spoiler visualizarIvaldoRocha 15/08/2017
O terror e o medo em outro patamar, marca de Edgard Allan Poe.
Este romance, o único na carreira de Poe, aparece em várias daquelas listas de livros que você não pode deixar de ler e em se tratando de terror Edgard Allan Poe é certeza que você vai se surpreender com a originalidade e a intensidade de como ele vai aparecer.
Uma das muitas curiosidades do livro é que ele aparece também com o título de “O Relato de Arthur Gordon Pym”.
Um narrador que começa sua narrativa justificando as razões, de mesmo que a contragosto o levaram a contar sua aventura. Tendo como certo a descrença do leitor, a narrativa está repleta de explicações e detalhamentos, além de um vasto vocabulário náutico, que até certo ponto me despertou a curiosidade e fui pesquisando para entender do que se tratava, embora sempre soubesse se tratar de algo relativo ao barco ou à navegação. Mas com o passar da história acabei me conscientizando que era melhor deixar pra lá e me ater à história em si, meu pouco entendimento do que seja uma bujarrona, traquetes ou barlavento, não iriam comprometer o meu entendimento da história.
Na verdade, depois não resisti e fui pesquisar e, bujarrona é um tipo de vela, traquete é um mastro e também o nome da vela que vai neste mastro e barlavento é o lado do barco que está recebendo o vento.
Como tudo na via de Edgard Allan Poe sempre teve um que de mistério e sobrenatural, algumas coincidências que cercam este livro são um tanto bizarras.
Edgard Allan Poe se inspirou para escrever o livro em um fato real, ocorrido na região do Tamisa e o Mar do Norte, onde em 1797 ocorreu um motim na esquadra inglesa, isso em plena guerra contra a França.
Embora não tivesse participado do motim o oficial Richard Parker, muito respeitado pela sua inteligência foi levado a liderar as tropas amotinadas. Pouco tempo depois Richard Parker se mostrou autoritário e abandonado pelas suas tropas foi assassinado por ordem o rei George III.
Bem Richard Parker é um personagem do livro de Poe e sem querer estragar a leitura, ele é um dos sobreviventes do naufrágio e propõe que um dos quatro sobreviventes deveria morrer para alimentar os demais. Resolvem tirar a sorte e Richard Parker perder e sem resistência é morto pelos seus amigos e os alimenta por vários dias.
Horrível com certeza. Quando o livro foi lançado, boa parte da crítica desprezou o romance por acha-lo exagerado e absurdo.
Mais de quarenta anos depois do lançamento do livro, o navio Mignorette naufragou e quatro sobreviventes ficaram em um bote, à deriva por vários dias. Desesperados e famintos resolveram que um deveria morrer e alimentar os demais, a princípio resolveram tirar a sorte, mas como o mais novo do grupo estava doente, após beber água do mar, resolveram matá-lo. Seu nome era Richard Parker.
Richard Parker também era o nome do Tigre de “As Aventuras de Pi” e também o pai do Homem Aranha, mas aí a escolha do autor do livro também era uma homenagem à Poe, quanto ao Homem Aranha não sei.
Este romance inspirou Melville a escrever Moby Dick e Julio Verne escreveu “As Esfinges de Gelo” para homenagear Poe com uma continuação da história. Lovecraft também homenageia Poe em “Nas Montanhas da Loucura”.