O Salto do Guepardo

O Salto do Guepardo Munique Duarte




Resenhas - O Salto do Guepardo


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Silvana 29/10/2016

"Na metrópole ninguém percebe quando alguém está aflito ou perdido. Soraia era um ponto invisível na multidão. Um ponto bege, amorfo. Engolida pelos prédios, fumaça e transito barulhento. Ninguém pararia para olhá-la em meio a tantos compromissos na agenda."

A resenha de hoje vai ser um pouco diferente das que eu estou acostumada a fazer. Porque o livro é muito diferente dos que eu estou acostumada a ler. Sou uma pessoa muito avessa a mudanças e raramente gosto de sair da minha zona de conforto e isso aconteceu com esse livro. Ele é bem fora da minha zona de conforto e do que eu estou acostumada a ler. Eu sou daquelas pessoas que quando pega o livro na mão, leio tudo o que está escrito na capa, contracapa, orelhas e foi assim que descobri que o livro era bem diferente do que eu sempre leio. Não sabia disso antes porque não encontrei nenhuma resenha dele para dar aquela conferida.

Na orelha do livro tem algumas palavras do Sergio Abranches e lá ele diz sobre a narrativa da Munique oscilar entre o ríspido e o poético e uma narrativa que vai da crueza ao onírico. Já contei aqui para vocês em uma outra resenha que não sou muito fã de narrativa poética, por isso achei a leitura um pouco mais dificil. Mesmo o livro tendo menos de 100 páginas e as letras sendo bem grandes, demorei para ler. E outra coisa que me incomodou logo de cara foi a falta dos diálogos. Não tem eles na história.

Soraia, uma das protagonistas está fugindo do Guepardo, ou seja de um homem que num primeiro momento não sabemos quem é. Num primeiro instante achei que ela fosse a esposa do guepardo, e depois empregada, já que a ela estava fugindo por algum motivo relacionado a limpeza da casa, especificamente do banheiro e da mancha na banheira e por algo muito ruim ter acontecido devido a insatisfação do guepardo com seu trabalho. Ela sai perdida no meio da grande metrópole, mas tem que voltar, já que lá está todo o dinheiro que ela tem para conseguir sobreviver.

"Um trovão enorme, emfim, rompeu naquela noite. Um trovão que sangrou na alma da florzinha do interior. Dali em diante, os pássaros não cantariam mais do lado de fora. A jaula ficou pequena, muda e oca. Chuva seca, doída. Guepardos dão saltos certeiros. E não deixam explicações após o sangue."

O livro é intenso. Só vamos descobrindo as coisas conforme vamos lendo, é então que entendemos o que realmente está acontecendo e qual é a relação dos personagens. Confesso que foi uma surpresa quando descobri quem era quem. Não vou falar muito sobre os personagens para não soltar spoilers, porque as personalidades deles só são realmente reveladas quando a gente entende toda a história. Uma coisa que chamou muito a minha atenção foi um dos assuntos abordados pela autora, e que me deixou pensando na questão, até onde o amor e a atenção dos pais durante a infância influenciam o adulto que ela será? Mas também não posso me alongar para não soltar spoilers. Bom, a minha experiencia com o livro foi bem positiva, apesar de num primeiro momento eu estar com um pé atras com o livro. Por isso recomendo a leitura. Se você gosta do estilo, se jogue, se você for como eu, dê uma chance ao livro.


site: http://blogprefacio.blogspot.com.br/2016/09/resenha-o-salto-do-guepardo-munique.html
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Aline 07/09/2016

O salto do guepardo!!!!

Já conclui a leitura a algum tempo mas só agora consegui compartilhar minhas impressões com vocês, espero que gostem e fiquem curiosos para ler O salto do Guepardo. Confesso que quando o recebi e pude ver sua capa de perto acabei associando com uma Distopia, fiz algumas teorias sobre o enredo, já que tanto a sinopse quanto uma resenha que li sobre ele não entregaram nenhum detalhe que pudesse me prevenir sobre o que eu encontraria. Acredito que esse livro pode ser considerado um suspense psicológico (caso eu esteja equivocada me desculpem) falo isso porque senti um mistério no início, uma tensão e depois que tudo ficou mais claro pude refletir sobre a crueldade e maldade humana.

A narrativa é em terceira pessoa e a ausência de diálogos deixa o início da história um pouco confusa, já que ainda estamos sendo apresentados aos personagens e aos cenários. Confesso que se não fosse minha curiosidade em entender a mensagem que a autora queria transmitir com sua obra e as poucas páginas, 96 no total não sei se teria continuado a leitura, mas ainda bem que continuei porque do meio para o fim o enredo fica eletrizante e não consegui largar até finalizar.

Gosto quando o livro me conquista logo nas primeiras páginas, mas em O salto do guepardo essa conquista acabou acontecendo aos poucos a medida que eu ia entendendo o porquê do jeito de ser e agir dos personagens. Além disso achei muito válida a reflexão sobre a maldade humana e sobre a forma como cada pessoa reage a ela, alguns ficam acuados e sem reação e outros ficam mais agressivos e muitas vezes descontam suas frustrações em pessoas que não tem nada a ver.

O final para mim foi satisfatória e gratificante porque deixou a mensagem de que apesar de todo mal que existe no mundo não devemos mudar quem somos, nem suprimir a inocência e bondade para "vencer essa batalha", devemos sim ser bons porque colheremos bons frutos e se passarmos por momentos de dificuldades é porque precisamos nos fortalecer para no futuro valorizar as conquistas que estão por vir. Além de lembrar que o mundo é composto de pessoas boas e ruins, não podemos apenas viver com medo das ruins.

Enfim aconselho que todos que forem ler O Salto do Guepardo leiam com atenção e determinação para não perder os detalhes e mensagens que a autora transmite em sua história. Aconselho a não desistir por que vale a pena concluir a leitura. Essa é daquelas leitura que mesmo depois de tempos lida você ficará refletindo sobre o que foi abordado na história. Fica a dica de mais uma leitura nacional interessante

site: http://leiturasvidaepaixoes.blogspot.com.br/2016/09/o-salto-do-guepardo-munique-duarte.html
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@retratodaleitora 09/01/2016

Intenso
"A cada ação, uma pequena reação. Às vezes era instinto mesmo: de gata siamesa esquálida e abandonada. Tanto que não suportou o pulo do guepardo. Tão mole e inocente. (...) Achava-se miúda na multidão. Achava-se imensa na desgraça."

Soraia está fugindo. Uma mulher simples e abalada andando sem rumo na cidade grande. Ela escapara do salto do guepardo. No chão brilhante - devido às horas que passou esfregando-o - ela viu a verdadeira face do animal, que já não merece ser chamado homem. O apartamento limpo, brilhante e cheiroso que ela fora contratada para limpar, agora é cenário de crueldade; do horrível salto que a pegou de surpresa e a deixou desnorteada. Ela vagueia por ruas e mais ruas, mas nada sabe sobre a cidade e menos ainda como voltar pra sua casa, no interior. Seu dinheiro está no apartamento. Teria ela a coragem necessária para pegá-lo?

Como um fantasma ela vaga sem rumo pelas ruas amontoadas de pessoas desconhecidas e ignorantes de sua situação delicada. Ela foi marcada. Agora possui uma mancha tão conhecida em si mesma. Igualmente difícil de ser retirada.

A cada esquina, rua ou quarteirão, a sombra do que lhe aconteceu a persegue. Pesadelos horríveis a lembram do fatídico momento em que perdeu sua inocência, sua vida, seus sonhos e suas emoções no chão daquele apartamento, cenário da barbaridade do guepardo.



Sabe aqueles sonhos esquisitos que às vezes temos e sobre os quais não conseguimos explicar? Sonhos onde estamos fugindo de alguma coisa, mas não sabemos ao certo de quê ou de quem? E quando esse sonho muda, abruptamente, e agora estamos na visão do perseguidor? Já sonhei com isso. E foi assim que me senti realizando essa leitura: em um grande sonho esquisito e inenarrável.

Infelizmente, para nossa protagonista, não é apenas um sonho.

Já começamos a leitura acompanhando fuga de Soraia, mas sem saber o que lhe aconteceu e o porquê da situação. São várias as "peças" que a autora distribui em todo o livro para que possamos juntá-las e assim descobrirmos o que aconteceu à Soraia.

Algo que fica logo aparente é a falta de diálogos e, com isso, a leitura se torna um pouco mais densa e demorada que o normal. A escrita da autora é bem detalhada e possui ainda alguma simbologia, como usar o guepardo ao se referir ao vilão da estória e também a "mexeriqueira" ou "mexericas" que é um termo usado por alguns personagens em tom de melancolia, raiva, e lembranças da infância. Mas sobre isso ficamos entendidos durante a leitura, também.

"Dentro da jaula, o guepardo não era mais um felino sagaz. Sentia-se sem forças, confuso. (...) Era um homem com segredos e rastros. De guepardo a frango amedrontado."

Por ser um livro muito curto, com suas 100 páginas, são poucos os personagens. Mas, ainda assim, a autora consegue montar um elenco de dar inveja a muitos livros "grandes". Cada um tem suas características muito bem exploradas e narradas.

O livro é narrado em terceira pessoa, temos tanto a visão de Soraia quanto a visão do Guepardo, ou do homem que lhe machucou. Durante a trama, ele procura outra vítima.

Em seu primeiro romance publicado, Munique aborda temas como a violência, abuso físico e psicológico e manipulação direta ou indireta, além do machismo. Tudo de forma por vezes muito crua, e por vezes até poética. Como eu disse, parece um sonho estranho, e não existe quase linearidade em sonhos assim.



Munique Duarte deu um show de simplicidade em ''O Salto do Guepardo'', mostrando que o pouco é mais quando bem desenvolvido. Além de surpreender o leitor com os saltos dos personagens durante o enredo. A personagem principal, Soraia, chegou a me lembrar a inesquecível Macabéa, de A Hora da Estrela, e esse é um senhor elogio.

site: http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/12/resenha-o-salto-do-guepardo.html#comment-form
Aline 07/09/2016minha estante
Também lembrei de Macabéa, mas ainda bem que seu final foi diferente e a mensagem do livro também.




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