marina.conte.02 02/03/2023
Antes de começar eu tenho que abrir um parêntesis e esclarecer que eu amo Duff, tanto o filme quanto o livro. Eu li a obra duas vezes, (e meia se considerar a vez que eu li só minhas partes favoritas) ambas em um intervalo de alguns anos, tendo a mesma experiência a cada leitura, não visualizei a história de outra maneira ou tive um olhar mais crítico sobre o enredo.
A história retrata Bianca Piper, uma garota que não se importa com a aparência, que valoriza os programas com as amigas Jessica e Casey, odiando as aglomerações de festas para as quais ela é arrastada (uma pessoa que sobreviveria tranquilamente à quarentena).
Em uma dessas festas, Bianca interage com Wesley, um atleta cobiçado e popular no colégio que ela considera um idiota. Durante essa breve interação, o rapaz tenta a convencer de arranjá-lo com suas amigas, explicando que ela seria a DUFF, a sigla que representa amigas menos atraentes, que permitem a aproximação dos caras, porque seriam as mais inseguras e menos intimidantes do grupo.
Insultada, Bianca joga a sua bebida nele e vai embora, absolutamente compreensível. Até aí, o filme seguiu o livro fielmente. A obra escrita, no entanto, mostra todo o drama familiar de Bianca, que não aparece no filme que optou por um tom mais voltado à comédia.
O pai de Bianca sofre de alcoolismo e a mãe saiu de casa há anos, deixando a filha sempre em segundo plano. Quando o pedido de separação finalmente é formalizado, o pai de Bianca se afunda no vício e ela busca desesperadamente algo para lhe distrair.
E é nessa atmosfera que a relação entre Wesley e Bianca se desenvolve. Bianca beija o Wesley e, posteriormente, começa uma relação de sexo casual com ele, a fim de não pensar em seus problemas. E o personagem do Wesley, se mostra menos superficial que nos primeiros capítulos, e acaba se apaixonando por Bianca, mesmo ela relutando muito em se apegar a ele.
Acrescento aqui que eu adoro o Wesley, mais na versão do livro do que na do filme, apesar dele ser interpretado pelo ator Robbie Amell, o que dispensa explicações. O personagem no livro é um imbecil nos primeiros capítulos, mas quanto mais conhecemos seus dramas familiares, mais vamos sentindo compaixão por ele. É como um cachorrinho muito lindo e assustado que tu quer levar para casa, mesmo sabendo que vai mastigar teu tapete.
O interessante dessa história, é que apesar de se tratar de uma trama adolescente, os dramas familiares são bem construídos e os personagens principais, que estão tão perdidos nesses problemas, acabam contando um com o outro para se reerguer e amadurecer. Além disso, a história se despe dos rótulos adotados no começo do livro e permite uma aproximação real entre os personagens.
É uma leitura leve, despretensiosa, que promete boas risadas e faz com que nos apaixonemos por essa dupla improvável. Vale lembrar que a autora também tem algumas obras semelhantes, embora nem todas traduzidas. Uma das que tentei li em inglês, com um pouco de dificuldade, “A Midsummer Nightmare”, mostra Wesley e Bianca ainda juntos, mas como meros coadjuvantes, embora dê aquele gostinho bom aos leitores que amam o casal.