Gabi Dal-Bó 02/09/2020
Férias - Marian Keyes
Em Férias conhecemos Rachel Walsh, uma garota Irlandesa de 27 anos que mora em Nova York e é toxicômana. Depois de uma overdose por uso excessivo de substâncias químicas, ela volta para sua cidade natal e é internada pela família em um centro de reabilitação para dependentes - o Claustro. Rachel recusa-se a acreditar na sua condição e só não cria objeções, pois acredita que o centro é uma especie de Spa onde ela poderá tirar uma “mini” férias (daí o nome do livro). Ao longo da história, acompanhamos o tratamento da garota e flashbacks de sua vida, além de conhecermos também outros pacientes do Claustro.
Apesar da leitura do livro ser um pouco lenta, a escrita da Marian Keyes é tão impecável, que faz com que a gente se sinta como um familiar da personagem que está passando tudo aquilo com ela, além de apresentar com clareza todo o processo do tratamento de um toxicômano, nos mostrando como o vicio é uma doença e que ninguém escolhe estar nessa situação. Cada um tem suas batalhas e a dor do outro, por mais pequena que pareça para você, deve ser respeitada.
Um cuidado que vale ter durante a leitura, é entender que tudo é visto sob a perspectiva da Rachel, ou seja, coisas problemáticas são banalizadas pela personagem, cabendo ao leitor pegar nas entrelinhas as consequências das suas escolhas.
Um personagem que não posso deixar de comentar é o Luke, que pessoa incrível, fiquei chateada de não acompanhar mais o relacionamento deles e o conhecer melhor. Muito amorzinho!
Enfim, recomendo muito o livro!
TRECHOS DO LIVRO
"Esse era o grande barato da cocaína. Sempre acontecia alguma coisa maravilhosa quando a gente cheirava. Ou conhecia um homem, ou ia à festa de alguém, ou alguma outra coisa. A coca impulsionava a minha vida. E, quanto mais eu cheirava, mais excitantes os resultados." (págs. 239 e 240)
"Sempre detestei ouvir o que as pessoas pensavam de mim. Minha vida inteira fora uma tentativa de fazer com que as pessoas gostassem de mim, e era difícil ouvir a extensão do meu fracasso." (pág. 384)
"Não passava mais o tempo todo me consumindo de preocupação, pensando em quando teria outra oportunidade de me drogar, ou onde conseguiria a droga, ou com quem. Não levava mais uma existência pautada numa sucessão de mentiras. As drogas haviam erguido uma muralha entre mim e os outros — uma muralha não apenas química, mas composta por um misto de clandestinidade, desconfiança e mau-caratismo. Pelo menos, agora, quando eu estava com as pessoas, podia olhar nos seus olhos, pois, ao contrário do que acontecera no ano anterior com Brigit, eu não tinha mais nada a esconder."(pág. 517)
"Já provamos e passamos por tanto, amada, atravessando uma fenda tão larga, que nada nos surpreende mais."(pág. 518)
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