se realmente de uma obra singular e a autora Cássia Pires está de parabéns. Só tenho a agradecer.

Roberto Laaf 11/11/2015

Simplesmente arrebatador!
Nossa! Há tempos não lia um livro capaz de mexer tanto com minha ansiedade pelo desenrolar dos acontecimentos! Com uma narrativa impecável e uma construção perfeitamente adequada à captura da curiosidade do leitor, Virgínia é uma obra que nos presenteia com a simplicidade dos anseios da vida; um livro de sensibilidades humanas que trata dos medos, anseios e dores mudas de alguém que se vê diante de um destino permeado por desilusões e raras oportunidades.

Há momentos em que nos é permitido sentir a angústia de Virgínia e, sem dificuldade, medir o peso de decisões que foram tomadas ao longo do tempo de nossa existência, encarando suas consequências cientes de que elas foram responsáveis pela mudança irreparável de nossas vidas. Ao menos comigo a leitura tocou fundo a esse ponto.

Acredito que todos os livros depois de escritos sejam para sempre, mas alguns vivem para sempre dentro de nós, e Virgínia agora é um desses livros em mim.

Amei!