Aline Marques 09/09/2018Solidão imposta? [IG @ousejalivros]Há décadas (provavelmente, séculos), pessoas no espectro* são consideradas solitárias.
Rotuladas como aprisionadas dentro de um mundo a parte, o qual pessoas neurotípicas não alcançam ou compreendem; envoltas em nós invisíveis que impossibilitam sua aproximação e expressão de sentimentos sinceros.
Não humanas, únicas e valorosas. Apenas "sós". Cada um desses estereótipos carregam a desinformação e, frequentemente, o preconceito daqueles que não enxergam o quão conectados (e sobrecarregados) estão com o ambiente que os cercam. E isso me magoa.
Taubman, com sua poesia delicada e inventiva, reforça uma ideia que há muito deveria ter sido abandonada, mesmo que fique nítido, em alguns de seus versos, que sua intenção era outra.
Leitores que possuem pouco ou nenhum contato com o autismo, não reconhecerão a luta do indivíduo que não deseja ser empurrado para a prisão que a sociedade forjou para eles, no lugar que deveria ser o mais seguro de todos: seu interior.
A paleta de cores e as admiráveis ilustrações, trazem um toque melancólico que pressionam o peito, tornando difícil controlar as lágrimas de quem reconhece a verdade presente nos dias mais difíceis. Mas não em todos os dias de uma vida inteira.
Os sintomas são incluídos nas linhas de forma inteligente e sútil, contando a história de muitos que jamais terão voz para expressar-se por si mesmos, aproximando-os de nós. Não mais sós.
No final do livro, um apêndice com informações importantíssimas que apontam a complexidade do diagnóstico e a necessidade de se atentar aos sinais, nem sempre claros.
Leitura compartilhada a partir dos seis anos e independente aos dez.
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* Transtorno do Espectro Autista - TEA - é caracterizado pelo prejuízo nas habilidades socioemocionais, atenção compartilhada e linguagem.