Marlon Teske 03/01/2011
E os verdadeiros culpados...
O Inocente é uma história real. O que por si só já da raiva do sistema prisionário dos EUA, da Pena de Morte e de tudo o que está ligado as autoridades que acham que seu saco vale mais do que os dos outros. Ele narra a vida de Ronald Keith Williamson, um aspirante a jogador de beisebol profissional, bonito, popular com as mulheres, evangélico fervoroso, temente a deus e leitor da bíblia.
Tudo ótimo, até nosso amigo Ronald quebrar a cara ao descobrir que não era tão bom no jogo como achava que fosse. Ele não vai muito bem na liga juvenil, acaba lesionando o cotovelo em uma partida e nunca chega a ser profissional. Vivendo longe da família, acaba envolvido com drogas e bebidas, além de mulheres à rodo na era do sexo livre.
Então começa a confusão. Duas garotas após uma noitada com nosso amigo Ronnie voltam pra casa e acusam o coitado de estupro. Ele é inocentado em ambas as acusações, mas fica marcado como estuprador na cidadezinha de Ada, onde vive, e em Tulsa, onde tentou a vida. Além disso, a depressão por ter sido um fiasco no que mais desejava em sua vida o tornou inconstante.
Chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico várias vezes, tomando remédios fortissimos e sempre regressando a vida de bebedeira, farra e depressão. Oscilando entre um sujeito legal e um maluco que arrastava um cortador de grama pelas ruas de Ada, Ronnie vai levando sua vida até que uma garçonete é estuprada, violentada e morta duas quadras da casa dos Williamson. Pra polícia, a resposta está na cara: só pode ter sido o Ronnie.
Dali pra frente tem inicio uma batalha judicial entre a família Williamson, uma segunda família envolvida, os Fritz (ambos os acusados neeeem estavam na cena do crime no dia, e o último homem visto com a vítima sequer foi interrogado até quase cinco anos depois do crime) contra o estado de Oklahoma. Resultado? Pena de morte pra ambos.
O julgamento é tendencioso, sem provas concretas e baseado em confissões de sonho tomadas pelo promotor do caso e pelo delegado sacana. É um livro que deixa a gente revoltado mesmo. Apesar de escrito num tom quase que "didático", é uma leitura bem coesa, que avança legal pela vida dos sujeitos. Antes que me perguntem, sim, ele é inocentado pelo exame de DNA aperfeiçoado em 1995 mas só usado no caso dele em 1999.
E sim, ele bebe até a morte após ser libertado. Mas enfim, pelo menos nosso amigo Ronnie morreu livre!
Se puderem, leiam.
Lido em Abril de 2007