Bruna 08/01/2016
Resenha: Percatempos
Normalmente, quando gosto muito de um trabalho de algum escritor eu sempre procuro ficar atenta para acompanhar os próximos trabalhos dele, e isso não é diferente com o Gregorio Duvivier. Me tornei uma grande fã dele quando comecei a ler sua coluna na Folha de São Paulo (por sinal, os textos que ele escreve são muito bons) e também envolvendo o seu trabalho no Porta dos Fundos, sendo assim quando eu fiquei sabendo que ele estava prestes a lançar um novo livro "Percatempos" eu fiz questão de passar nas livrarias próximas à minha casa para poder me presentear com esse livro, que despertou bastante a minha atenção.
"Depois de surpreender a todos com sua verve poética, em Ligue os pontos, e de se consolidar como um dos mais inventivos cronistas brasileiros da nova geração, com Put some farofa, o aclamado ator e roteirista do Porta dos Fundos revela nova face de seu talento. Com influência de Millôr, Sempé, Steinberg e de sua avó Ivna, Gregório Duvivier nos oferece dezenas de desenhos inéditos de nanquim e aquarela, que conciliam o lirismo, a irreverência e o engenho já familiares a seus fãs. Em um passeio pelo repertório cultural do autor, vemos reinventadas vida e língua cotidianas. A originalidade e o frescor de Gregório estão de volta, dessa vez para enriquecer a tradição de nosso humor gráfico."
Como leitora sempre gosto um pouco de sair da minha zona de conforto, e a experiência que eu tive ao ler "Percatempos" me proporcionou isso. A leitura desse livro foi bem diferente de tudo do que eu já havia lido até então, por conta de ser um livro fino e que trabalha com figuras a leitura foi extremamente rápida durando em torno de 5 a 10 minutos.
Se trata de uma leitura bem visual e o Gregorio transpõe o cotidiano em suas ilustrações, e ao mesmo tempo em que ele brinca com pequenas coisas como o negrito, o itálico, o CAPS LOCK e a Comic Sans; ou um sinal de trânsito; os dias da semana; o calendário e os diversos mapas do Brasil, Duvivier também coloca um pouco do seu tom de sarcasmo e crítica em alguns desenhos, algo que não poderia faltar e que na maior parte das vezes está presente em seus outros trabalhos.
Alguns dos desenhos simplesmente parecem uma verdadeira maluquice, já outros podemos identificar a presença de personalidades como Eike Batista, Arnaldo Antunes e até mesmo Jesus, e sempre envolvendo algum jogo de palavras ou outros elementos que remetem ao fato da nossa sociedade atual se preocupar com a questão do materialismo e da exposição.
E de maneira geral a leitura de "Percatempos" foi rápida e gostosa, de modo que em nenhum momento eu me arrependi de ter saído da minha zona de conforto. Dei boas gargalhadas ao longo da leitura (principalmente nos agradecimentos, como sempre Gregorio consegue mostrar mais uma vez o seu talento de transformar coisas comuns do cotidiano em pura graça), e acho que o único ponto negativo que posso apontar é o fato de o livro ser muito pequeno e a leitura muito rápida. Ao terminar de ler demorou um pouco para cair a ficha de que só era aquilo, e foi inevitável sentir aquele sentimento de "quero mais". Agora, o que me resta a fazer é continuar acompanhando a coluna dele na Folha de São Paulo, e aguardar ansiosamente para um próximo lançamento de um novo trabalho dele, seja na forma de um livro assim de desenhos, poesias ou crônicas.
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