Memórias de Um Casamento

Memórias de Um Casamento Louis Begley




Resenhas - Memórias de Um Casamento


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Sueli 08/04/2016

Memórias de Um Casamento
Embora eu não tenha o costume de reproduzir partes dos livros que leio, penso que Memórias de Um Casamento é o livro apropriado para eu utilizar esse recurso.
Senão, vejamos a seguir o pensamento do protagonista principal a respeito de suas qualidades literárias e analíticas sobre os livros que lê, na página 157:
Se eu era capaz disso, não podia garantir, por razões que não deixam de ter relação com a forma como leio e escrevo. Por exemplo, nunca pensei saber, sobre o que é um romance...
E, foi exatamente neste ponto que me vi pensando sobre o que eu estava lendo... Fiquei interessada pelo livro, como sempre, por causa do título intrigante. Afinal, radiografias de casamentos, sejam ficcionais ou não, sempre me interessam. E, a história de Lucy De Burgh, nascida em uma família tradicional de Rhode Island, herdeira de uma importante fortuna, me deixou intrigada desde o princípio.
A história é contada de forma ininterrupta e em primeira pessoa por Philip, um escritor famoso que ficara viúvo há pouco tempo e que conhecera Lucy ainda jovem, essa mulher tão fascinante quanto contraditória, e voltar a encontrá-la 40 anos depois, de forma casual, é para ele motivo de angustiante curiosidade.
Obcecado, Philip vai em busca da verdade dos fatos que transformaram essa mulher exuberante, em uma megera alcoólatra, amarga e cruel. E, o que ele fará quando completar esse quebra-cabeça, e com a teia de informações que recolhe em seu caminho é o que nos mantêm ligados.
Um romance denso, sobre a história de uma mulher inquieta, selvagem e que se entregou aos prazeres sem medo, em uma época em que a hipocrisia da sociedade americana destruía quem se atrevesse a sair dos padrões impostos.
Será que mudamos?
Leonard Mlodinow em seu livro O Andar do Bêbado, nos diz, logo de cara, que a intuição humana é mal adaptada a situações que envolvem incerteza.
E, o que é mais incerto do que estarmos vivos? Mais a frente, ele esclarece que é uma balela dizermos que nossas vidas são feitas de escolhas. Ele completa dizendo que escolhemos as saídas viáveis para cada situação, portanto, não existe escolha, não é mesmo?
E, Lucy, personagem feminino central, de Begley, embora nem sempre tenha agido acertadamente, agiu de acordo com as demandas de seu corpo e do seu coração.
Você pode culpa-la?
Não é um romance fácil. Não é uma história bonita.
Lucy é uma Madame Bovary do século XXI. Uma predadora incansável, que não desisti até o fim!
Eu esperava uma história real, que me fizesse pensar, e acabei como Philip - o narrador da história, incapaz de fazer uma resenha coerente e a altura do livro de Louis Begley, mas o importante é que reconheci Lucy em várias mulheres que encontrei ao longo de minha vida.
Recomendo com louvor, mas apenas para leitoras em busca de uma ficção não tão distante da realidade.
João 06/05/2016minha estante
Fiquei muito interessado nesse livro Sueli!!A sua resenha me deixou com ganas de ler!!




Ladyce 03/04/2016

Na capa de trás da edição brasileira de Memórias de uma casamento, somos informados de que aqui encontraremos um olhar profundo sobre uma classe e seus privilégios, numa trama que se desenvolve entre Paris e Nova York, Long Island e Newport. Coroando essa apresentação, como que para justificá-la temos uma citação atribuída ao Washington Post: Entre os escritores contemporâneos, Begley talvez seja o crítico mais sagaz e devastador do sistema de classes da sociedade americana. Nada mais ilusório. Ainda que os personagens dessa narrativa sejam pessoas da classe social mais alta nos EUA, o foco está no retrato de uma mulher, complexa, vazia, intolerante, fútil, provavelmente ninfomaníaca, certamente desequilibrada emocionalmente. Como ela, existem centenas de outras em qualquer classe social. Ela causa danos a qualquer grupo familiar. Não importa, na verdade, onde nasceu, em que família, com quem casou. Tipos como o dela não precisam ser da mais alta sociedade. Eles existem em todo canto.

Louis Begley é fiel a dois de seus predecessores: Henry James, grande mestre da literatura americana de final de século, também produziu, como mandava o seu tempo, romances retratando tipos de mulher: Portrait of a Lady; Daisy Miller vêm à mente; enquanto Louis Auchincloss, já em pleno século XX, também se esmerou nesse gênero como o fez em Sybil, The Dark Lady e outros. No Brasil, deste autor, encontramos em tradução: A infinita variedade dessa mulher mais um de seus perfis de mulher. Curiosamente, ambos Henry James e Louis Auchincloss se especializaram nos retratos de mulheres das classes sociais mais altas dos EUA. No Brasil, a tradição literária dos perfis de mulher, não se limita às classes mais altas, mas, como nos EUA, começa no século XIX, com Machado de Assis [Helena] e sobretudo com José de Alencar [Senhora, Diva, Lucíola, entre outros].

Ficam por aí as comparações. Ainda que a prosa de Louis Begley seja agradável e os olhos corram sem obstáculos pelo texto, a apresentação da personagem principal Lucy De Bourgh, herdeira de mais de uma família importante da Nova Inglaterra,formada por pessoas vindas no Mayflower e no Arabella, portanto entre os primeiros a chegar no continente americano, é monótona. Não há diálogos nestas 194 páginas. Há monólogos de Lucy, de Jane. Há cartas. Em suma, falta dinamismo no texto. Temos diversos relatos, por diferentes pessoas. Contudo o texto flui. Não só por habilidade do autor, mas também pela malévola e mórbida curiosidade despertada no leitor para saber sobre os detalhes, tintim por tintim, do malfadado casamento, onde o respeito pelo próximo é inexistente.

Tivesse Louis Begley usado de outros meios para narrar talvez pudesse ter despertado maior interesse nesta leitora. Como está, trata-se de uma obra um tanto medíocre se comparada às anteriores, principalmente Sobre Schmidt e Schmidt Recua.
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Aguinaldo 26/07/2016

Memórias de um casamento
Já li vários livros de Louis Begley (aqui só tenho registrado outros três: "Naufrágio", "Questões de Honra" e "Schmidt recua"). Ele é sempre o cronista das pessoas muito ricas e/ou poderosas, advogados, escritores, mecenas das artes ou apenas diletantes bem apessoados que passam seu tempo entre a Europa e a América do Norte. Assim como acontece com Proust suas histórias são ricas em matizes, seja sobre a sociedade que descreve, seja sobre o caráter dos personagens que cria. Sempre aprendemos algo com ele, algo sobre o refinamento proporcionado pela boa educação, o arrivismo e o sistema de classes americano, a mundanidade e a hipocrisia. Em "Memórias de um casamento" acompanhamos o interesse de um octogenário escritor, Philip, pela história do casamento de uma amiga com quem não mantinha contato há mais de vinte e cinco anos. Quando o reencontra Lucy descreve Thomas Snow, o advogado e economista riquíssimo, já falecido, com quem foi casada, como um monstro irrecuperável. Philip nunca imaginou que o sujeito que conheceu pudesse ser descrito assim e fica curioso sobre os sucessos do passado do casal. Movido por um interesse em parte literário e em parte bisbilhoteiro, Philip embarca numa espécie de arqueologia do tempo perdido, recolhendo memórias e relatos que ele mesmo, Lucy e uma dezena de amigos em comum, tinham sobre Thomas. O livro embaralha passagens acontecidas no final dos anos 1950, no início dos anos 1980 e no início dos anos 2000. O narrador da história alcança que o leitor alterne sua simpatia às motivações de Lucy com aquelas de Thomas (ou mesmo que despreze em algum momento a ambos). Assim como na vida real é praticamente impossível entender sempre uma pessoa, saber de suas intenções, concordar com as narrativas que ela mesmo acredita bem descrevê-la, metamorfosear-se com o tempo no mesmo ritmo ou para formas continuamente compatíveis. Afinal, normalmente observa-se que nas relações entre indivíduos ou mesmo entre grupos sociais é antes um pacto de autoenganos, o compartilhamento de ilusões e de fantasias o que permite a vigência de um frágil convívio civilizado (e isso por curtos períodos de tempo, quase sempre). Interessante livro. Cabe aqui um último registro: Essa edição da Companhia das Letras é pavorosa. Meu exemplar tem dezenas de páginas transparentes, que quase impossibilitam a leitura. A crise no Brasil é generalizada e é sobretudo moral. Imagino que houve um dia em que um revisor cuidadoso notaria o desastre na impressão e um diretor providenciaria para que todo o lote defeituoso de livros fosse incinerado, mas hoje em dia tal zelo, tal cuidado, parece estar muito além de nossa capacidade de ação. Dá pena deste desgraçado país, mas não muita pena.
[início: 26/05/2016 - fim: 27/05/2016]
"Memórias de um casamento", Louis Begley, tradução de Rubens Figueiredo, São Paulo: editora Schwarcz (Companhia das Letras), 1a. edição (2016), brochura 14x21 cm., 194 págs., ISBN: 978-85-359-2681-1 [edição original: Memories of a Marriage (New York: Nan A. Talese/Knopf Doubleday - Penguin Random House Group) 2013]

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/05/memorias-de-um-casamento.html
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João 02/11/2016

Apesar de ter uma sinopse interessante esse livro não foi aquilo que eu esperava.
Não abandonei por que não gosto de fazer isso,sempre procuro persistir na leitura na esperança que melhore.Algumas partes eu até gostei mas acho que o problema foram os
protagonistas do livro:Philip e Lucy.
É difícil você gostar de um livro em que não consegue sentir empatia pelos personagens.
Infelizmente não tem como gostar de Lucy.Ela é uma personagem chata,e só senti pena dela quando apanhou de Hubbert.Philip é um personagem sem sal,chatinho também,sem contar que a atitude dele(bem comum na maioria das pessoas)de ir falar para as outras pessoas das conversas dele com Lucy foi tão mesquinho.
Creio que esse livro é do tipo que você ou ama ou odeia.
Várias pessoas gostaram então só lendo mesmo pra se ter uma opinião.
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