O assassino da cruz

O assassino da cruz Matheus Prado




Resenhas - O Assassino da Cruz


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Crítica, eu? 17/03/2019

O Assassino da Cruz
Assassino da Cruz, de Matheus Prado, é um romance policial que narra a corrida do policial Pedro Rocha contra um serial killer que deseja atingi-lo pessoalmente com cada um de seus assassinatos. Quando o corpo de um juiz é encontrado crucificado de cabeça para baixo numa parede, com o nome do investigador marcado em todo o seu corpo, Pedro Rocha é acionado para participar do caso, iniciando uma caçada contra um homem cujo plano final é destruir a sua vida.

O livro de Matheus Prado é todo narrado em terceira pessoa, seguindo principalmente a perspectiva do protagonista, mas não deixando de lado os outros personagens. A narrativa tem velocidade e a escrita do autor é envolvente, do tipo que faz com que o leitor não sinta o tempo passar enquanto lê. Com capítulos curtos que misturam acontecimentos passados e atuais, a história ganha ares de mistério quando os fatos são revelados aos poucos. Apesar de necessitar de um trabalho de revisão, Assassino da Cruz é um livro com muita qualidade escrita e narrativa.

Pedro Rocha, protagonista da obra, faz o tipo policial durão que gosta de resolver sozinho os seus problemas. Investigador com um passado de 100% de casos resolvidos, Rocha segue o clássico estereótipo de problemas com bebidas e vida pessoal desorganizada. Seu sucesso é apenas profissional. Assombrado por um incidente ocorrido quatro anos antes, Pedro se vê rebaixado no meio policial, executando uma tarefa pela qual não nutre nenhum interesse. O protagonista de Assassino da Cruz, apesar de ter todo um background, por vezes parece um pouco superficial. Isso porque Rocha parece enxergar tudo em preto e branco, tornando-se gratuitamente agressivo e até machista, como se estivesse desenhado em 2D. Os outros personagens do livro não são tão bem desenvolvidos quanto Pedro Rocha, o que pode dar a impressão de que a vida inteira gira apenas em torno do protagonista.

O enredo de Assassino da Cruz é muito interessante. A história mostra não só a caça a um serial killer, mas também relata a corrupção no meio policial, apoiada por políticos, juízes a autoridades de diversos escalões. Um dos pontos mais fortes que a obra tem é, com certeza, sua verossimilhança. Uma história como a trazida por Matheus Prado é completamente passível de se tornar realidade no Brasil. Os pontos de encontro entre a ficção e a vida fora das páginas do livro são incríveis, o que possibilita uma forte identificação por parte do leitor para com a narrativa. Outra grande qualidade de Assassino da Cruz é o conhecimento do autor de como funciona a burocracia policial brasileira. Isso traz credibilidade à história, à investigação e aos personagens.

Já pelos meados do livro, é possível entender parte do mistério que o assassino da cruz representa. Não é necessário ser um leitor muito atento ou experiente para começar a resolver os enigmas colocados. O nome do serial killer surge de maneira rápida, sem muito suspense. O autor entregou seus pontos e não conseguiu manter a expectativa, porque, apesar de sua jogada de lançar sombras sobre a identidade do assassino, tudo se torna muito claro já na primeira menção ao seu nome, restando apenas descobrir que truques foram usados. É por isso que a sensação para o restante do livro é o desejo de que um plot twist chegue logo para mudar tudo o que foi construído até então. Quando essa reviravolta chega, ela não surpreende os leitores mais atentos e habituados a romances policiais. Mais uma vez o autor entrega os pontos e não consegue manter o suspense em alta.

Outra característica que pode incomodar um pouco durante a leitura é o fato de que muitas coisas na história parecem coincidência. Mais uma vez, é como se o mundo inteiro girasse ao redor de Pedro Rocha. Alguns acontecimentos chegam a soar forçados, como a ligação entre dois personagens muito improváveis já no fim da história, fazendo parecer uma tentativa do autor de resolver o enredo, como se, sem isso, o mistério fosse continuar sem solução. Por outro lado, Assassino da Cruz é o tipo de livro que se torna atraente ao lançar, aos poucos, pequenas ações que se juntarão para fazer sentido no fim.

Assassino da Cruz é um romance policial brasileiro que, apesar de seus pontos negativos, vale muito a pena, principalmente ao se considerar que a escrita de seu autor, Matheus Prado, é muito madura e consistente. A obra consegue superar seus erros e entregar uma história de qualidade, que prende não só pela boa narrativa, mas também pelos cenários, ambientações e até pelas doses de sentimentalismo. Seria muito difícil que até os leitores mais exigentes não criassem uma boa simpatia por Assassino da Cruz. Esse é o tipo de livro que deixa o desejo de se fidelizar ao autor.

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