spoiler visualizarAntonia 13/10/2023
Bom, mas não perfeito
Eu genuinamente possuo sentimentos confusos quanto à duologia Six of Crows, mesmo após tê-la encerrado dias depois. Por um lado, eu admiro a forma como Leigh Badurgo construiu seus personagens e todo o ambiente. Por outro, há pequenas descrepâncias que não fazem tanto sentido com contextos e universos onde nossos personagens estão inseridos.
"Monstros vêem lágrimas e isso só abre seus apetites".
O sistema de magia da Leigh é muito legal e funcional. Sempre fui fascinada por manifestações mágicas elementais em todo e qualquer livro que vejo, e o modo como ela expandiu suas habilidades aqui através da Nina e de suas consequências quanto aos ocorridos no livro anterior me encantou bastante. Foi um desenvolvimento gradual e intrigante, e eu não deixei de gostar de tal coisa.
"No escuro, ele queima vermelho. As coisas sempre são mais interessantes no escuro"
Em questão de ritmo, este livro superou o primeiro grandiosamente. Algo que sempre me impediu de adentrar Six of Crows por completo sempre fora a forma como Leigh Badurgo decidiu conduzir sua história, pois nada me soava verdadeiramente genuíno. Aqui, há mais provações, desafios e momentos de tirar o fôlego, então é mais fácil apegar-se aos personagens e suas dificuldades e percursos falsos. Em seu primeiro livro da duologia, apesar de gostar das personalidades distintas de todos os personagens, eu sempre sentia a questão do foco excessivo em Kaz ? o que é válido, pois ele possuí uma estória de fundo fantástica. Mas eu queria saber dos outros. Inej, Jasper e Wylan, principalmente. Fui saciada com isso à medida que fazia-me por presente em Crocked Kingdom, e eu adorei muito o background dado para cada um dos personagens e como este impacta neles ? e, sim, Inej sempre será minha protegida. Foi bom, bem pensado e caracterizado. Funcionou perante a toda a pressão onde nossos personagens eram dispostos.
"Você só pode afiar uma lâmina até certo ponto".
Acho que as coisas que mais me perturbaram ? e ainda me perturbam ? ao longo de toda a duologia é a facilidade com a qual os Crows conseguem se safar das situações. Claro, há algumas cicatrizes, deixadas por eles ao longo da história, mas nada verdadeiramente desafiador ou que nos faça temer pelos seus destinos. Apenas o final que fez mudar isso, embora, pessoalmente, aquela morte me soasse bastante anti-climática. Não digo que foi ruim, mas a situação na qual fora executada tirou toda a emoção que poderia ter para mim, e o encerramento dele de modo definitivo me soou ainda mais apressado. Eu gostaria de ver mais consequências e evolução ? que não fossem apenas para dois outros personagens. A inteligência de Kaz parece livrá-los de tudo, convenientemente funcionando para o roteiro, o que considero ruim. Mesmo quando seus planos davam errado, pareciam sempre voltar-se para uma solução. Não digo que sua esperteza foi mal executada ? é uma grande peça de seu personagem, e se faz presente em seus pontos de vista maravilhosamente bem. Mas não soa palpável. Faça com que Kaz falhe nos atos menores e mais tolos de seu plano, para que, quando a vitória vier, ele possa vangloriar-se dela. Em suma, eu gostaria de ver mais alguns planos dando errado.
"Brekker, sua rainha Espectro, sua corte podre de pequenos vigaristas".
O epílogo foi muito bom, e seu final de um todo ? tirando algumas coisas aqui e ali. Foi satisfatório, de uma maneira condizente. E eu amo Kanej e os Crows.
"Seu coração é um rio que corria com ela na direção do mar".
Espero que tenha uma boa leitura ?