Verônica 26/07/2021Quase uma novela, mas poderia ter sido melhor...O que me chamou atenção num primeiro momento foi o titulo, que tem duas palavras que gosto muito: "vingança" e "moda", hmmm, o que poderia sair disso? Um romance australiano quase digno de uma novela, com uma protagonista sagaz e quase felina. O grande problema desse livro, creio, é a enorme quantidade de personagens para uma cidade tão provinciana quando Dungatar; eu me perdia e às vezes não sabia quem era mulher ou marido de quem, quem era inimiga de quem ou porque... é daqueles elencos que você tem que voltar algumas páginas pra ver se não se perdeu ou pra tentar achar o fio da meada...
Ela também peca pelo excesso de algumas coisas em detrimento de outras, ao meu ver mais importantes, como a descrição minuciosa dos trabalhos de moda feitos para cada um dos personagens (e eu gosto de moda, mas depois de um tempo, ia cansando quase duas páginas só com essas descrições), enquanto uma cena de amor tão esperada do casal mais importante da trama se resumiu a um mero paragrafo antes de tudo ir por água abaixo numa reviravolta impressionantemente triste da trama.
Mas tirando esses vieses, é uma história gostosa de acompanhar, quase como uma novela, com uma protagonista forte, habilidosa, empoderada, vivida e sofrida, com quem me identifiquei muito, e um monte de personagens bem caricatos e que te lembram figuras do seu próprio dia-a-dia (e normalmente aquelas figuras do seu passado, principalmente se você tiver um passado sombrio como o dela...). Sua "vingança" propriamente dita, que eu achei que era ter feito a cidade engolir e se curvar ao talento dela, mesmo a odiando por eventos passados do qual provincianos como aqueles jamais se esqueceriam, na verdade veio no final, quase tragicômico, muito bem ensaiado, e ao mesmo tempo fazendo cada um cair pela sua própria vaidade. Teria sido quase perfeito se eu não sentisse qualquer coisa um pouco mal coordenada (talvez tenha sido aqueles finais feitos apressados, em que acabamos esquecendo de amarrar bem as coisas, e colocamos outras que não são propriamente necessárias ou fazem sentido ou sequer tem uma continuação e novamente te faz pensar se você perdeu algum fio da meada (como escritora sei bem que isso pode acontecer, e como é fácil nos perdermos em alguns finais), como a noite de bebedeira com o inspetor sem noção que apareceu lá para investigar o crime induzido pela confissão da verdadeira identidade do pai da protagonista.
O que me deixou realmente triste com o final, que poderia ser perfeito com a Tilly literalmente tacando fogo em tudo e indo embora (nunca vi algo tão absurdamente literal para uma vingança como isso, ahaha), foi ela ter avacalhado até o sargento Farrat que era o grande apoio dela ali (cheguei achar que ele fosse o pai dela de tanto cuidado e zelo que ele tinha por ela, sem contar o "segredo" da paixão por moda que ele tinha que eles compartilhavam e nunca ficava bem explicado qual era a dele de fato), não ter dado uma dica do que iria fazer ou algo assim e deixá-lo tão atônito quanto os outros com a grande vingança dela (podia ter deixado as roupas que ele escondeu na casa dela na estação de trem com um bilhete Au revoir! Ou algo assim, ahaha). Poxa Tilly!
No mais, apesar dos percalços, é uma boa distração que você consegue tirar momentos bem legais.