spoiler visualizarnanda :) 12/12/2023
Com Amor, Simon: gays sem plot <3
“Entendo perfeitamente o que você diz sobre se sentir preso dentro de si mesmo. No meu caso, nem penso que tenha a ver com as outras pessoas acharem que me conhecem. O caso é que eu quero me manifestar e falar e fazer certas coisas, mas sempre me contenho. Acho que grande parte de mim sente medo. Só de pensar, já fico nauseado.”
Queria um livro leve para ler, e, como a minha irmã mais velha tem esse daqui, resolvi pegá-lo para uma releitura. Lembrava pouquíssimo da história, mas segui.
Tenho um carinho especial por essa narrativa. Acho que foi a primeira vez que eu li um livro LGBTQIA+, e tenho certeza que foi um dos primeiros livros focados em personagens que gostei. O foco não é um plot elaborado, ou reviravoltas impossíveis de serem previstas. É sobre o Simon, e ele lidando com a sua existência.
E aqui, me refiro literalmente a sua vida, e não a sua sexualidade. Um dos pontos que mais gosto desse livro é como o Simon é resolvido com o fato de ser gay. Não é uma história de descoberta, e, apesar de ser o clímax do livro, também não é sobre sair do armário. É sobre ser adolescente, e ser incompreendido, e estar apaixonado. Vemos essas coisas acontecendo com ele, e como ele lida com elas, e isso é feito de uma forma muito realista.
Outro ponto positivo desse livro são os emails trocados entre o Blue e o Simon. Boa parte do romance deles é formado através deles, e isso é feito muito bem. É um romance crível, gostoso de acompanhar, e as piadas internas formadas entre eles dão credibilidade ao relacionamento. É possível se apaixonar pelo Blue apenas pelos emails, e, assim, fica fácil entender a situação do Simon.
E é aí que está o que torna essa história tão importante para mim: é quase intuitivo entender o Simon. Ele é bem desenvolvido, e você se torna tão apegado a ele que é impossível você não se importar com esse personagem. Ele é só um garoto branco gay qualquer, com “zero potencial” para ser um protagonista, mas, aqui, ele é! E é gostoso de acompanhar isso. Tem se, durante o livro, essa sensação de “amigo do protagonista” emanando do Simon, e é interessante acompanhar essa história.
Isso também se dá, obviamente, por causa dos personagens secundários. Apesar de, admito, não gostar da Leah nem do Martin, todos os outros personagens são interessantes, mesmo que mal desenvolvidos. É um grupinho esquisitinho, desajustadinho, e esse é um dos aspectos que mais gosto deles. Também gosto do fato que Simon não é muito conectado com eles o tempo todo, porque me faz sentir representada! Eu não gosto dos meus amigos o tempo todo!
Mas eu adoraria ter “uma Blue” na minha vida, não vou negar! Ele é um doce, um personagem que gosto muito e que adoraria ver mais sobre. Não hesitaria em ler um livro sobre ele, em sua perspectiva, com ele lidando com a sua sexualidade e sua vida nos esportes. Apesar de vermos pouco dele, ele é um par romântico feito na medida certa!
Sobre a escrita, mesmo não tendo nada demais, gosto dela demais. São capítulos curtos, feitos para serem devorados, e Becky Albertalli soube como escrever essa atmosfera adolescente muito bem. Parece que é o próprio Simon conversando com você, ou um diário dele que você está lendo, e é muito gostoso de acompanhar.
Sei que esse livro não tem nada demais. Nada acontece nele fora a linha principal, que é o Martin ameaçando o Simon com os emails do Blue. Também sei que o final felizes para sempre é nada realístico, mas, não consigo evitar, essa história guarda um lugar muito especial no meu coração. É bobo, e bonitinho, e leve, e ele não entrega nada além do que promete.
Para a minha primeira história LGBTQIA+, passarei pano rosa com glitter, para sempre!