Queria Estar Lendo 24/10/2016
Resenha: Cidade de Vidro
Essa resenha de Cidade de Vidro está uns cinco anos atrasadas, mas ainda assim vale a pena -- especialmente se você está pensando em pegar os livros depois de ter assistido a série Shadowhunters.
Cidade de Vidro é o terceiro volume de Os Instrumentos Mortais. Por ter sido primeiramente concebido como uma trilogia, esse livro traz um sentimento de fechamento ao fim, embora deixe algumas perguntas no ar para serem respondidas na sequência -- Cidade dos Anjos Caídos.
Aqui, Clary Fray precisa encontrar uma forma de acordar a mãe e impedir que o pai, o cruel Valentim Morgernstern, comece uma Guerra Civil no Mundo das Sombras. Usando seus poderes para viajar ilegalmente até Idris, Clary acaba descobrindo mais do que estava preparada para lidar.
O país é um lugar tipicamente caçador de sombras, com pessoas frias e sistemáticas e uma beleza perigosa, como se pertencesse a outra era. Também um lugar cheio de história e passado. Por lá ela encontra o que restou da antiga mansão Fairchild e, junto do irmão, Jace, procura respostas sobre o que o pai pretende e suas próprias origens.
"Uma pessoa pode dizer o que quiser a outra, se achar que nunca mais vai vê-la novamente."
Cidade de Vidro é, como os outros livros que encerram as séries da Cassandra Clare, uma história cheia de revelações e corridas contra o tempo. A ameaça que paira sobre o mundo das sombras pode ser pior do que eles imaginaram e somente uma liança improvável pode salvar os caçadores de sombras dos planos de Valentim -- agora que, aparentemente, ele se encontra no poder de todos os três instrumentos mortais.
Além da ação, também conhecemos mais sobre a política dos Caçadores de Sombra, especialmente com a guerra iminente. Personagens como Alec Lightwood ganham destaque, uma vez que ele é o único dos amigos com idade suficiente para se pronunciar no Gard e exigir a atenção dos adultos. Cidade de Vidro é especialmente importante para Alec, que enfrenta uma jornada de auto-conhecimento que envolve não apenas os seus sentimentos por Magnus, o Alto Feiticeiro do Brooklyn, mas também a descoberta sobre a pessoa que ele quer se tornar no futuro.
"Meu coração me diz que esse é o maior e melhor sentimento que já tive. Mas a minha mente sabe a diferença entre querer o que você não pode ter e querer o que você não deveria querer. E eu não deveria querer você."
Outro arco que ganha um twist interessante é o de Simon, que desde o momento em que se tornou um diurno -- um vampiro que pode caminhar no sol -- angaria a hostilidade de seus companheiros vampiros e transita entre o mundo dos caçadores de sombras e o humano, sem realmente se encaixar em lugar algum. O livro deixou alguns ganchos interessantes para o Simon em Cidade dos Anjos Caídos.
Cassandra Clare também proporciona que o leitor conheça um pouco mais sobre os rituais dos caçadores, como a formação do conclave, o luto e os casamentos. Além de oferecer uma solução mirabolante para os sentimentos que atormentam Jace e Clary desde o fim de Cidade dos Ossos.
"Eu amo você, e vou amar até morrer, e se houver vida depois disso, vou amar também."
Cidade de Vidro cumpre seu papel muito bem ao oferecer um desembrulhar de mistérios e também um assalto a emoção alheia. Particularmente, é um dos meus livros preferidos da série, porque quebra um pouco o drama Clace para que possamos nos concentrar em outros personagens e no desenrolar da trama.
Também é um livro que dita bastante a forma como a Cassandra virá a escrever os próximos livros e os limites que ela está disposta a cruzar -- ou não -- com a história, o que é excelente para ajustar as nossas expectativas.
Ela partiu o meu coração diversas vezes ao longo dessas páginas. Misturou tristeza e felicidade e nos deu um fim agridoce. Ela trouxe uma guerra que cobrou um preço alto para alguns e fez uma grande alegoria sobre preconceito que ecoa no nosso próprio mundo. Cassandra provou que toda fantasia pode trazer uma crítica ao mundo real sem precisar sair de seu universo próprio.
"Qual era a importância em chorar quando não havia ninguém para confortar você? E o que era pior, quando você nem mesmo podia confortar a si mesmo?"
Para quem já chegou até aqui na leitura, vai adorar o livro e o desenvolvimento das personagens e de seus arcos. Mais do que recomendo dar a sequencia na leitura.