BrokenHearts 07/08/2020
https://www.google.com/amp/s/cinderelasliterarias.wordpress.com/2016/01/30/bresenha-porque-fechei-os-olhos-e-se-vc-descobre-que-ainda-nao-e-o-fim-de-juliana-mendes/amp/
Quanto sofrimento o corpo e a mente podem aguentar antes de criar um mecanismo de defesa? É possível que, ao tentar se defender, mais sofrimento seja causado para si ou para outrem, sem que se perceba? Karen passou por perdas irreparáveis, e a culpa a corrói como um câncer, que ela mesma alimenta. Os sentimentos que carrega dentro de si a transformam de tal forma, que até a imagem que tem de si mesma é distorcida: a mulher linda dá lugar a uma mulher sem graça, sem nenhum atrativo, sem nada a oferecer, nem externamente, tampouco internamente. Acredita-se indigna de desfrutar da felicidade. É como se o sol tivesse sumido há anos atrás, deixando-a na escuridão, morta por dentro. Por sentir-se assim, não cultiva amigos, apenas um conseguira suportar seu mau humor, pessimismo e falta de alegria. Andrew é lindo, inteligente, saudável e, por algum motivo, nunca a abandonou, sendo seu pilar de sustentação, aquele que se preocupa se ela se alimentou ou não, que implica com seu mau hábito de fumar e o único que ela pode mandar à merda, caso pegue muito em seu pé. Em um dado momento, Andrew tenta tirar Karen do seu mundo cinzento trazendo-a para a sua luz e ela, assustada, o afasta. Algo terrível acontece com ele e, Karen, consumida pela culpa, faria qualquer coisa para ter tudo de volta aos eixos, realizando uma promessa que será difícil cumprir. Só não contava-se com a chegada o imprevisível Sr. Paul Newman, um cliente da empresa em que Karen trabalha, e que desde a primeira vez que o viu, sentiu algo como um choque em seu corpo. A atração entre os dois foi imediata e recíproca. Paul ignora as tentativas de Karen de afastá-lo ou de fazê-lo perceber que ela é somente uma casca, totalmente oca por dentro e com todo o seu charme, romantismo e magnetismo sexual, a cada dia retira um tijolo do muro que a rodeia, fazendo-a perceber a luz do sol e desejar ser feliz. É dificil se entregar à felicidade, mas Karen tenta. Tenta não ter medo do futuro, não ter medo de que algo ruim aconteça e lhe deixe somente o sofrimento, a amargura, a dor e a escuridão. Mas há algo no ar, um cheiro de mudanças e o imprevisível acontece. Daí, caro leitor, me dou conta do título do livro: Porque fechei os olhos: e se você descobre que ainda não é o fim? Bem, e se você descobre que ainda não é o fim, o que faz? Pula de cabeça, se tranca numa masmorra ou paga pra ver? Estou torcendo para que Karen pague para ver, que não regrida ao seu mundo escuro, que se houver tempestades, lute para ultrapassá -las e se forem momentos felizes, que aproveite até o ultimo segundo. Acompanhamos o desenrolar dessa história sem conseguir desgrudar de suas folhas. Torcemos pela felicidade de Karen, pois ela realmente merece o que a vida tem de melhor a dar, mas ao mesmo tempo ficamos aflitos porque parece que algo ruim está a espreita, que não é revelado neste livro. Posso estar vendo coisas onde não existem, mas achei que Paul tem uma personalidade um pouco doentia, apesar de ele ser um gato, lindo, maravilhoso, romântico, rico (mas que gosta das coisas simples) e fodástico na cama (não necessariamente somente neste local), mas só poderei saber se estou errada no próximo livro, que aguardo ansiosamente.