Clarice 28/01/2018
Adeus, Férias!
A inclusão deste livro na minha estante data de 2013 quando eu comprei empolgadíssima para começar a lê-lo após terminar a leitura de Melancia, minha primeira incursão em Marian Keyes. Como li várias resenhas dele por aqui e assisti também a muitos vídeos no Youtube achei que já sabia o bastante sobre ele e, cheguei a pensar que não o leria mais e aos poucos ficou esquecido e empoeirado.
Pois bem, nunca um livro foi lido em tão certo momento da vida de alguém como Férias foi por mim. Eu acabara de sair de um relacionamento onde um dos motivos era não aguentar mais o uso de cocaína pela minha ex-namorada e todas as omissões, mentiras e brigas que desencadeavam disso assim, lembrei algumas coisas que havia visto por aqui sobre a personagem principal. Lembrava da narrativa em primeira pessoa, lembrava que alguém havia escrito que demorou pra acreditar que, de fato, Rachel era uma toxicômana e, que alguém já a descreveu como a vilã da narrativa. Fui impulsionada a viver meus primeiros dias de drama/fossa/sofrimento acompanhada de Rachel – pra tentar aliviar a saudade da ‘minha Rachel’ (quem sabe?).
Aconteceu que fui imediatamente tragada por Rachel, demorei mais de trezentas páginas para começar a desconfiar que ela tinha, realmente, um problema com drogas, fui enganada por ela enquanto me divertia com a leveza da escrita da autora e com o senso de humor dessa vilã (sim!) muito parecido com o meu. Suas descrições a respeito dos colegas do Claustro, a comovente história de Neil e de Chaquie, as reuniões com a psicoterapeuta... Eu me sentia do lado de Rachel todo esse tempo e, confiava nela.
Eu já tinha até esquecido a minha própria realidade quando fui arrebatada pra ela durante o depoimento de Luke, o ex-namorado de Rachel , em uma reunião no Claustro. Eu o entendia como ninguém, eu sentia a dor dele de tão palpável que ela era, as mágoas dele caminhavam dentro da minha casa ao meu lado porque eram minhas também. Essas partes poderiam ter sido escritas por mim!
Bom, não falei quase do enredo, mas recomendo que se você tiver esse livro por aí que dê uma chance a ele, mesmo que não sinta nenhuma identificação com Rachel ou Luke poderá se surpreender com a variedade de personagens que existe aqui. Se já leu alguma outra coisa da Marian Keys e gostou, vai reencontrar o humor humanamente apurado com que ela escreve e talvez, algumas personagens de outros livros da autora.
Ah! Vou sentir saudades da Rachel, quem dera que todo mundo amadurecesse e buscasse reparar os erros como ela. :'((((