Fernanda 03/10/2011
No ensino médio, logo após ler "A moreninha" de Joaquim Manuel de Macedo, e me apaixonar pela prosa deliciosa, uma professora me indicou "A pata da gazela". Não o li naquele tempo, mas li vários livros de José de Alencar e sempre os achei doces, mas não daqueles enjoativos. A linguagem é rebuscada, mas temos que levar em consideração a época que a obra foi escrita e publicada. Porém, se engana quem acha que é uma leitura difícil. Sem falar que os termos daquela época são charmosíssimos.
Os romances de José de Alencar são simples, mas bem trabalhados.
Tive que ler "A pata da gazela" agora, pois é leitura obrigatória do vestibular aqui no Pará. E na minha humilde opinião, ler José de Alencar por "obrigação" é um presente.
Em "A pata da gazela" conhecemos Horácio de Almeida, um homem da sociedade, elegante e sagaz, que o autor chama de leão. O nosso leão já cortejou várias moças das mais diversas belezas, mas nenhuma o prendeu. Ele está fatigado com a monotonia dos seus amores.
Quando, por acaso, Horácio encontra uma botina muito pequena e delicada, ele vê um modo de sair dessa rotina sentimental.
Um pé é tudo que Horácio quer. Ele se firma encontrar a dona da botina, para apaixonar-se. Ele adora esse pezinho de anjo.
A botina que o leão encontra cai do embrulho que Amélia Sales estava esperando impacientemente, com sua amiga, Laura. Pois um moço estava namorando Amélia com os olhos, e ela já estava desconfortável.
O moço em questão é Leopoldo de Castro, homem modesto que precisava preencher o vazio melancólico do coração.
Leopoldo encantou-se com Amélia nesse primeiro encontro e ficou a sonhar com seu sorriso e sua alma luminosa. Mas no segundo encontro, ele deparou-se com um defeito terrível da amada: um aleijão.
Seu pé era horrível, pavoroso, medonho. E contrastava com a beleza angelical de Amélia.
Enquanto Horácio, ainda obcecado pelo pezinho da botina, encontra em Amélia a esperança de ter seu objeto de adoração para si.
Dei boas risadas durante a leitura e o autor brinca com nossa percepção nos surpreendendo no final.
É uma leitura deliciosa e divertida que nos mostra a diferença entre o puro e verdadeiro amor da simples atração plástica, que chega a nos confundir até hoje. Tema atual, não?! (:
Os personagens dialogam com certa altivez, e por vezes percebemos uma ironia sutil (e outras vezes nem tão sutil assim).
José de Alencar é um autor fantástico, com livros ótimos e merece ser valorizado com orgulho, por ser um dos nossos representantes mais marcantes do Romantismo no Brasil.
Essa leitura obrigatória se mostrou bastante prazerosa.
Recomendo!
Beijos:*