Livro dos começos

Livro dos começos Noemi Jaffe




Resenhas - O livro dos começos


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Tamyres 16/01/2023

Segundo Favoritado do Ano ?
Amei esse livro e achei muito significativo lê-lo em um começo de ano.
A proposta dele é super diferente, são várias fichas contendo textos sobre começos. Cada um com uma abordagem diferente, mas todos fazem o estilo de uma prosa poética. Eu li as fichas na ordem em que vieram, mas futuramente quero reler com todas embaralhadas.
Achei os textos muito bons, e o conceito do livro em si muito lindo e criativo. Além disso, ele pode ter aquele tom de oráculo, sabe? Tipo quando você consulta um baralho de tarot.
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CSK 12/10/2022

São crônicas filosóficas sobre começos.
O livro não tem uma sequência/capítulos, são cartelas e cada cartela um começo.
Alguns (poucos) começos me "pegaram", outros achei forçados e confusos.
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sara440 14/01/2022

Curioso
"(?) Por um lado, todo começo é uma fresta porque por ele se enxerga o que está por vir e porque ele é uma existência autônoma ? mais íntegro do que a continuação, pois ainda não corrompido. Toda fresta é muito mais bonita do que aquilo que se permite entrever ? uma vez transpassada a passagem, a visão do intervalo, só o que vem a seguir é o ato duro de percorrer as coisas."

(14/01/2022)
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Mika.Chan 31/12/2021

Vou ter que ler de novo
Fiquei um pouco perdida em alguns capítulos porque não é o tipo de livro que eu estou acostumada a ler.
Não é ruim mas eu não entendi muito bem vou ler de novo e depois faço uma resenha melhor.
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Julia Gusmao 21/05/2021

1o livro que escuto como audiobook e foi bem confuso na verdade. Desde que soube desse livro, quis lê-lo por conta de toda a experiência de manipular os começos, como áudio foi um tanto difícil de vivenciá-lo, porém o conteúdo ainda é incrível. Muito bem redigido, poético e filosófico. Dá vontade de só começar e nunca terminar.
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Catarina 02/01/2018

Não era o que eu esperava
É um livro de crônicas em formato de cartões/ cartelas sobre o tema ?começo?. Acho que pode ser útil para quem quer escrever um livro.

E, para o público em geral, fala sobre o começo por vários pontos de vista.
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Guga 18/10/2017

No inicio, tantos começos me deixaram incomodada, mas um comentário de um leitor dizendo que havia apreciado cada começo, como se estivesse comendo bombons de chocolate me fez pensar e e passei a encarar a leitura dessa forma: a cada noite escolhi um dos começos como se fosse um bombom de escape no fim de cada dia.
Foi ótimo.
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eduardo souza 05/09/2016

Noemi Jaffe fia teoria estética, filosofia, literatura e existência em um livro que nos põe diante da irrealidade do real, com seus paradoxos e multiplicidades expostos – desde os começos.
"Por onde começar?" Essa é provavelmente a pergunta literária por excelência, apesar de carcomida pelo cotidiano. Um início presume uma literaturidade suprema porque a vida não tem começos, meios ou fins: apenas é o que é, e não há nenhum significado vinculado a isso. Mas é através das ficções e da imaginação que conferimos a esse caos amorfo atributos como continuidade, significado e identidade. Isso implica na natureza paradoxal da existência: (quase) nada é algo, mas pode ser (virtualmente) qualquer coisa.

Parece-me que Noemi Jaffe tinha tudo isso diante de sua visão enquanto elaborava o Livro dos começos (Cosac Naify, 2016). À medida que escolhemos e, simultaneamente, somos escolhidos pelos começos de sua obra, estamos realizando um ritual muito semelhante a qualquer tipo de profecia: cartomancia, quiromancia, piromancia, necromancia, numerologia. Essa obra nos dispõe frente à anatomia da leitura enquanto ato divinatório: não há significado fixo. A criação de significado é um ato que varia ao temperamento do leitor e as palavras que vão bater no ouvido da mente e ecoar à sua própria revelia são frutos do acaso e da complexidade – o que não implica que a literatura seja caótica como a vida.

Pelo contrário, a literatura ordena. A literatura é hiperreal pois confere realidade à vida irreal. Assim, ela estabelece e "fica concretizada a convicção de que a ciência nunca passou de ficção [...] além da ideia de que a ficção está mais próxima do real do que parece". Ao nos ensinar que começar é interromper o fluxo da existência e, ao mesmo tempo, ao nomeá-lo, dar-lhe ordem, Noemi flerta com uma filosofia e uma teoria estética embrionária:

[O começador] está em busca de um começo, isso é sabido. Pensa que uma frestra no muro e no chão é sum um bom começo. Pensa que todo começo é uma fresta e uma sombra de fresta. (...) Por um lado, todo começo é uma fresta porque por ele se enxerga o que está por vir e porque ele é uma existência autônoma – mais íntegro do que a continuação, pois ainda não corrompido. Toda fresta é muito mais bonita do que aquilo que se permite entrever – uma vez transpassada a passagem, a visão do intervalo, só o que vem a seguir é o ato duro de percorrer as coisas. Por outro lado, todo começo também é uma sombra de fresta, já que o começador somente pensa que está começando, para logo em seguida se dar conta de que não, não houve começo algum – apenas ilusão.

Por isso, "o começo é o mais triste, porque sempre se começa não porque se quer, mas porque é preciso" ao mesmo tempo que exalta "como é bom começar". "Ao mesmo tempo" aqui não é mera figura de linguagem. O Livro é simultâneo em sua existência física. Todas as páginas são as primeiras páginas, últimas páginas. A ruptura material que o projeto gráfico impôs ao livro é fundamental para sua estética: o Livro é uma coletânea de folhas soltas, de cartas – de tarot, por que não? – que nos revelam a nós mesmos e à realidade diante do espelho literário. A ordem em que lemos é aleatória-a-ser-ordenada, quer queiramos, quer não – tal como a existência. Enquanto lia, me peguei pensando como ela pode ter organizado essa sequência tão bem, como, talvez, alguém pense dos deuses. Não poderia ter sido organizado. Eu criei, como quem cria o futuro na palma da mão ou nos búzios.

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Incansável em infinitos começos, o Livro realiza uma discussão metaliterária enquanto aprofunda na figura do leitor-começador. Ora exaltado, ora ensinado, ora rejeitado, ora obliterado, ora nem uma coisa nem outra. A palavra, o começador e o começo estão entremeados uns nos outros à medida que percorremos as linhas de Noemi: "Para começar é preciso um salto. Saltar o começo, que se planta na página e que está pronto para a ordem, solícito". Começar é tanto um suicídio, é acriançar-se, é fácil, é "uma mera interrupção do que já vinha ocorrendo, mas que ainda não tinha recebido nome". Por isso, "não começar é mais desafiador do que o contrário. A vantagem é que o sofrimento é menor, embora o desgaste tático seja maior".

Começar são todas essas coisas ao mesmo tempo, que se agrupam em literatura. Noemi é literarissimamente consciente. Ela configura a realidade a partir de sua palavra, ela começa. Ela ordena, ela impõe uma frase, uma linha, um parágrafo – mas nunca passa de uma folha. Seu procedimento é multiconfigurar a realidade, dando-lhe um pouco mais de dignidade, por aproximá-la à literatura – que, como os começos, são, negam, renegam-se e acabam por ser reestruturar enquanto paradoxo.

Diante disso, estamos nós, os leitores-começadores. Não importa quantas vezes comecemos, por onde ou como. Temos com os começos uma relação erótica, pois ele é "a fronteira que mistura revelação e ocultamento", "nunca é por inteiro; só aparenta ser". Ainda assim – e talvez justamente por isso – vivemos pelos começos: "O começo não quebra, não tem falhas, é um bloco de alegria. Mesmo que as coisas sejam feitas tateando-se, sem certeza nem razão, ainda assim elas são cabais. Cada passo mínimo que se dê já é completo". Mas, ao mesmo tempo, se entendermos "que tanto faz como tanto fez começar ou não começar, que tudo não passa de capricho numa tentativa desesperada de perdurar, então saberão que cada um de seus gestos são só parte de uma máquina que nos governa, nos manipula e ri de nós, e que o nome dessa máquina é tempo, ou ainda, morte". O que nos sobra é simplesmente navegar entre eles.

site: https://animusmundus.wordpress.com/
Arthur 13/02/2017minha estante
Adorei a resenha!
Ainda estou tentando organizar tudo quanto me sobreveio durante a leitura e parece que estou justamente nesse processo que antecede a decisão de começar a tornar tantas ideias em signos.
Enfim, parabéns pela bela resenha!




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