spoiler visualizarrespira.libros 27/11/2021
Ser primeiro pessoa, e não gênero
Uma das coisas mais interessantes que esse livro faz é contar toda a história de Riley sem expor o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Nas primeiras páginas, nosso cérebro, acostumado com a pressão da binariedade, fica tentando observar e descobrir o sexo biológico de Riley, quase atrapalhando o ritmo de leitura. Crescemos e nos acostumamos a categorizar as pessoas por aquilo que elas têm no meio das pernas (por mais sinistro que isso seja, se você parar para refletir), e isso demonstra que primeiro estabelecemos um rótulo para só depois, quem sabe, conhecer as pessoas por quem realmente são.
A boa notícia é que, após alguns capítulos, acompanhar Riley já não demanda mais responder essa dúvida, mostrando que é apenas uma questão de desaprender uma postura que nos limita. Espero que esse exercício possa ser feito por cada vez mais gente, para que um dia ninguém mais precise lutar para derrubar barreiras e limites impostos por outros - sobre sua sexualidade, seu gênero e sua expressão, entre tantas outras coisas.