Uma história de solidão

Uma história de solidão John Boyne




Resenhas - Uma História de Solidão


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Leila 23/04/2024

A leitura de Uma História de Solidão de John Boyne, foi uma jornada intensa e perturbadora que me deixou imersa em reflexões profundas sobre os temas abordados. O livro apresenta um retrato corajoso e espinhoso da vida de Odran Yates, um homem moldado pela rígida sociedade católica da Irlanda dos anos 1950.
Desde o início, somos levados a conhecer a vida de Odran, um jovem tímido em um ambiente familiar disfuncional, onde a religião parece ser o único refúgio possível. A trajetória de Odran é marcada por uma série de eventos que revelam as contradições e as sombras por trás da fachada de moralidade e virtude da Igreja.
O autor não hesita em expor as manipulações e os abusos presentes na estrutura eclesiástica, especialmente os relacionados aos escândalos de abuso sexual. Através dos olhos de Odran, somos confrontados com a podridão que permeia a instituição religiosa, uma realidade que muitas vezes é encoberta em nome da fé e da moralidade.
A leitura foi, sem dúvida, indigesta, mas ao mesmo tempo necessária. A coragem de Boyne em retratar tão explicitamente essas questões é admirável, pois nos confronta com uma realidade que muitas vezes preferimos ignorar. É um lembrete doloroso de que nem sempre as instituições religiosas são sinônimo de bondade e retidão, e que é crucial questionar e desafiar as estruturas de poder que perpetuam o sofrimento e a injustiça. Fica aqui meu alerta para os "muito sensíveis" ao assunto, porque com certeza tem relatos bem chocantes e que podem causar nojo ao mais forte dos fiéis.
Enfim, o livro é mais do que uma simples narrativa sobre a vida de um homem. É um poderoso testemunho sobre a fragilidade da fé, a complexidade da moralidade e a necessidade urgente de enfrentarmos as verdades desconfortáveis que muitas vezes preferimos evitar. Eu gostei demais da leitura e confesso que até chorei, rs, algo que não me acontecia já há algum tempo.
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Jardim de histórias 02/04/2024

"O sentimento de culpa é uma noite escura em pleno dia"
Até que ponto, o desejo de uns pode ser transferido para outros? Aquilo que não consigo realizar em mim, pode ser imputado a terceiros? No início Odran aceitou se tornar padre, mais por imposição de sua mãe, do que por vocação, porém, conforme a maturidade e seus desenvolvimentos emocionais, vem também, seus conflitos e questionamentos sobre suas escolhas, diante de um cenário repleto de possibilidades, permeado de sexualidade, homofobia, pedofilia, culpa e crise existencial, onde, o local mais indicado para buscar o refúgio necessário é em nos mesmos, cercados em nossa consciência.

O autor traz um olhar perturbador da imposição católica inserido em um contexto preconceituoso. Ao contrário das tradições litúrgicas que conhecemos, principalmente quando analisado do nosso ponto de vista contemporâneo e não histórico, temos um entendimento de uma igreja católica e sua influência social cultural, dentro de um estado laico, fazendo com que seus aspectos, sejam mais brandos. Totalmente diferente da influência católica no período colonial e também em países cuja o estado é considerado católico, onde o domínio se torna mais evidente. E é nesse universo que John Boyne, nos introduz essa história tensa, porém escrita sob a ótica inocente, com certo ar de apatia pelo protagonista Odran, que será responsável pela narrativa da história, como também manter o clímax nebuloso que envolve o tema. Nesse cenário, não há brandura, muito pelo contrário, o que existe é um domínio social composto por uma hipocrisia deslavada, quase que caricata, mas ao pesquisar, pude perceber que o Boyne não exagerou, descreveu como um grito preso na garganta, esse domínio clerical recheado de escândalos encobertos, preconconceitos e conceitos, atitudes machistas e homofóbicas, homofobia essa que era sistematicamente utilizada para classificar e desclassificar situações e pessoas, mas também, para criar uma cortina de fumaça espessa o suficiente para esconder escândalos atribuídos a igreja. Outro escândalo, citado no livro, que funciona como fio condutor é o da pedofilia e o incansável trabalho de bastidor que a cúpula da igreja realiza para desviar os holofotes. O autor, sabiamente, dará voz às vítimas, mostrando o drama dos jovens e familiares que sofrem às consequências da importunação e os bons padres que sofrem e se veem em um contexto generalizado e tem uma vida manchada pelo seus colegas.
O livro é um drama muito bem construído, embora não linear, mas muito bem conectado, que abordará lembranças da infância ao amadurecimento de Odran, que criado em um lar conservador aos moldes católicos irlandeses, devido à sua criação tolhida, ele foi por decisão de sua mãe, devido ela acreditar que ele tinha vocação para ser padre, sendo assim, conduzido aos ensinamentos religiosos em um seminário. Agora, se engana quem pense que estamos diante de uma obra repleta de estoicismo ou resiliência, John Boyne, aproveitará esse contexto para trazer os conflitos ideológicos e o efeito de ter o dedo direto na ferida, ficando muito claro, que a história, não é somente um drama de uma pessoa que é fruto de uma tragédia familiar, que fora moldado na tentativa de reestruturação, embora esse seja o enredo. O drama é sobre os muros que criamos ou permitimos, que nos envolve e nos garante o conforto necessário para se esconder em nós mesmos, neste caso, a solidão, não nos torna a nossa melhor companhia, mas nosso refúgio.

Um livro de fácil conexão, leitura prazerosa, rápida e que dá vontade de avançar a cada capítulo, os personagens principais são de certa forma marcantes, tem muito DNA de John Boyne, para quem acompanha o autor conhecendo suas obras maravilhosas, sabe muito bem no que me refiro.
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Rony 19/02/2024

Jornada bem amarrada
Desde a primeira linha deu para perceber o quão pessoal este livro era para o autor, mas foi só após terminá-lo que assisti uma entrevista na qual Boyne comenta que esta é a primeira vez que situa uma história na Irlanda e lida com uma realidade muito presente em sua vida.

Ciente de todo ressentimento guardado pelo que viveu, fico ainda mais surpreso com o discernimento e empatia com o qual imbuiu sua narrativa, qualidade necessária a qualquer história bem contada. Sem recorrer a maniqueísmos ou justificar comportamentos, Boyne escancara como a organização estrutural da instituição da Igreja Católica rouba tantas pessoas de suas próprias histórias.

O passeio pela vida do protagonista fora da ordem cronológica garante um bom fluxo narrativo, além da maioria dos capítulos ganharem força em seus contrastes evidenciados na passagem do tempo como também por trazerem uma anedota forte que se conecta tematicamente ao assunto abordado.
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PandaLoveBooks 06/11/2023

Talvez, uma vida normal seria melhor
"? Você tem uma vocação, Odran ? ela me informou. ? Você tem uma vocação para ser padre.
E pensei que, se ela afirmava aquilo, devia estar certa. Pois afinal fui criado assim, não é? Para acreditar em tudo que minha mãe dizia?"


Nesse livro, vamos conhecer Odran, um menino que nasceu na Irlanda dos anos de 1950. Ele tinha uma família perturbada, mas devota a religião católica, mas quem não era nessa época?

Sendo persuadido por sua mãe, Odran seguirá o caminho de virar padre e será um caminho sombrio. Uma decisão que fará ele ter uma vida de solidão, renúncias e escolhas.

Assim a vida do Odran caminhará para um seminário, onde acaba dividindo o quarto com Tom Cardle e serão amigos por anos.

No final das contas, Odran viu que essa vida era para ele e aceitou seu destino. Mas será que ele verá a verdade das coisas?

Quando peguei esse livro, seria uma leitura para me distrair e tentar sair de uma ressaca literaria. Esse livro me fez enlouquecer, surtar de raiva e tristeza ao mesmo tempo.

O livro conta a história de Odran em diversos tempos de vida diferente e assim acabamos sabendo de tudo sobre ele e sua vida como padre.

Teve momentos que autor simplesmente me fazia paralisar com tantas coisas acontecendo e eu tendo que processar tudo rapidamente. O autor faz a gente refletir sobre muita coisa, que talvez anos atrás eram coisas que eram comuns ou aceitáveis. Será que ainda é? Fico pensando nisso.

Gostei da forma como o autor soube desenvolver a história, o assunto e ainda escrever sobre certas coisas que aconteceram/acontecem nas igrejas católicas até hoje. Chorei tanto, porque mesmo ele não colocando todas as palavras, eu já podia sentir e entender o que poderia estar acontecendo no livro.

O final do livro realmente me pegou de um jeito, eu até pensava e tentava não aceitar isso. Mas aconteceu, chorei, chorei e chorei.

Eu realmente gostei desse livro, mesmo não sendo um livro comum que eu vá gosta ou me interessa. Fiquei encantada com a escrita do autor, esse é o primeiro livro que leio dele e gostei bastante.

+++

Comentários extras:

Fiquei bastante reflexiva com certos acontecimentos na vida de Odran, infelizmente ele passou muita coisa por culpa de certas pessoas e infelizmente isso ainda existe na vida real

Achei muito interessante que o autor trouxe um assunto que nunca tinha visto ser citado nos livros e achei que ele escreveu bem a realidade das coisas.

Não acho que Odran seja uma pessoa ruim, um pouco ingênuo talvez? Ou não queria aceitar a realidade? Mas, uma coisa que sei, é que ele nunca deixaria acontecer uma coisa ruim, só por acontecer.

Eu posso estar errada, mas eu tenho uma opinião que talvez Odran não queria ser padre, que isso foi 100% decisão de sua mãe. Talvez, se Odran não tivesse se tornado um padre, ele não estaria nessa solidão no final.
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Kabrine 09/03/2023

"A vida é fácil de narrar, mas atordoante de se praticar" E. M. Forster
Odran é o narrador dessa história, em que o título exemplifica muito da forma como ele vive sua vida.
Após, uma tragédia na família sua mãe decide que ele tem vocação para ser seminarista, fato este que o garoto com 12 anos aceita sem questionar.
Lá ele conhece Tom, que diferente dele foi obrigado a ser seminarista e tem verdadeiro despeito pelas regras e desinteresse total pelo que iria aprender. E uma improvável amizade advinda dos dois enquanto colegas de quarto e que perdura por muito tempo.
Até que Odran descobre um fato e o livro nos faz questionar sobre as atitudes que tomamos diante de situações complicadas.
E da relação superficial que Odran tinha com seu amigo.
É mais um livro incrível desse autor que eu gosto muito. Cheio de nuances e que te faz pensar muito sobre como é atordoante viver.
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APaula.Maia 31/01/2023

Nessa história teremos Odran Yates como narrador de sua própria vida e das pessoas que o cercam. Um garoto nascido na Irlanda dos anos 1950 pertencente a um lar disfuncional, que se tornou sufocante após uma tragédia familiar, Odran obedece à mãe e vai estudar em um seminário, onde conhece Tom Cardle, de quem se torna amigo.

O país com sua uma longa tradição católica, e as leis da Igreja moldavam a sociedade com rigor claustrofóbico. Através dessa imposição da Igreja Católica acompanhamos algumas de suas histórias, dramas, questionamentos ou a falta deles.

É uma leitura pesada, intensa que nos mostra uma realidade crua e muito dolorida que sabemos que existia com muita força em todo o mundo, não somente na Irlanda, e que infelizmente ainda não foi disseminada.

Um livro que recomendo a todos que conseguem ler sem ter dificuldades com os gatilhos que a história contém (que são muitos e pesados).
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César 29/01/2023

A vida é fácil de narrar, mas atordoante de se praticar.
O livro tem como personagem central Odran Yates, e suas memórias. Vindo de uma família bastante desestruturada, após uma reviravolta trágica sua mãe decide que ele deverá seguir o caminho do sacerdócio, destino que Odran acata sem resistência. É no seminário que conhece Tom Cardle, com quem divide o quarto. Os dois pouco têm em comum, sendo Tom um rapaz rebelde e que despreza as regras impostas pela religião, enquanto Odran acredita ter vocação, é obediente e disciplinado. Em que pese as acentuadas diferenças entre os dois, a amizade perdura por décadas a fio, até determinado acontecimento vir a tona.

O livro retrata em diferentes anos momentos da vida de Odran, e da sociedade irlandesa. Percebemos a grande influência que a Igreja exercia no país no século XX, que praticamente moldava o comportamento das pessoas e as decisões que tomavam em suas vidas, e como esse prestígio vai se degradando conforme as décadas mais recentes, após inúmeras denúncias e escândalos envolvendo padres, e a postura omissa e conivente das autoridades religiosas perante esses abusos.

"Uma história de solidão" traz bastante reflexões sobre o modo como as pessoas se posicionam quando se deparam diante de uma injustiça ou violência. Afinal, a omissão pode ser vista como cumplicidade, ainda que o omisso reprove os atos.
Regis 17/02/2023minha estante
Adorei sua resenha! ?


César 18/02/2023minha estante
Obrigado :)




Diego Vertu @outro_livro_lido 29/01/2023

Crítica à igreja católica
O livro conta a história do Padre Odran Yates, nascido na Irlanda nos anos 50, Odran teve que lidar com uma tragédia familiar ainda na infância, a partir disso sua mãe faz com que ele entre no seminário dizendo que tem vocação para ser padre. No seminário Yates conhece Tom Cardle, que se tornaria um de seus melhores amigos. Ja adulto e padre Yates vai contando sua relação com a irmã Hannah e os sobrinhos Jonas e Aidan que também tiveram uma tragédia familiar, enquanto isso Tom começa a ser mudado de várias paróquias, até que estoura um escândalo que choca toda a sociedade irlandesa.
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É um livro que tem vários gatilhos, temas pesados mas que o autor aprofunda muito bem. É interessante ver essa relação da sociedade irlandesa com a igreja católica que o autor faz uma excelente crítica sobre o avanço cego da religião. As questões familiares também entram em pauta nesse livro retratando 4 gerações num intervalo de aproximadamente 60 anos. Os capítulos de forma não- cronológica é interessante também a leitura se torna um quebra-cabeças onde as partes vão se encaixando certinha. Enfim, gostei muito dessa leitura profunda e bem escrita mas recomendo que esteja em um período bom, pois os gatilhos podem trazer desconforto aos leitores.
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Dadá 24/01/2023

Difícil, doloroso de ler, mas necessário
Sinceramente? Esse livro é cheio de gatilhos. Se é um tema sensível para você, não leia. Se não for, perceberá que a escrita de John Boyne é incrível (ou continua, caso já tenha lido outro livro dele). Perceberá também que John trabalhou muito bem para escrever esse livro. Percebemos que ele pesquisou e foi a fundo. Fico imaginando se não foi difícil emocionalmente também para ele escrever esse livro. O resumo do livro vocês encontram na sinopse e sobre isso eu não tenho mais a acrescentar. No mais, é um livro tão bem escrito que chego a acreditar que é real (sei que não é). E faz a sociedade como um todo, não só na Irlanda, questionar o poder da igreja católica e seu silêncio e acobertamento de tantos casos.
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Deja 20/01/2023

Crença Cega
No início do livro fiquei emocionada, no decorrer da história Odran despertar em mim sentimentos diversos entre a raiva e a proteção... As memórias do Odran são carregadas de culpa pela sua fé cega na instituição.
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Manoela138 23/11/2022

Adorei!
É um livro com um tema bem diferente do que costumo ler, já que a história envolve a Igreja e o protagonista é um padre. O livro é basicamente sobre como o Odran foi afetado pelos casos de abuso sexual contra crianças por padres na Irlanda.
Gosto muito de livros que passam por várias fases da vida do personagem e Uma História de Solidão tem capítulos alternados, passando por anos diferentes. Isso possibilita que dê pra conhecer a fundo a vida do Odran, sua família e tudo o que o levou até o momento presente.
Achei a leitura viciante, ficava só pensando em ler e não achei nenhuma parte chata. É um história sem muita ação, mas, ao mesmo tempo, intenso por conta do tema retratado no livro. Esse é o 2º livro que leio do John Boyne e acho que já posso considerar ele um autor favorito. Adorei, favorito!
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Adri Crivelaro 24/09/2022

O livro é narrado pelo então padre Odran, que conta sua história desde a infância até a velhice. A trágica morte do pai e do irmão mais novo mudam completamente a vida da família, especialmente a dele, pois é obrigado pela mãe a se tornar padre. Junto com sua história de vida o livro aborda a decadência do cristianismo na Irlanda por causa dos casos dos padres pedófilos.
É uma história pesada, mas narrada de forma leve, na medida do possível. Gostei bastante e recomendo a leitura.
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Thais.Carvalho 24/07/2022

A história se traz a tona décadas em que a igreja católica se omitiu, acobertou e possibilitou que padres cometessem pedofilia. Uma leitura importante, que faz refletir sobre a responsabilidade dos que preferiram não se envolver.
DANILÃO1505 24/07/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

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