Os Bares Morrem Numa Quarta-Feira

Os Bares Morrem Numa Quarta-Feira Paulo Mendes Campos




Resenhas - Os Bares Morrem Numa Quarta-Feira


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Luiz Pereira Júnior 13/01/2024

Carpe diem...
“Os bares morrem numa quarta-feira”, de Paulo Mendes Campos, é uma coletânea de crônicas e, como toda coletânea, visivelmente irregular, mas, talvez por isso mesmo, bastante agradável de ser lida, pois o leitor transita entre o humor irônico, a nostalgia melancólica, o retrato de costumes, o significado do fazer literário e uma listagem impressionante de quem foi quem na intelectualidade brasileira das décadas de 1960 a 1980, aproximadamente.

Não deixando de amar sua terra-natal ( Paulo Mendes Campos era mineiro), o autor mostra seu imenso amor pela vida carioca, chegando ao bairrismo em muitos casos. E vale a pena lembrar que o livro foi escrito em uma época em que não havia o chamado politicamente correto e, dessa forma, algumas expressões certamente deixarão o leitor atual mais ou menos espantado. Em certos trechos, ao falar de negros, nordestinos, pobres, mulheres, o autor certamente seria ameaçado de cancelamento, se os tivesse escrito nos dias atuais. E, diga-se de passagem, é bem provável que, em caso de novas edições do livro, esses trechos sejam expurgados ou, no mínimo, suavizados.

Um exemplo? Então, tá, um só. Na crônica “Alice no País dos Cariocas”, o autor imagina uma visita da personagem à Cidade Maravilhosa (Wonderland / Wondertown). Leia o trecho: “Deixando de automóvel o aeroporto, depois de degustar um café, a menina perguntará (...) se os urubus e o perfume da favela não prejudicam um pouco o renome do turismo”.

Sim, “Os bares morrem numa quarta-feira” é produto de sua época e, como toda obra literária, em maior ou menor sentido, não há como fugir dela, com suas maravilhas e seus defeitos (assista a “Os Trapalhões” e escute como eram as piadas da época)...

Vale a pena? Com certeza. Ao unir lirismo, retrato de costumes, personagens reais que vão muito além da mera celebridade, nostalgia, celebração e muito do que todos somos, Paulo Mendes Campos faz um retrato de um tempo que passou e que, talvez por isso mesmo, permanece tão vívido na memória...
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Henrique Fendrich 25/06/2023

Esse foi o primeiro Paulo Mendes Campos que eu li, faminto como eu estava de conhecer novos cronistas, e posso dizer que me marcou bastante o modo como ele escrevia, o fato de ele ser uma espécie de esteta da crônica, com experimentações variadas que, nem por isso, deixavam de ter uma profunda carga poética e lírica, eventualmente bem-humorada.
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