Sâmella Raissa 27/09/2016Resenha exclusiva para o blog SammySacional
Quem me conhece, já deve saber que sou apaixonada por contos, se forem de romance, então, melhor ainda, e dispostos, por fim, em uma antologia é praticamente pedir para que eu leia antes mesmo de saber do que se trata especificamente - levando em conta, nesse caso, que todos os autores presentes no livro são nacionais e escrevem, em geral, para os públicos infanto-juvenil e jovem adulto, com os quais igualmente me identifico. Por isso, quando Doze por Doze foi anunciado, já no final do ano passado, fiquei curiosa e empolgada por conferir o que seria da história de cada um dos autores, alguns mais do que outros, por já estar querendo conhecer sua narrativa há algum tempo ou simplesmente por ler mais histórias de alguns que eu já conhecia e admirava. Uma pena, porém, que o livro não tenha sido tudo o que eu esperava e que poucos contos tenham me agradado ou cativado de alguma forma.
Em Doze por Doze, teremos doze autores nacionais escrevendo doze contos, cada um em um mês do ano, que permeiam desde os estilos mais diferentes entre si, dispostos a agradarem a vários tipos de leitores. Gostaria de ser mais detalhista e fazer uma mini-resenha sobre cada um deles aqui para vocês, mas a verdade é que, infelizmente, só cinco deles realmente me chamaram a atenção de alguma sobre a qual eu posso falar à respeito e recomendar para todos, e esses contos vocês conferem a seguir.
Começando pelo o que fora o conto de Março, Águas de Março, de Mariana Cestari, eu realmente não esperava muito desse conto, e a verdade é que ele nem se destacou tanto assim entre os demais que vieram a me cativar depois, mas é um conto naturalmente tão simples e breve, mas ainda meigo, de certa forma, mesmo por entre a irritação da protagonista em precisar sair de cada em meio a chuva torrencial que está caindo, que não posso deixar de lembrá-lo por aqui. Uma leitura mais pacata e leve para equilibrar as grandes emoções que estavam por vir em outros contos, como foi o caso de Temos o Nosso Próprio Tempo, da Yohanna Sanfer, ilustrando o mês de Maio, e que tanto me envolveu, me fez suspirar, me deixou com um sorriso bobo no rosto ao fim da leitura. Um romance leve e clichê que consegue emocionar de certa forma e me fazendo querer ser amiga dos personagens Mel e Gael. Mais meigo, encantador e sincero, impossível! De longe um dos meus contos preferidos do livro!
“O amor? O amor é maravilhoso e penso que nele não cabem egoísmos.”
Chegando no mês de Junho, porém, o clima de romance evapora para dar lugar a um mais intimidador e visivelmente sombrio no conto Eu Nunca, de Bruna Fontes. Admito que o conto dela era um dos quais eu estava mais ansiosa por conferir, e por mais que não tenha realmente caído de amores pelo conto, principalmente por ter uma vibe mais diferente do que eu costumo ler e do que eu esperava, mas ainda assim gostei da forma como ela foi firme ao apresentar um grupo de adolescentes ricos e mimados de um dos colégios mais renomados da região, que por trás de toda a boa imagem externa, resguardam segredos cada um mais tensos e intimidantes que o outro. Um conto que ilustra bem o que é viver sob aparências e sobre como certas "brincadeiras aparentemente inofensivas" podem terminar muito mal. Uma variação interessante entre o clima maioritariamente de romance do livro.
“Soprarei o ar com força antes de acordar amanhã. Vai doer, tudo ficar longe, vai me matar aos poucos precisar me acostumar, mas também aprendi que é preciso sangrar para poder cicatrizar.”
À seguir, o próximo conto a me envolver e cativar foi o de Agosto, Aquela Noite de Agosto, de Carine Raposo, uma autora que eu já vinha querendo conhecer sua escrita faz tempo, e que muito me surpreendeu com um conto tão sensível e cheio de emoções diversas. Acompanhar a história do casal Pedro e Fernanda por entre todos os altos e baixos que foi seu romance é sofrido e tocante ao mesmo tempo, culminando em um desfecho que emocionou-me ainda mais de uma forma que eu realmente não esperava. E, finalmente, veio o mês de Outubro, com Abril, A Garota do Mês de Outubro, pela então organizadora da antologia, Thati Machado, outra autora pela qual a história eu estava ansiosa para conferir, e não me decepcionei. Envolto em uma atmosfera meio mágica, sobrenatural, temos Abril, uma adolescente que mantém uma tradição de em todo mês de Outubro, realizar uma mágica especial para tornar realidade o sonho dela ou de alguma de suas duas amigas. O último pedido havia transformado sua melhor amiga, Mari, em uma cantora famosa, e com sua distância decorrente dos compromissos no mundo da música, o pedido de Abril para aquele novo mês de Outubro era fazer uma nova e verdadeira amizade, após a outra amiga, Guta, abandoná-la pelo grupo popular do colégio. É um daqueles contos aparentemente despretensiosos que envolve o leitor aos poucos com uma história meiga e talvez até clichê, cujos personagens são muito cativantes e que muito me agradou em geral. Mais um favorito da antologia, sem dúvida alguma!
Os demais contos do livro tiveram opiniões bem distintas e um tanto quanto instáveis para mim. Apesar de não serem de todo ruins, longe disso, mas não consegui ser cativada pelas histórias apresentadas pelos autores e algumas até, infelizmente, muito me decepcionaram e irritaram, como foi o caso de A Última Vez que Te Amei, conto de Abril escrito pela Carolina Estrella, que eu honestamente já tinha certo receio de ler por não ter gostado de outros dois livros da autora que li, e que foi bem mediano em comparação aos demais, por apresentar uma protagonista ainda tão imatura e impulsiva no auge dos seus 25 anos mais uma premissa tão sem graça e que não me cativou em nada, infelizmente. Fora a ele, os outros contos, apesar de algumas premissas visivelmente interessantes, como Incógnitas de Novembro, de Augusto Alvarenga, e Nosso Último Verão, de Larissa Siriani, não consegui ser realmente convencida pela trama em geral e muitos de seus personagens, muito menos com relação ao romance, que por vezes soou um pouco vago para mim, mas ainda assim foram leituras válidas.
Enfim, apesar de não ter sido o que eu esperava, Doze por Doze é uma antologia cuja leitura eu recomendo sim, uma vez que, como já citei, os contos possuem estilos e abordagens diversas, para agradar a diversos tipos de leitores, e mesmo com as eventuais decepções, ainda assim gostei de fazer sua leitura e, principalmente, de conhecer os então quatro contos que muito me surpreenderam, envolveram e encantaram, descritos anteriormente acima. Uma leitura leve e diversificada para diferentes tipos de públicos.
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