@esselivrotemhistoria (ig) 09/01/2022
Mais um da série #livrosdasosso. O incrível Anthony Browne com suas histórias cheias de camadas.
Instiga nosso lado curioso, de olhar brincante e ávido por significados.
Rosa e o irmão vivem em mundos diferentes. Virando as 1as páginas seu olhar se depara 1° com a parede de tijolos, o que sustenta, o ordinário, na página chapada. Do outro lado, na página da esquerda, curva, há o "supérfluo", o papel de parede é preciso deslocar o olhar. A mãe cansada das brigas/ jogo (repare nos saleiros), ordena que eles brinquem lá fora. João descobre o túnel e resolve atravessa-lo. A irmã fica preocupada e, mesmo menor, sabe que terá que salvar seu irmão :
"O que poderia fazer? Tinha que ir atrás(...). (e adiante) "o que seria do irmão se ela voltasse?"
O enquadramento (elaborado desde o começo) atribui tempo ao espaço da dupla enquanto Rosa atravessa o túnel.
A menina se depara com um bosque tranquilo ( pássaros comendo migalhas) que se transforma em uma floresta, com referências de contos de fadas p.e., um lobo mau gigante, apoiado em uma bengala.
-Espere! Ele já apreceu antes! Onde será?
-Atrás da árvore- Laura.
Mas não era essa a imagem que eu queria resgatar.
-Isso mesmo. Vamos voltar pra gente ver se tem outro? ... Olha esse quadro em cima da cama!
-AAAAHHHHHH! -Laura exclamou com um grito, quando em seus 3a foi atravessada pela lieratura.
Mas percebam o autor diz que a menina "pensou em lobos e gigantes e bruxas"
Não viu.
E, o que ela viu? Seu irmão paralisado de medo (referência a Ló?). O enquadramento foca o olhar na imagem de seu irmão
Por que ela não ficou paralisada de medo como o irmão?
Como pôde ela salvar seu irmão?
O poder da literatura! Do sentir os medos nos livros e encará-los na vida real. Saber que na leitura podemos projetar nossos monstros, vencê-los e atribuir camadas de significados aos nossos dias.
Obs: comparando com outros livros do autor, esse foi o que mais fiquei confortável em "gastar"um tempo maior nas imagens, sem perder o fio da história. E sinto que essa sensação compõe a história, ja que se perder na floresta e pensar em tudo o que já foi visto, faz a construção da narrativa.
Os gorilas? Sim, há um escondido!