Layla 10/09/2016O céu e o inferno em forma de páginasATENÇÃO, RESENHA COM SPOILERS. LEIA A OUTRA VERSÃO, SEM SPOILERS, NO LINK ABAIXO CASO NÃO QUEIRA RECEBÊ-LOS.
Vocês já tiveram a impressão... o sentimento impotente de que todos aqueles que governam nosso mundo, seja um país, um presidente, o capitalismo, um deus ou um parente, que eles tiram na mesma proporção em que dão?
Fora este pensamento inconsolável que tive ao terminar esta leitura: que Sarah deu muito, mas tirou com a mesma - senão mais - facilidade. Sarah... eu amo essa mulher. E odeio. Por quê? Porque todas as dúvidas que um dia tivemos foram explicadas, e a explicação é o céu e o inferno. Todas as interrogações foram apagadas e a peça essencial para tudo fora Elena.
Elena. Elena sempre fora um enigma, e neste livro nós a desvendamos. Elena, que covardemente adiou a morte de Erawan quando estava viva para que outros o fizessem. Elena, que sabia como este preço teria de ser pago: com sangue da linhagem de Mala. Elena, que sabia que apenas Aelin (e Dorian também, como descobrimos neste livro) poderiam pagar este preço e ele será pago com cada gota de sangue e magia. Elena, que sabia que O PREÇO É INOMINÁVEL. Elena, que sabia que Aelin tem a marca de Brannon, o Inominável, em sua pele. Elena, que vira a Aelin morrer quando era pequena e escapara de seu castelo quando todo o resto de sua família e corte também morria. Elena, que contra os deuses, a salvara. Elena, que guiou Arobynn ao corpo inerte de Aelin para que ela pudesse ter a ajuda (e o treino) do qual necessitara.
Tudo vai se esclarecendo.
A deusa Deanna se apossa do corpo de Aelin quando ela usa a chave de Wyrd e seu poder atinge dimensões nunca antes alcançadas. Ela a chama de algo que Aelin nunca ouvira antes: A Rainha Prometida. Este nome, na hora em que fora pronunciado, causara-me arrepios. E não fora para menos: Aelin fora prometida para os deuses, para que derramasse sua magia e seu sangue no mundo com as três chaves e assim fazer do portão de Wyrd completo. Aelin fora prometida para as chaves.
E Aelin também fora prometida para Rowan, assim como Rowan fora para ela. Destinados a ficarem juntos. O que só faz que tudo isso doa mais.
E, depois de tudo isso, Aelin ainda fora levada numa jaula inteiramente de ferro, presa a algemas e amarras de ferro, com uma máscara de ferro, mas com a firmeza de ferro que só Aelin é capaz de ter - a firmeza de que ela lutará até o fim.
Porém, não fora só de tristezas que as páginas deste livro foram construídas: vimos a corte de Aelin se construir e expandir; vimos Elide encontrar a rainha que procurava e em Lorcan alguém a quem pudesse confiar de corpo e alma; Aedion encontrara seu pai e convivera com ele; Dorian e Manon ficaram juntos, e que alegria fora essa união, mesmo que mergulhada em luxúria; Manon se descobriu a última rainha de uma linhagem real há muito extinta; Rowan e Aelin casaram-se e viram neles mais do que amor e paixão e a ligação carranam, viram aquele laço eterno e indestrutível de parceiros, de almas gêmeas.
Visando tudo o que ocorrera, Sarah nos deu na medida em que tirou, mas ainda há esperanças. Sempre há. Todas as revelações me fizeram lembrar de Harry Potter e As Relíquias da Morte: que Snape e Dumbledore prepararam Harry para morrer durante anos e que, mesmo morrendo, ele ainda tivera uma escolha. É no que me agarro. Rowan, Dorian, Aedion... Eles podem descobrir algo sobre as chaves. Um jeito de burlar as regras dos deuses. Ou os próprios deuses podem ajudar Aelin. Mas não aceito que Aelin e Dorian morram por isso. E acredito que juntos eles possam achar um jeito.
Com risos e lágrimas, agora penso que Empire Of Storms fora um dos melhores livros deste ano. Fiquei horrorizada em alguns momentos, horror que pendia para o terror e para a profunda admiração. Os mais fantásticos livros são assim, fazem você vagar entre o pior e o melhor de ser, de sentir, de viver uma vida que não é sua por algumas páginas. E o preço deles vai além do valor pago, da espera ou da dor que sentimos: o preço dele é vermos tudo acontecendo e não podermos fazer nada para interferir. Não há nada em um livro que não seja feito para amarmos pois amamos a vida, amamos os personagens, amamos as árvores que deram vida às páginas assim como amamos os autores que dão vida às palavras, e quando amamos algo ou alguém, ficar impotente é a pior coisa que podemos passar.
E Aelin ganhou um brilho ainda mais intenso para mim... porque Aelin Galathynius pode ser admirada por muita coisa. Por ser Celaena Sardothien. Por ser A Rainha Prometida. Por todos os seus títulos e conquistas. Mas, neste livro, ela ganha outro relampse em sua personalidade, algo que me fez admirá-la muito mais: o fato de saber o que o futuro a guardava, saber que a derrota era certa e mesmo assim não desistir. Porque não é pelo fato de até o destino estar contra você que você tornará fácil a vitória de seu fado. Não. Não mesmo.
E ela não desistirá. Nem ela e nem sua corte. A corte que mudará o mundo.
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