Helder 20/03/2017Vale a pena ler os 13 porquês?Resolvi ler este livro ao ver que virou um seriado que estreia este mês no Netflix, mas não foi uma boa experiência e tenho dúvidas se verei o seriado. Muitos acham o livro difícil por considerarem o tema pesado. Eu o achei quase superficial. Existem livros cujo público alvo possuem idade definida. Este é um exemplo. Além disso, o livro não é nenhuma grande obra literária. A redação era para ser original, mas é bem confusa, e para piorar a versão digital que li é péssima, cheia de erros ortográficos e com erros na mudança da fonte, essenciais para o entendimento do livro, já que às vezes eu não sabia se quem estava falando algo era Clay ou Hanna.
Mas o problema aqui não é a “qualidade” da literatura ou da edição, mas simplesmente a história não me pegou e isso acendeu um ponto de alerta em mim, pois querendo ou não, o tema do livro é algo muito relevante: Suicídio na adolescência.
Já passei dos 40, então eu só consegui enxergar Hanna como uma rebelde sem causa, chata e sem amor próprio. Os 13 motivos citados são extremamente simplórios. O amadurecimento trazido pelo tempo e com a idade, faz a gente perceber que tem coisa muito mais importante na vida, boas ou ruins, do que o que alguém pensa sobre nós. Deixamos de precisar tanto de autoafirmação e aprovação a todo momento. O tempo nos ensina a ligar o Foda-se! Ai, ao me deparar com uma jovem precisando tanto disso a ponto de me irritar, penso: Como uma pessoa pode ser tão fraca?
Mas então paro e penso: Será que quando adolescente eu não fui assim? O tempo passa e certas lembranças vão se apagando de nossas cabeças, e no fim isto é ruim, pois o melhor que o tempo nos traz, é a experiência de vida adquirida com sucessos e tombos e devemos lutar para não as apagar e sermos sempre capazes de calçar o sapato de outro e relembrar como ele se encaixou em nosso pé quando convivíamos com uma realidade como aquela que hoje nos parece tão absurda. A vida é um ciclo, e com certeza já passamos por algo parecido algum dia.
O livro tem dois narradores: Clay, um bom menino que recebe uma caixa com 7 fitas cassete de Hanna, garota por quem ele tinha uma grande queda. E Hanna, que se matou e agora conta o motivo através destas 7 fitas, com 13 partes, onde conta o que e quem a levou a tomar esta decisão tão dura. Diferente de outros livros onde os autores intercalam capítulos, aqui Clay e Hanna vão contando a história simultaneamente, sendo diferenciados pelo autor somente na fonte do texto.
Desta maneira, é como se ouvíssemos as fitas junto com Clay e ainda tivéssemos o seu ponto de vista do que realmente aconteceu em cada um dos supostos 13 motivos que levaram Hanna a acabar com sua vida.
Ao fim do livro, eu, em meus 44 anos não encontrei nenhum “porquê” para ela ter se matado. Desculpem minha insensibilidade, mas como disse, isso me trouxe um sinal de alerta, já que este livro apresenta uma alta avaliação aqui no skoob e vejo resenhas que realmente se envolveram com a personagem. Serei um ET insensível?
Acho que não. O ensinamento que este livro me trouxe é que preciso estar de olhos abertos e perceber o que falta para meus filhos, e que isso não é fácil. O ser humano julga rápido e assume que sabe o que é certo e errado, e quanto mais velhos ficamos, mais fazemos estes pré-julgamentos, que na verdade só nos cegam em nossas certezas. O que é difícil para mim, pode ser tranquilo para meu vizinho. O que pesa no ombro de uma criança, pode ter o peso de uma pena para um adulto.
Liguemos nosso radar e estejamos atentos à pedidos de socorro, e saibamos que “existem razoes que a própria razão desconhece”.
Que possamos diminuir nossos pré-julgamentos e aumentar nossa ligação com aqueles que nos cercam.
Vou dar uma chance ao seriado, mas com baixa expectativa. E se você já passou dos 30, recomendo que faça o mesmo e leia outros livros mais interessantes.