Ludmilla Silva 28/07/2020“Posso levar muitos anos, mas estou determinado a me tornar um Jedi como meu pai”Meus livros favoritos de Star Wars são com certeza estes que se passam entre um episódio e outro da saga, pois preenchem um pouco a lacuna de tempo que existe entre eles, diminui a nossa curiosidade e esclarece pontos ou detalhes que não foram tão bem explicados nos filmes. E este livro atende a todos estes requisitos. Se passa logo após o episódio IV – entre Uma Nova Esperança e o Império Contra-Ataca – e conta a história de Luke em uma missão especial para resgatar uma criptóloga que será de grande utilidade para os objetivos da Aliança Rebelde. Luke é acompanhado pelo seu fiel parceiro R2, mas também por Nakari Kelen, a nova integrante da Aliança. É um livro bem simples, divertido e descontraído, mas com uma proposta bastante interessante e intrigante, me lembrou um pouco os arcos de “The Clone Wars”.
A primeira lacuna – dos filmes - que o livro preenche é o relacionamento do Luke com a Força. Que foi sem dúvidas uma das minhas partes favoritas da narrativa. No episódio IV é a primeira vez que Luke se torna familiar com a Força, ele treina um pouco com Obi-Wan e consegue destruir a Estrela da Morte ainda com a orientação do mesmo, o que significa que ele tem noção do que é a Força, mas não sabe a manusear/controlar muito bem. Logo no começo do episódio V, Luke é surpreendido por um Wampa e usa a força para “invocar” seu sabre de luz que está longe, e no episódio VI, Luke aparece como um Cavaleiro Jedi e com um novo Sabre de Luz. E isso traz indagações, por exemplo: “Como Luke ficou tão bom em manusear a Força quando ele era tão ruim no último filme?” Ou – “Como ele construiu este novo sabre? Onde ele aprendeu? Quem o ensinou” E estas dúvidas são comuns, a saga não vai ficar explicando cada detalhe para isso que serve o Universo Expandido.
Aqui neste livro a relação do Luke com a Força é muito bonita, começa receosa e tímida e no final se torna certa e reconfortante. Luke está sempre se indagando a respeito da Força, como ela pode o ajudar, como ele pode a utilizar melhor, como Obi-Wan utilizou a mesma para escapar dos Stormtroopers em Tatooine e etc. Uma cadeia de eventos envolvendo a Força e seu uso mais literal começa com Luke treinando o controle mental com um macarrão, ele tenta o mover com sua mente, começa o mexendo apenas um pouco, logo mexe por uma longa distância e por fim já tem controle o suficiente para mexer não só ele, mas também com o garfo. Algo bem incrível que Drusil fala para Luke durante um de seus momentos de treinamento é que ele não está movendo nada com sua mente, ele está movendo a Força que consequentemente move os objetos, então é irrelevante ele mover um objeto grande ou pequeno, pois ele não está movendo o objeto em si e sim a Força. Esta conversa faz Luke ter uma perspectiva bem diferente sobre a Força e muda seu relacionamento com ela, e é uma passagem que se assemelha bastante com os ensinamentos do Yoda: “Size matter not”. A Nakari também é uma personagem que incentiva bastante o Luke com a Força o que faz com que ele se sinta mais motivado e conectado com a mesma.
Este é um exemplo clássico e simples de um treinamento que Luke fez sozinho – sem nenhum mentor – com a Força, mas é possível perceber que ele a usa de forma inconsciente também, que ela já é quase parte dele, principalmente em batalhas e situações de perigo. Luke sempre se livra das piores situações, e em parte isso se deve a suas grandes habilidades como piloto, mas também se deve ao seu relacionamento com a Força. Algo que acontece aqui nesta história é que Luke ganha outro sabre de luz, da cor ametista – pertencente a um antigo Jedi que pereceu durante as Guerras Clônicas – e por um momento ele resolve desmontar o sabre para ver como funciona e ele até fala que gostaria de aprender melhor para um dia construir o seu próprio. Como este sabre de luz ametista nunca apareceu nos filmes antes imagino que o Luke deve ter aprendido bastante com ele, o montando e o desmontado, aprendido sobre o Saber Crystal e sobre outros componentes necessários da Força, sendo assim, presumo que este sabre o ajudou bastante quando chegou a hora dele construir o seu sabre verde para o Retorno de Jedi.
Eu amo de paixão o trio de ouro de Star Wars, isto é, Leia, Luke e Han, mas estou tão acostumada em ver os três juntos que adorei ver uma mudança de ar, de ver a história sendo focada apenas no Luke e nas novas personagens. Isso me fez concluir que Luke é um personagem tão incrível que ele tem química e boa dinâmica com várias outras pessoas ao longo da saga, o que não deixa nenhum relacionamento – no qual ele está envolvido - forçado. A companheira de viagem de Luke é Nakari Kelen, Nakari é filha de um influente magnata da biotecnologia da galáxia, mas apesar de seus privilégios ela quis se juntar a Aliança Rebelde para ajudar. E devo admitir ela é uma ótima adição para a Aliança não só pelos meus meios financeiros que ajudam a financiar algumas necessidades pontuais como também em suas habilidades incríveis como guerreira e rebelde. Ela em aparência e habilidade me lembra bastante a Shara Bey – mãe de Poe Dameron e personagem de “Império Despedaçado” - e em personalidade ela me lembra um pouco o Han Solo, devido ao senso de humor e frases atrevidas e audaciosas. Ela é uma personagem incrível e extremamente cativante e a química dela com Luke é perfeita.
Luke tem química com muitas personagens – um exemplo claro disso é com Mara Jade – mas gosto do contraste dele com a Nakari. Luke é super tímido, nervoso, inocente e péssimo em flertar enquanto Nakari é atrevida, confiante, simpática e muito boa para flertar. Eles engatam um romance divertido e breve. Em vários momentos me peguei rindo e adorando as interações entre os dois, principalmente porque o Luke era aquele meme [gay panic] todinho. Eu fiquei totalmente devastada com a morte dela no final. Eu sei que em Star Wars é comum personagens morrerem em missões, principalmente em missões para Aliança que envolve vários fatores e perigos, mas senti que a morte dela foi muito desperdiçada sabe, talvez tenha sido para chocar os leitores (?). Porque a Nakari é uma personagem incrível, você aprende a amar e a se interessar cada vez por ela, ela é uma incrível guerreira que seria uma ótima adição para Aliança e que tem um relacionamento muito bem construído com Luke, eu achei um desperdício a morte dela, pois por ela ser tão cativante eu queria ter visto mais dela, fosse em outros livros, outros quadrinhos ou quem sabe até em live action em uma destas novas séries da Disney. Luke honrou bem a morte dela e achei bonitinho que ele levou os ensinamentos dela para vida dele, mas isso poderia ter acontecido sem a sua morte. Foi um dos momentos que menos gostei do livro – e um que mais fiquei surpresa e incrédula.
Um aspecto que foi muito benéfico e incrível para mim foi o aprofundamento que o livro deu a várias espécies alienígenas, algumas que são comuns e famosas na saga outras já nem tanto. Uma das outras companheiras de viagem de Luke é Drusil Bephorin, da espécie “Gavin”. Os Gavin são uma espécie bastante intrigante, eles possuem a aparência esquelética, não expressam muitas emoções e se comunicam - muitas vezes - por meio de saudações e equações matemáticas. Alguns ainda possuem bastante facilidade com a tecnologia – como é o caso de Drusil que mesclando as equações e suas habilidades consegue ser a melhor criptóloga de toda a galáxia. O livro cita várias espécies bem famosas na saga, espécies que eu conhecia de vista, mas não fazia ideia do nome, como por exemplo os “Gothal” e os “Trandosh”. Outras duas espécies bem conhecidas da saga que receberam bastante na narrativa foram os “Rodianos” e os “Kupohanos”.
Os Rodianos aparecem bem no começo do livro – e depois no meio – e são apresentados junto com seu planeta natal “Rodia”, o livro apresenta informações bem específicas e interessantes sobre este povo e seu planeta, principalmente no que tange ao seu cheiro e comportamento. Os Kupohanos também possuem um papel importante já que são essenciais para a missão de resgate de Drusil, aqui, sobre essas espécies aprendemos mais especificamente sobre a sua aparência e habilidade, como o fato deles terem antenas que filtram conversas de longe os permitindo espionar e escutar conversas alheias com grande facilidade. Star Wars é uma saga muito rica no que tange a personagens e espécies então eu sempre adoro ver o universo expandido – seja livros ou séries – nos ensinando e nos mostrando um pouquinho mais sobre as várias espécies dos vários personagens existentes na saga.
Eu amei demais o livro. Alguns livros de Star Wars são um pouco difíceis de digerir assim logo de cara devido a complexidade da história, dos personagens e talvez até do(a) personagem principal, mas este livro é o exato oposto, eu li bem rápido devido a simplicidade e dinamicidade que a história possui. Aqui a narrativa nos apresenta um protagonista familiar e amado e personagens novos e cativantes, a narrativa é desenvolvida e enriquecida por missões de reconhecimento e resgate que são bastante comuns durante a saga e que sempre são esplendorosas e divertidas de se ler. Eu adorei ver o Luke em um ambiente diferente, com um novo grupo e adorei demais a Nakari, ela sem dúvidas entra para a minha lista de personagens favoritos (reconhecimento especial para R2-D2 que é o melhor droide de toda a galáxia e sempre deixa a história dez vezes melhor com sua ajuda e com suas reações únicas). É um livro incrível, apenas faça um favor para si mesmo e leia.