O Último Império

O Último Império Serhii Plokhy




Resenhas - O Último Império


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Romulo.Zamprogna 01/02/2022

Caso você não saiba como a URSS colapsou em tão pouco tempo e como jogos políticos aceleraram o processo de desintegração do país, esse é um ótimo livro para entender como isso aconteceu. Além do conhecimento sobre o tema você leva de brinde decorar o nome de vários políticos do leste europeu e da Ásia Central dos anos 90 (alguns no poder até hoje).
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Zeantonio 09/04/2021

Gostei muito do livro, ele relata bastidores dos acontecimentos oficiais que levaram ao encerramento das atividades da URSS, levando a configuração geopolitica atual que vivemos atualmente
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Lucas 24/10/2019

A melancólica desintegração do último império tirânico do globo
A queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o consequente e oficial desfecho da Guerra Fria foram os grandes acontecimentos da última década do século XX. Este século, marcado pelas duas guerras mundiais, trouxe na maioria dos seus anos a tensão provocada pelo conflito indireto e diplomático de dois regimes antagônicos e suas respectivas capacidades de extermínio que se, felizmente, não foram praticadas no sentido literal, foram capazes de deixar todo o planeta apreensivo por cerca de cinquenta anos ininterruptos.

Serhi Plokhy (1957-), historiador ucraniano e professor de Harvard, ilustra esse desfecho da URSS no excelente O Último Império, lançado pela Editora Casa da Palavra no Brasil em 2015 a partir de extensa pesquisa em documentos então recém-divulgados pelas autoridades norte-americanas e russas.

Todo cidadão bem informado ou aquele que teve aulas escolares de história no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 deve ter na mente a cronologia geral dos fatos que acabaram por desintegrar a União Soviética, composta por quinze repúblicas e símbolo universal (em termos globais e temporais) do comunismo. Também deve ter noção dos "atores" que conduziram a esse desfecho felizmente tranquilo, mas inegavelmente melancólico. A verdade é que, numa época como a atual, onde a "nostalgia" dos anos 90 está muito na moda, o livro de Plokhy presta um grande serviço de ressurreição nessa sensação de mudança histórica contundente, de um fato épico que transcenderá gerações sem que seja marcado por violências. "Setenta e quatro anos depois, a bandeira vermelha desce o mastro do Kremlin; a União Soviética não existe mais". A frase, dita pelo jornalista Marcos Hummel no Jornal Nacional de 25 de dezembro de 1991 é um símbolo dessa nostalgia. A imagem que ele narra é o fim discreto e desencantado de um regime responsável por repressões e incontáveis mortes e que não soube se reinventar com o advento do século XXI.

Personagem central naquela época, o último dirigente soviético, o russo Mikhail Sergueievitch Gorbatchov (1931-), foi julgado pela história como o grande responsável pelo fracasso do regime. É preciso, contudo, que suas ações sejam compreendidas desde quando ele assumiu o poder, em março de 1985. De cara, ele se viu numa situação econômica extremamente complicada, alimentada não apenas por crises do próprio regime comunista (um Estado inchado, cada vez mais corrupto e ineficiente), mas também por inconstâncias governamentais, que muito prejudicaram a eficiência do exercício do poder na URSS; em pouco mais de dois anos, entre 1982 e 1985, a União Soviética teve dois dirigentes, que morreram no cargo: Yuri Andropóv (1914-1984) e Konstantin Chernenko (1911-1985). As mortes (ambas suspeitas) trouxeram muitos problemas de governabilidade, seja interna ou externamente.

Ciente disso, Gorbatchov, numa ousadia que acabou custando sua vida política seis anos depois, lançou as famosas Glasnost (que significava transparência e pôs fim à censura, entre outras medidas) e a Perestroika (que representava a redução da centralização econômica do Estado e sua participação nos ditames da economia nacional), que foram reformas estruturais profundas que, segundo seu idealizador, seriam capazes de gerar uma nova União Soviética, mais forte e sustentável. Mas o tempo foi revelando o tamanho colossal desse erro de julgamento... Gorbatchov quis liderar um novo país, mas a extinção do antigo acabou sobrepondo suas esperanças numa URSS mais aberta e menos radical.

É importante que sejam citados estes aspectos introdutórios porque a obra de Plokhy não discute os acontecimentos de antes do fatídico 1991. Na verdade, ela parte de uma cúpula ocorrida em Moscou em agosto daquele ano (entre Gorbatchov e o então presidente norte americano George H. W. Bush "pai" (1924-2018)) e narra com detalhes (e essa é uma virtude inegável, há muitos detalhes e nomes até conhecidos no cenário internacional de hoje) todas as intrigas e jogos políticos que culminaram com o já mencionado desfecho da URSS, ilustrado por meio de um discurso histórico do seu líder na noite russa de 25 de dezembro de 1991. Essa restrição narrativa cronológica não deve ser interpretada como um elemento negativo da obra, mas alguns aspectos centrais que ocorreram nos anos anteriores e que tiveram forte influência no colapso soviético são explorados de forma apenas tímida, como o desastre nuclear de Chernobyl (1986) e a Queda do Muro de Berlim (1989) e posterior reunificação alemã.

Os fatos e os personagens que conduziram a este discurso são ilustrados de forma muito metódica por Plokhy. Boris Iéltzin (1931-2007), por exemplo, então presidente da Rússia, é enfocado pelo autor de forma muito completa, ressaltando sua decisiva participação na tentativa de golpe perpetrada por extremistas da esquerda em agosto de 1991, que visou à derrubada de Gorbatchov e à volta ao centralismo rigoroso do regime. Este é um enfoque importante porque Iéltzin, historicamente, sempre foi visto como um líder caricato, espalhafatoso e que, se posteriormente conduziu a Rússia à sua pior crise como federação independente, naquela época gozava de grande popularidade e, acima de tudo, tinha uma inteligência política singular (seu discurso em cima de um tanque de guerra em frente ao parlamento russo é uma prova disso, da sua habilidade na época de clamar as massas e de se promover positivamente). Não só Iéltzin, mas os líderes de outras repúblicas da URSS, como o ucraniano Leonid Kravtchuk (1934-), cujo país teve enorme influência no fim da União, e Nursultan Nazarbaiev (1940-), que só foi sair do governo do seu país (o Cazaquistão) em março de 2019, acabaram por conduzir a desintegração do bloco.

George W. Bush "pai" e o seu governo são tratados de uma forma comedida por Plokhy. Bush e seu secretário de Estado, James Baker (1930-), por exemplo, fizeram o possível para evitar o colapso da URSS não por interesses econômicos ou políticos, mas essencialmente pela preocupação, compartilhada com o restante do mundo, do potencial nuclear do bloco, cujo destino numa eventual guerra civil, poderia trazer consequências catastróficas e irremediáveis. Esta relação entre as autoridades norte-americanas e soviéticas (e depois democráticas) é muito bem ilustrada no livro, por meio de inúmeras transcrições de conversas telefônicas e memorandos de encontros entre elas, que trazem um senso de dramaticidade bastante forte, especialmente na figura de Mikhail Gorbatchov e seu declínio. No que tange ao Ocidente (diga-se, os Estados Unidos), Plokhy é contundente, todavia, desde as primeiras linhas, ao relativizar o papel dos EUA no desfecho do conflito, principalmente no discurso adotado pelas autoridades norte-americanas no "pós Guerra Fria". Fica muito claro que a contenda foi vencida pelos estadunidenses, mas, acima de tudo, o desfecho dela foi muito mais responsabilidade dos soviéticos, cuja burocracia e inchaço estatal produziram uma crise sem precedentes à então débil URSS. Tal "senso de oportunidade" foi julgado pelo povo norte-americano nas eleições presidenciais de 1992: Bush não conseguiu a reeleição, sendo atualmente o último presidente dos EUA a não atingir tal feito, não apenas pela condução possivelmente oportunista no que tange ao fim da URSS, mas por uma série de outros problemas, especialmente de ordem econômica.

Por ser um livro que narra de forma pormenorizada fatos importantes para a alvorada do século XXI, o leitor sentirá falta de material mais "ilustrativo": diferente de várias outras obras similares que tratam sob um ponto de vista jornalístico acontecimentos históricos, O Último Império não traz consigo em nenhum momento fotos ou ilustrações capazes de traduzir em imagens muitos momentos marcantes da narrativa. Há apenas dois mapas não muito elucidativos das repúblicas que compunham a URSS. Apesar disso, Plokhy construiu um livro sério, recomendável e muito bem embasado e contundente, por ser eficiente em transpor toda a ebulição de acontecimentos que marcaram o histórico segundo semestre de 1991.
Sheila Lima 24/10/2019minha estante
Outra resenha de arrebentar.
Parabéns, Lucas. Você é sensacional.


Lucas 25/10/2019minha estante
Sheila, sempre amável. Muito obrigado. :)




TiagoHelmer 31/08/2019

O livro conta como foram os últimos dias da União Soviética através de fontes históricas como cartas, notícias, telefonemas, discursos, etc.

O que chama a atenção no livro é o avanço da diplomacia graças principalmente ao uso do avião e telefone. Chefes de Estados em situação “beligerante” se comunicando instantaneamente e se vendo com frequência mudou a forma de resolver conflitos. Outra questão importante é a inevitabilidade do fim da União Soviética através das diferenças (ideológicas, culturais, etc) dos países da União, com o avanço na política e autonomia dos países, já não fazia sentido a União existir - o que contrasta com a ideia de que os Estados Unidos venceram, pois as atividades dos Estados Unidos apesar de sempre ativas não foram decisivas para o fim da União. O livro mostra inclusive que era de interesse do país americano a existência de uma União amigável ao invés de vários países que poderiam querer guerra. Também é interessante quando o autor cita alguns diplomáticos da União visitando os Estados Unidos e ficando perplexos ao ver pessoas comuns entrando no supermercado e voltado com o carrinho cheio.

Os principais envolvidos no livro são: Bush (pai) o presidente dos Estados Unidos, Gorbatchov o presidente da União Soviética, Iéltzin o presidente da Rússia e Kravtchuk o presidente da Ucrânia. A leitura é agradável, mas como envolve bastante política internacional talvez seja tedioso para alguns.
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