Lorena Miyuki 22/02/2016
Maduro, bem escrito e com gostinho de nostalgia.
4,5/5 na verdade.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo Artur, um adolescente que só sabemos que tem 14 anos pela sinopse mesmo - ele podia ter 17 que não faria muita diferença, ao meu ver, tirando a falta de experiência em "alguns assuntos" que vão sendo acrescentados aos poucos na trama. Artur vai morar com o pai depois que sua mãe morre, e tudo o que ele tem para fazer no começo é reclamar: da escola, do lugar onde mora, da falta que o carro lhe faz, do trabalho e do próprio pai.
A única coisa que ele não reclama de fato é da aula do Alexandre, o professor que ele mais gosta, e de se encontrar com a Priscila. Esses dois, aliás, são personagens importantíssimos para o desenvolvimento da trama.
Fica difícil falar minha opinião sem contar spoilers, mas vou tentar ao máximo!
O livro é divido em três partes (...). Fiquei chateadinha (comigo mesma, talvez) por ter "descoberto" o que o Artur demora tanto pra perceber já no comecinho, e isso me tira um pouco o charme da leitura... Pelo menos no início, quando ainda não temos absoluta certeza do seu propósito.
As primeiras 100 páginas têm um ritmo lento. O Artur fala (pensa) demais, e às vezes as transcrições parecem ser exageradas e sem utilidade - tem muitas frases que eu tiraria, por exemplo, porque só reforçam coisas que ele já disse/pensou antes. Inclusive esse comecinho me lembrou muito o livro "Por que Indiana, João?", do Danilo (Leonardi) por conta de questões como violência, bullying e etc. (...)
Os personagens são muito bem construídos - são palpáveis, extremamente reais! Todos eles, até os terciários (...).
A segunda metade é muito melhor que a primeira. O ritmo se encaixa direitinho, o enredo vai se encorpando e fica extremamente delicioso perceber a evolução dos personagens! A nostalgia que certas coisas me causam, de modo pessoal, contam pontos favoráveis também: fitas cassete, cidades do interior... nossa, tudo o que eu mesma abordei no meu livro "Você É Só Pra Mim"! (...)
De qualquer forma, tirando esses pequenos "pontos de chateação", o livro me agradou demais! A maturidade com que alguns temas são tratados me deixou com vontade de aplaudir! Não é, ao meu ver, um livro sobre a temática LGBT*, não. Aliás, essa é uma discussão que debati no twitter há pouco tempo: o livro não precisa ser sobre temática para conter personagens considerados plurais. Assim, "Volto Quando Puder" possui personagens que se encaixam nas letrinhas, mas, apesar de isso desencadear uma boa série de eventos na vida do Artur, a história é dele. É ele quem conta, é dele que tiramos as melhores lições.
(RESENHA COMPLETA NO SITE MarcadoComLetras.com)
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