Israel145 05/11/2016Los Angeles Cidade Proibida é o típico livro que o leitor torce para não acabar. E quando acaba parece que se abre um vazio semelhante ao que se experimenta na manhã seguinte à noitada com bons amigos. Um vazio inexplicável.
A história gira em torno de um grupo de três policiais: Ed Exley, filhinho de papai lutando para provar que tem competência para a longa escalada na carreira do Departamento de Polícia de Los Angeles (DPLA); Bud “malvadeza” White, a força bruta da natureza que tenta provar que é algo mais do que uma montanha de músculos e Jack “lata de lixo” Vincennes, drogado e descontrolado, que luta para provar que não é uma farsa. Os três são unidos por um único propósito: justiça absoluta.
Mas não existe justiça absoluta na Los Angeles da década de 50. O esgoto humano que rasteja pela imundície da cidade corrompida é o palco em que James Ellroy monta seu cenário. Cada personagem do livro é movido por um ideal mesquinho. A corrupção intrínseca da LA de Ellroy quase pode ser considerada como uma personagem oculta que guia todo os passos dos personagens rumo ao mar de lama que é o ápice do livro: O massacre no café Nite Owl.
A intrincada rede de acontecimentos que James Ellroy traça no livro apenas corrobora sua capacidade narrativa já demonstrada em outro clássico noir: Dália Negra. As entrelinhas, os detalhes investigativos, as ações implícitas orquestradas pelo autor criam uma atmosfera que faz a história fluir numa torrente narrativa muito bem delineada.
A maneira como a história se desenrola, com Exley, Vincennes e White conduzindo paralelamente a investigação do caso Nite Owl e os três se estranhando ao longo do livro proporciona uma tensão a mais na história: como esses caras vão resolver o caso se não conseguem nem se entender? É o elemento linear que faz com que o leitor não perca a concentração na leitura.
James Ellroy sem dúvida nenhuma pode ser considerado um mestre do noir, figurando no panteão ao lado de nomes como Chandler, Hammett, Greene e outros, só pra citar alguns. Sua LA podre e corrupta cheia de bandidos, policiais descontrolados, ambição, psicopatas, perversão sexual e muita violência, alça seus livros a clássicos modernos do gênero.
Sua ficção chega a ser realista, cobrindo todos que figuram nessa sua obra com o manto da podridão e mesmo com a posterior união de Exley, Vincennes e White no objetivo comum, o leitor perceberá que a justiça absoluta não existe. Nada mais noir que essa constatação.
Também adaptado para o cinema com nomes de peso como Kim Bassinger, Kevin Spacey e Russel Crowe no elenco, Los Angeles Cidade Proibida (o livro e o filme) são obras definitivas talhadas pelo gênio moderno do noir. Leitura obrigatória.