Outros cantos

Outros cantos Maria Valéria Rezende




Resenhas - Outros Cantos


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afarialima 31/12/2021

Esperançar
A última leitura do ano de 2021 é uma mensagem de esperança e uma defesa da importância de conhecermos a cultura e história do povo brasileiro, se quisermos promover alguma mudança em prol da igualdade e justiça.
Adorei como a autora apresenta de forma muito bonita a riqueza da vida do sertanejo brasileiro e a importância da educação de base popular como forma de autonomia e libertação.
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Tati 06/03/2016

Outros Cantos, Maria Valéria Rezende
Quando eu tinha uns 13 ou 14 anos, estava sentada perto da secretaria do departamento de Letras na Universidade Federal de Sergipe. Estudava no colégio de Aplicação e estava esperando a professora que fazia estágio em inglês para tirar uma dúvida. Ouvi uma conversa que me marcou profundamente e, de certa forma, me persegue desde então. Um aluno relatava ao professor que um geólogo estrangeiro, ao visitar o sertão nordestino, disse já ter visto muitos desertos em sua vida, mas habitado daquele jeito era a primeira vez. A maioria dos desertos tem população nômade porque seres humanos não aguentam ficar naquele solo durante muito tempo. Não sei a veracidade dessa informação. Na época não tinha internet para pesquisar e essa fala povoou meu imaginário por muito tempo. Sou filha de gente do sertão. Então, entender porque esse deserto é habitado sempre foi uma constante nas buscas sobre minha identidade. Como aquelas pessoas tinham raízes tão fortes em uma terra que tem por hábito rejeitar? Minha (mini) biografia aí do lado dá uma pista: com o tempo eu aprendi que podia levar o sertão para qualquer lugar do mundo. Ele está dentro de mim. A literatura de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Francisco Dantas e Antônio Carlos Viana me ajudaram a entender o que isso significa. Agora que eu estou morando em outra região, tão distante daquilo que eu conheci primeiro como casa, Maria Valéria Rezende aparece para lembrar que sim, o sertão finca raízes fortes dentro da gente. É um pouco sobre isso que fala seu mais recente livro, Outros Cantos.

Para continuar lendo: http://www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/02/outros-cantos-maria-valeria-rezende.html

site: http://www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/02/outros-cantos-maria-valeria-rezende.html
Rafael.Barroso 26/03/2016minha estante
Sua resenha me fez ficar com ainda mais vontade de ler esse livro, Tati! Saudades de você no snap falando sobre literatura e psicanálise!


Ana Carla Quintanilha 03/12/2017minha estante
Que emocionante a sua fala! Eu, que nunca estive no sertão, vim aqui em busca de ajuda pra entender e continuar lendo essa obra. Sua resenha me encantou.


Paizinha 10/03/2020minha estante
Estou lendo outro livro da Maria Valéria Rezende: Quarenta Dias. A personagem principal também é nordestina, como nós.




antuan_reloaded 07/08/2023

[7/10]
"Lá não se costumava chegar, de lá só se ia embora"

Dividido em três partes, "Outros Cantos", de Maria Valéria Rezende, aborda a perspectiva de Maria, personagem-narradora, sobre uma cidade do interior, Olho d'água. Ela chega nesse local como professora do Mobral, extinto programa de alfabetização, comum durante o período da ditadura militar no Brasil. Lá, teria como objetivo alfabetizar jovens e adultos.

No entanto, dada a demora de destinação de recursos para isso, por parte das autoridades locais, Maria é obrigada a se enturmar e aqui é onde reside a beleza dessa obra. São camadas e mais camadas de histórias sobrepostas umas as outras que dão vida a uma teia complexa, mas entendível, armada belamente por Rezende.

O deslumbramento das crianças quando viram a professora pela primeira vez, a dança de fios e músculos na casa de confecção, os cânticos entoados nos novenários de Nossa Senhora do Ó, o pastorial com suas Dianas e Borboletas e até mesmo o ditado "em briga de marido e mulher não se meter a colher" seguido a risca são alguns do momentos que mais me marcaram.

É fato que a segunda parte tende a ser menos orgânica que as demais. Um pouco disso deve-se ao fato de que Rezende, empregando um tom mais ensaístico, deixa sua personagem cair em divagações sobre a modernidade, a tecnologia e a rapidez das relações. Isso acaba soando como de mal gosto, não a forma, que aprecio, mas o conteúdo; algo muito pontual que poderia facilmente ser deixado de lado.

Fora isso, todo o saudosismo ditado pelas rememorações são suficientes para sustentar a beleza que Maria percebeu no modo de vida do sertão. Sua colcha de retalhos é pouco a pouco costurada e com ela vamos nos enrolando aconchegadamente. Isso é comum à forma narrativa de Maria Valéria Rezende e eu já havia experimentado em "O Voo da Guará Vermelha". Lá, a adesão foi total, aqui nem tanto. Ao todo, o saldo é positivo.
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Janaina 29/04/2020

Por baixo de toda a poesia na escrita, a verdade e o sofrimento do sertanejo escancarados ali, na nossa cara.
Um daqueles livros que fazem a gente se orgulhar e lamentar o país em que nascemos.
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Lopes 17/11/2017

O Sertão que não é mais Sertão
Escolher naquele Sertão que não é mais Sertão o que inspira a vida é talvez o maior feito subliminar da escritora Maria Valéria Rezende em “Outros cantos”. Sua prosa de vocabulário melancólico, humilde e incansavelmente belo nos revela um traçado entre tempo, experiências e humanidade. Maria, personagem desta obra espiral, é levada ao mundo pelo toque humano, suas aventuras - que podemos dizer de pedaços da vida - esvoaçam quando ela retorna ao lugar que desenvolveu novas possibilidades, boas e ruins. Em qualquer lugar que Maria esteja provoca em nossos espíritos um delicado rebuliço sobre ter fé num mundo em que a literalidade das palavras faz surgir um vazio humano. Vazio esse diferente da personagem, que recorre ao outro sua fonte natural de suas inconstâncias. Valéria Rezende adota o tempo como seu parceiro secreto, desenrolando-o de acordo com sua proeminência artística. É do tempo a regra mais sombria, de traçar, quando ele quer, os motivos que a levam para esses cantos. Porém essa falta de luz não deve ser posta como algo negativo, esse antirreflexo faz parte do outro que Maria tanto pretende atender, é no outro, perambulando pelo seu tempo de estar e não, que a personagem se posiciona e vive. Não é apenas uma ajuda meticulosa, como se não houvesse um olhar para si, no entanto, o interno de Maria foi preenchido por tal fé no ato humano que pode surgir, mas infelizmente rebenta em não compreender que o mundo possui mais cantos do que esses outros que ela tanto retorna.
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fev 13/01/2021

3,5

Outros Cantos é um livro belíssimo. Bem escrito e com uma narrativa incrível em que a autora intercala vários acontecimentos do passado e o presente.

Durante uma viagem de volta ao sertão a protagonista conta tudo o que já havia vivido por lá. Maria Valéria Rezende fala muito sobre o comportamento dos sertanejos. Como vivem, o modo de trabalho, os sonhos, os sofrimentos e tudo mais sobre a cultura popular.

A minha nota é porque o meu ritmo de leitura atrapalhou a minha imersão na obra e também porque achei que faltou explicações sobre certos acontecimentos, mas super indico. É um livro fascinante. O último capítulo trouxe uma perspectiva que gostaria que estivesse sido mais explorada. Com certeza renderia muito mais histórias.
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rayssagurjao 01/12/2020

Um canto do sertão
O livro Outros cantos, é um verdadeiro presente, principalmente para quem tem certa ligação com o sertão e entende muito do que é escrito por Maria Valéria Rezende.

A narrativa conta a história de Maria, que rememora sua vida em um ônibus, já com uma idade avançada, relembrando sua vivência, enquanto educadora popular que teve por missão em um período 40 anos antes nas suas memórias ensinar jovens e adultos no povoado de Olho D'água, lugar em que antes de ensinar, uma vez que o vereador da região demorava a entregar seu contrato e materiais para realizar a tarefa, ela aprende um outro canto, traduzido na forma de viver com aquelas pessoas, entender seus costumes e comportamentos para eles tão naturais, mas para ela tão diferentes, assim como os "cantos" que ela já havia presenciado na Argélia e no México em outras oportunidades e que ela utiliza como comparação em alguns momentos.

É perceptível ao longo do texto, certos empréstimos de vivências da autora para a escrita do texto, como também as lutas com relação a educação voltada para demonstrar que ninguém deve se conformar com injustiças e com a politíca que excluí os pobres, posto que esses devem entender e lutar por seus direitos.
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Thalyta Vidal 23/06/2023

"Outros Cantos", de Maria Valéria Rezende
"Pra ler o quê, aqui? Só se for marca de ferro em lombo de boi... Carece de ler não, toda velha sabe de cabeça"

Uma narrativa "on The road" que evidencia, mais uma vez, o caráter nômade das obras valerianas. Em "Outros Cantos", a nossa viagem será num ônibus, junto à protagonista, rememorando suas vivências na cidade de Olhos D'água. Como de costume, Rezende traz, para essa obra, as vivências interioranas, mostrando os ensinamentos aprendidos por alguém que ali foi para ensinar. Carregado ora de humor, ora de ironias, ora de denúncias, a romancista - através do relato de uma professora aposentada que decide alfabetizar jovens e adultos numa pequena cidade- nos revela a vivência de outros cantos, que, de tão pequenos têm como marca o esquecimento. Na trama, o (des)interesse governamental ao assegurar políticas de alfabetização, bem como o conhecimento e a persistência do povo vão nos sendo apresentados por meio da "contação de histórias" tão comuns à autora. Saímos de "Outros cantos", como se estivéssemos permanecido sentados, com uma caneca de café, em um tamborete na porta de uma casa, ao ouvir a voz do tempo e da experiência propagar suas histórias. É assim que me sinto quando leio Maria Valéria Rezende, numa roda de conversa, cujas histórias não são apenas narradas aleatoriamente, mas que carregam uma série de problemas sociais e, aqui, o homem da pequena cidade é reduzido ao voto, bem como as crianças não merecem uma escola, pois ainda não podem exercer sua cidadania por meio do voto, prática essa naturalizada: sabem quem é o candidato do prefeito? Claro que sim, filho e neto de prefeitos. Vocês acham que está certo? Certíssimo, pois, se ele não ajudar nem a família dele, a quem mais é que vai ajudar? (p.143). Dessa forma, os limites entre ficção e realidade são rompidos, constituindo uma teia no romance que, mesmo emaranhada, é percebida pelo leitor. Educação libertária, descaso governamental, sabedoria popular e resistência são temas que percorrem essa obra. Ah, um adendo! Preciso mencionar como alguns elementos vão saindo de um romance para outro, há sempre uma pista de outras obras de Rezende em seus escritos, aqui, o canto ouvido quando personagens caminham em meio à natureza, elemento presente em "Ouro dentro da cabeça" aparece novamente. Mais uma vez, leiam!
Caio.Victor 23/06/2023minha estante
Deu vontade de ler! ?


Thalyta Vidal 23/06/2023minha estante
Pode começar!




Karol 06/04/2021

Encantador
Maria Valéria Rezende faz um relato autobiográfico do tempo em que, durante a ditadura militar, ela foi escalada para alfabetizar uma pequena comunidade no sertão, ao mesmo tempo em que faz uma longa viagem de ônibus que a leva de volta ao mesmo sertão, 40 anos depois. O livro é delicado e pungente em suas descrições mínimas, que maximizam a miséria e a alma perseverante das pessoas daquele lugar.
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Toni 12/11/2019

Da última vez que encontrei a Maria Valéria, ela me disse, assim como quem corta um pedaço de bolo pra lanchar: “Agora que estou perdendo a memória, tem mais espaço na cabeça para a imaginação. Todo dia tenho uma ideia nova”. Quem já leu qualquer um de seus livros concordará: é justamente essa boa vizinhança entre fabulação e memória, histórias ouvidas e histórias possíveis, visões do eu e da alteridade, que fazem com que suas narrativas tenham uma forte ilusão de realidade, permanecendo conosco muito tempo após a leitura.
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Em meio à miséria nordestina do celebrado (e falacioso) “milagre brasileiro”, “Outros cantos” conta a história de uma educadora popular que se embrenha no sertão paraibano com o projeto secreto de educação e emancipação política de comunidades excluídas, ainda que, oficialmente aos olhos federais, esteja ali como professora do MOBRAL, programa de alfabetização de adolescentes e adultos implementado pela ditadura nos anos 1970. O MOBRAL foi uma resposta da ditadura ao método Paulo Freire, espécie de “atualização” distorcida, piorada e uniformizante do “Educação como Prática da Liberdade”, de 1967.
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Maria, a narradora-protagonista, mantendo seu olhar em nosso presente e nas reminiscências de 40 anos atrás, nos apresenta um sertão atravessado de pequenas estratégias de sobrevivência e resistência. Um profundo respeito se estabelece desde o início entre essa professora e o povo de Olho D’Água, sem condescendência ou romantização do pobre. Transformada pela economia dos gestos e pelo trabalho da terra, Maria aprende novas formas de perceber seu lugar no mundo e, de maneira análoga, nós leitores também reconhecemos a força de um povo que nem 21 anos de ditadura foram capazes de destruir os sonhos de chuva, de verde, e de uma existência com múltiplas histórias e dignidade conquistada.
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carbononh 30/04/2023

Poderoso
"Calei-me, e ali fiquei, escorada na parede, um nó doloroso apertando minha cabeça e meu coração, a cortina idealista que me tapava os olhos e só permitia ver a dor infligida pela exploração do Dono e a inclemência do sol, mais a beleza dos gestos e saberes do povo, rasgando-se mais um pouco e revelando que tudo era muito mais misturado e complicado do que eu pensava. O caminho de libertação, se houvesse, teria de percorrer inúmeros atalhos e veredas, quem sabe por quanto tempo? Eu me sentia completamente incapaz."
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paulia_barreto 29/03/2018

Duas viagens de ônibus
Vai ser difícil encontrar outro livro que me prenda da mesma forma que este; normalmente tenho que me esforçar um pouco mais para me concentrar na leitura quando estou em algum lugar barulhento, mas com este livro foi diferente.
É engraçado pensar como a 'personagem' viaja em suas lembranças em um estado de quase inconsciência de sono, enquanto está viajando de volta para o lugar em que grande parte delas teve seu berço. Minhas leituras mais longas desse livro se deram enquanto estava no ônibus voltando pra casa e pude realmente experimentar o que se descreve neste texto tão maravilhoso e poético; foi como se eu compartilhasse a história e os sentimentos com ela...
Simplesmente amei a leitura e aprendi com ela um pouco mais sobre o amor à profissão no magistério, ainda que seja exercido no lugar mais impossível...
Viajei junto com Maria em suas relembranças e, ao terminar de ler o livro, não consegui fechá-lo... Li as duas últimas frases mais ou menos umas 15 vezes e fiquei segurando-o na minha frente depois, quase não acreditando no amor que senti por tudo neste livro e pelo impacto que o final me causou, mas que não me fez deixar de me admirar imensamente com tudo que foi narrado nele.
Simplesmente amei o livro!!!!!
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Mandy 06/05/2022

É um livro muito bom, porém um pouco confuso,visto que mistura MT presente e passado, mas depois de um tempo,você se acostuma.
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Faluz 26/07/2022

OUTROS CANTOS - Maria Valéria Rezende
Prosa boa, literária, poética e encantadora.
Como percorrer a maneira de viver com dificuldades com as coisas mais básicas como ter água e comida para a sobrevivência. Mesmo com esse horizonte, as pessoas encontram maneira de se encantar, de ter um viver poético.
Tudo visto através de uma noite de viagem, trilhando caminhos presentes e passados.
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Paisagens Literárias 13/04/2020

Memórias de educação e militância política no sertão
Este é um livro baseados em memórias de Maria, narradora-protagonista, que viaja em um ônibus nas estradas do sertão brasileiro e narra suas experiências de quarenta anos atrás, quando vivera no pequeno povoado de Olho d´Água. Maria havia sido enviada a este povoado para ser professora do programa de educação para adultos do governo militar MOBRAL; o qual, foi caracterizado por uma distorção do método de Paulo Freire. Entretanto, ela quanto militante de esquerda prol democracia, tinha por objetivo propiciar consciência sociopolítica para os trabalhadores sertanejos. Sua tarefa de professora levou algum tempo para ser posta de fato em prática naquele local, já que nenhum recurso chegava para que se iniciasse as aulas. Maria nesse meio tempo foi se adaptando a vida em Olho d´Água com a ajuda de Fátima, que se torna a sua melhor amiga no povoado. Assim, ela desenvolve um profundo respeito pela população do povoado diante da complexidade do saber e dos costumes locais, sem romantizar o pobre do sertão. A condução narrativa de suas memórias não é linear e em segundo plano também nos são apresentadas outras de suas andanças por desertos, o Saara argelino e o de Zocateca, no México; as quais, retornam a partir de alguns objetos-lembrança [do olhar de alguns homens, naquele povoado era do vaqueiro Antônio] de sua caixinha de tesouros, que só para ela de fato tinham valor. São memórias de outros cantos, outros lugares, que se embaralham a outros ritmos, bem como a outras vozes narrativas das das histórias contatas pelos moradores de Olho d´Água. Por fim, logo após ter recebido o material e o espaço para ensinar do vereador depois das férias, precisa sair fugida do povoado; militares estavam chegando a região. A viagem de Maria termina com o retorno dela para uma palestra sobre educação para um sindicato local, o que nos enche de esperança de dias melhores virão.

site: https://www.instagram.com/p/B-7fsqyDroV/
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