lacklusterstarchild 14/01/2024
Zami: because without community there's no liberation
Misturando elementos de ficção e poesia, Audre Lorde torna sua biografia tão interseccional quanto si mesma. Trazendo em capítulos curtos suas memórias e amores formativos, Zami torna-se um testemunho e testamento ao consolidar em prosa a vivência de sua alteridade muito antes das conquistas políticas e cívicas que hoje são conferidos à mulheres marginalizadas como a autora, além de não temer nomear seus afetos e dificuldades também não recua da autocrítica ou análise do seu constante status de diferente mesmo em ciclos que compartihava a essa diferença.
Enquanto os acontencimentos descritos no livro sejam anteriores aos feitos do Dr. Martin Luther King, Stonewall ou Angela Davis, ter consciência que Lorde é contemporânea de tais movimentos é ter em mente que Zami talvez nunca seria publicado sem os anteriores; porém ao atribuir a sua irmandade (de mães, amantes, ex-companheiras, amigas, etc) o papel vital em sua formação, Audre evoca a qualidade que mais tem orgulho: seu incessante amar a sua comunidade, seja ele bem-vindo/visto/ouvido ou não.