Sérgio 26/12/2020
Suicídio
Ambas as narrativas fantásticas volvem o tema do suicídio elucubrado por pessoas que têm deixado de explorar algum sentido na vida. No primeiro conto (A Dócil), a narração parte da visão de uma terceira pessoa, e revela uma perspectiva bastante interessante (e até angustiante, em certos momentos) sobre as mudanças de comportamento do sujeito que, ao final, virá a tirar sua própria vida. No segundo conto (O Sonho de um Homem Ridículo), encontramos a naração do ponto de vista do próprio "suicida", que em um sonho, vê-se com a coragem de puxar o gatilho e colocar fim à sua própria vida (algo que, desperto, não conseguia fazer); sua história se desenvolve neste sonho e, ali, o significado da vida é resgatado, assegurando-lhe razões para desistir de seu original intento após acordar. São histórias maravilhosas, encantadoras, intensas, e que realmente revelam o poder narrativo de Dostoiévski! Recomendo imensamente pelos significativos retratos do suicídio, um tema que não se tornou defasado (muito pelo contrário!) com o avançar dos séculos.