Nat 25/07/2023A história tem dois lados. Essa é uma frase muito comum de se ouvir. Só que eu acho que deveriam dizer: a história tem vários lados e esse livro é uma prova disso. Não é errado dizer que sobre a história da Rússia dois assuntos sempre são muito discutidos: a Revolução russa e a queda dos Romanov. Dois pontos de vista sobre o mesmo período histórico. Mas como a história não tem só dois lados, esse assunto já foi abordado por várias perspectivas: a do romance entre Nicolau e Alexandra (o livro do Massie é uma maravilha), a do assassinato dos Romanov e a discussão sobre o reconhecimento dos corpos (também outra obra-prima de Massie), e agora esse, sobre as filhas do último czar.
"Elas são quatro garotinhas. São espertas, inteligentes, mas ninguém na Rússia as quer, com exceção de seus pais."
Esse é um ótimo trecho que define muito bem a situação de Olga, Tatiana, Maria e Anastácia. Muito amadas pelos pais, isso é fato, mas sempre deixadas de lado em prol de Alexei, o tão esperado herdeiro para o trono imperial. Tanto que Olga, a mais velha, só é considerada para assumir o governo em último caso, quando Nicolau já não tinha mais esperança de ter o filho homem. E depois, quando a saúde de Alexei se revela frágil e consideram Olga no caso de uma possível regência em nome do irmão.
A narrativa de Helen sobre a vida das irmãs, desde o nascimento de Olga até a morte de todas prende a atenção. Eu gostei muito do fato da autora se focar bastante nos menores detalhes das vidas das irmãs, desde seus primeiros aprendizados, passando por gostos particulares e os possíveis interesses amorosos. Um tópico que eu gostaria que tivesse sido mais discutido diz respeito a opinião pública sobre as irmãs, coisa que ainda não havia lido, já que as pessoas tendem a se focar em Alexei e a hemofilia. Uma das melhores leituras do ano.
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