Luiza Helena (@balaiodebabados) 17/08/2017Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/"Angra queria me quebrar.
Mas ele só me fez inquebrável.*"
Frost Like Night começa no exato momento onde terminou Ice Like Fire/Gelo e Fogo. E daí pra frente, haja coração.
É super visível o crescimento de Meira se compararmos lá do início da história em Snow Like Ashes/Neve e Cinzas. Meira sempre foi uma garota de personalidade forte, corajosa, disposta a ajudar todos da maneira que pode, mas ela tinha uma certa insegurança. E essa insegurança só aumentou depois que o reino de Winter foi tomado de volta e ela coroada rainha. Durante sua estadia em Paisly, ela aprende muita coisa que envolve a magia de Primoria e a Ruína. Porém, o seu maior aprendizado foi fazer as pazes consigo mesma e não temer sua magia.
"Eu me fiz inteira. Eu sou o suficiente para mim.*"
Esse aprendizado é liderado por Rares e Oana, moradores do secretíssimo reino de Paisly. E é através deles que sabemos por que esse reino é no maior estilo top secret. Eles ajudam Meira a entender e aceitar sua magia, assim como a preparam para fazer o que deve ser feito para destruir Angra e a Ruína, assim salvando Primoria. Os dois personagens são maravilhosos e não tem como não se afeiçoar a eles, apesar da sua um tanto breve aparição. De uma certa forma, eles guiaram Meira a se tornar mais confiante de suas ações e de si mesma.
Mather já vinha ganhado destaque desde o livro passado e esse aqui ele teve bem mais. Alguns capítulos foram narrados em sua visão, em terceira pessoa, assim como no livro anterior. Desde o começo da trilogia, vemos Mather tentar encontrar seu lugar no reino de Winter. Primeiro, ele achava que era rei e se ressentia por não ter magia, não podendo ajudar seu povo. Depois que os Winterians foram libertos, ele era o único que via a real situação que se encontravam, mas ninguém dava bola pra ele. Finalmente, depois de muito 7x1 na cara, ele encontrou seu lugar liderando os Filhos do Degelo. Gostei que Sara explorou seus sentimentos e batalhas internas, principalmente quando se refere a Meira e seu pai William.
"A família nem sempre é aquela que você nasceu. É com quem você está, quem você ama. Essas famílias podem ser ainda mais fortes.*"
Outra personagem que teve maior destaque nesse livro foi Ceridwen, princesa do reino de Summer. Ainda sofrendo com a morte do irmão, Cerie só quer vingança contra Angra, mas ao mesmo tempo carrega a culpa dessa fatalidade. Tudo que ela quer é proteger seu reino e seus súditos, mas como fazer isso se não pode salvar nem seu irmão? De certa forma, Ceridwen se parece com Meira nesse aspecto. Assim como Mather, Sara também explorou suas emoções, inseguranças, dúvidas e também a amizade maravilhosa dela com Meira.
"E enquanto eu poderia cultivar facilmente essa centelha de raiva, eu não. Eu deixo que ela se afaste, porque é parte de coisas que já aconteceram.*"
Com o livro narrado nas visões de Meira, Mather e Ceridwen, podemos acompanhar o crescimento dos personagens, assim como medos e apreensões não somente deles, mas de todos que estão nessa guerra contra Angra. Além de claro, ter uma visão geral de tudo que está acontecendo. Na guerra sempre há perdas significativas e Sara não poupou sua ceifa em alguns personagens. O livro tem um ritmo intercalado entre muito tiro e calmaria. As cenas de ações não deixam a desejar e nos momentos de “calmaria” sempre tem aquela tensão no fundinho, lembrando a eles tudo que está acontecendo.
Na resenha de Ice Like Fire/Gelo e Fogo, comentei que meu ship afundou bonito e eu fui com ele. Pois outro ship nasceu nesse livro e é impossível não torcer. Apesar do seu envolvimento com Theron, Meira sempre foi apaixonada por Mather. E o que mais gostei da personagem é que ela nunca deixou esses sentimentos atrapalharem seus objetivos. Em Ice Like Fire eu já estava vendo sinais que os dois iriam se aproximar novamente. O melhor de tudo é que Sara trabalhou muito bem essa reaproximação dos dois amigos: Mather é a única pessoa que Meira pode confiar de olhos fechados; e, apesar de algumas desavenças, Mather está sempre disposto a ajudar Meira em qualquer coisa. Intercalado com tudo que esses dois personagens sentiam no meio dessa loucura toda, Sara construiu um romance bem crível e nada forçado, mas como sempre sem tirar o foco do que é importante.
"Não há nada de mágico sobre isso. [...] Nós merecemos tudo que acontece aqui.*"
Nos capítulos finais tudo que acontece é tiro, porrada e bomba. Fiquei apreensiva por todos os favs da história e, ao mesmo tempo, desejando morte lenta e dolorosa para todos aqueles que mereciam uma morte lenta e dolorosa. Entretanto, meu coração parou no finalzinho do penúltimo capítulo e eu já estava no chão, em posição fetal. Mas a diaba da autora é tão the monha teve uma sacada majestosa que só pude bater palmas. O melhor de tudo é que esse detalhe estava sendo esfregado na minha fuça desde o começo do livro, mas eu tenho certeza que todo mundo que leu deixou passar despercebido.
Li muitas reviews que acharam o desfecho da história um tanto médio. Pra mim Frost Like Night foi um desfecho à altura de toda a história que Sara construiu. É um livro que prende do começo ao fim e deixa com os feelings nas alturas.
"Nós somos nossa própria magia agora. Nada pode nos parar.*"
Frost Like Night já foi lançado no Brasil com o nome de Geada e Noite, pela HarperCollins.
*Traduções feitas por mim
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