Os Indiferentes

Os Indiferentes Alberto Moravia




Resenhas - Os Indiferentes


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jota 28/09/2021

BOM: um Moravia jovem, com alguns pequenos defeitos, mas já exibindo o talento de grande autor italiano do século XX
Lido entre 20 e 27/09. Avaliação da leitura: 3,8/5,0

Alberto Moravia (1907-1990), tinha apenas 22 anos quando escreveu Os Indiferentes, uma das obras mais importantes de sua carreira, juntamente com Agostino (1945), O Conformista (1947), A Ciociara (1957), Vidas Vazias (1960), 1934 (1982). Essa história traz cinco personagens que se comportam como se estivessem atuando numa peça de teatro; muito pouca ação se desenvolve fora de salas e quartos e em cada cena os diálogos são bastante extensos e quase sempre crispados, por vezes dramáticos mesmo. Em vários trechos o estado de espírito dos personagens é traduzido diretamente através do que eles pensam, conversam consigo mesmos (introspecção).

Os pensamentos são antecipados, quer dizer, são revelados antes que os personagens façam ou digam alguma coisa, reajam com indiferença aos fatos ou às afirmações ou questionamentos dos outros. Eles quase sempre acabam não realizando o que pensam, deixando-se levar pelos outros ou pelos acontecimentos (inação). Há especialistas que enxergam nesse romance uma obra precursora de uma espécie de “existencialismo literário” que, cerca de 15 anos depois, teria em Sartre seu principal autor. Os Indiferentes foi publicado em 1929. E nele Moravia retrata o comportamento de uma típica família da burguesia romana de antes do surgimento do fascismo.

Estão presentes nessa história alguns temas que irão percorrer toda sua obra depois: sexo, dinheiro, tédio, alienação. Tudo se passa em apenas três dias, como se esse tempo correspondesse aos atos de um drama teatral com essa mesma divisão. Primeiro conhecemos os personagens, depois a trama em que estão envolvidos e finalmente caminhamos para o desenlace. Leo, o amante de Mariagrazia, uma viúva financeiramente arruinada, tenta seduzir Carla, filha dela e também ficar com a mansão hipotecada onde as duas e Michele, o outro filho, residem; o rapaz é pouco mais que um adolescente, imaturo como a irmã. Carla parece não ver saída para sua situação senão tornar-se amante do amante da própria mãe; ingenuamente Mariagrazia supõe que Leo vem se comportando como um pai para Carla.

Michele, por sua vez, se envolve com Lisa, a ex-amante de Leo, bem mais velha do que ele e frequentadora assídua da casa de Mariagrazia. Elas são amigas, mesmo que Mariagrazia lhe tenha roubado o amante anos atrás. O inescrupuloso Leo parece ser o único personagem que sabe o que quer, que não é indiferente à realidade que o cerca, ao contrário dos demais. Tem em Michele um crítico e opositor: o rapaz acusa Leo de querer se apoderar dos bens da família e também sabe de seu caso com a irmã. Discutem frequentemente; próximo do desenlace Michele decide deixar de ser indiferente, compra um revólver e diz a Lisa que irá à casa de Leo matá-lo. Cometerá o crime?
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Leonardo Rosa 25/08/2011

Excelente
Adorei a forma como o romance foi conduzido. Não conhecia o escritor, Alberto Moravia. Escreveu "Os Indiferentes" com apenas 22 anos! Quero ler mais as suas obras. Inclusive tem um filme de Bernardo Bertolucci chamado "O conformista", baseado em seu livro homônimo, que quero assistir.

Em "Os Indiferentes", o escritor é muito detalhista. Cada cena que ele descreve é como se ele estivesse realmente vendo aquilo. Você consegue visualizar mentalmente tudo: roupas, salas, feições, etc. Na medida em que a trama vai se desenrolando eu me senti cada vez mais preso a ela. A indiferença dos personagens retrata uma sociedade italiana entre Guerras mas que pode muito bem ser vista na de hoje. A falta de identidade e de razão nas pessoas e a submissão a alguém mais forte, ou melhor, poderoso continua sendo um problema contemporâneo. Recomendo.
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