Jessica Becker 24/12/2016Natal Negro " 'Ia ser um inferno a noite de Natal', pensou. Um assassinato a esta altura do ano. Isso fez com que os cânticos e as fitas nos papéis que embrulhavam os presentes parecessem contaminados, envenenados, manchados." (pág. 105)
O que você mais quer no Natal? Reunir a família em torno de uma mesa farta enquanto observa as crianças brincarem à espera do Papai Noel? Ganhar aquele presente caro que seria impossível receber em outra ocasião? Fazer a alegria de crianças carentes distribuindo brinquedos e doces?
Tudo o que os cidadãos da pequena Murdock mais querem no Natal é poder dormir sossegados, sabendo que o assassino que está à solta finalmente foi capturado. Mas o xerife Bud Dansmore não tem pistas de quem possa ser o responsável pelo assassinato brutal de duas jovens, amigas de sua filha. Não existem provas que possam incriminar os únicos suspeitos, apenas circunstâncias. Quais os critérios utilizados pelo criminoso para escolher suas vítimas? O que o motiva a matar? Quantas mais irão morrer? Estas são apenas algumas das perguntas que o xerife, cujo casamento está por um fio, deve responder para chegar ao assassino e impedir que ele faça mais vítimas.
"O medo faz todo mundo agir como um idiota; arrasta você a estranhos lapsos de comportamento, perverte seus instintos, diminui sua moral. Você simplesmente para de raciocinar quando sente o peso do medo." (pág. 90)
Publicado nos anos 90 pela editora Francisco Alves, Natal Negro é integrante da coleção Mestres do Horror e da Fantasia e está há anos esgotado no mercado editorial. Li a obra pela primeira vez há cerca de dez anos e me lembro de ter ficado bastante chocada com as cenas dos assassinatos. Hoje, o que mais me chamou a atenção em Natal Negro, e que fez com que permanecesse entre as melhores leituras que já fiz do gênero, foi a forma que Thomas Altman encontrou para demonstrar uma mente humana doentia, capaz de transgredir todos os limites socialmente impostos. Ele intercala narrativas em terceira e primeira pessoa, permitindo ao leitor ter vislumbres do funcionamento da mente do criminoso antes que ele seja descoberto.
"Gato e rato. Rato e gato. Um jogo mortal está acontecendo aqui. Um jogo, só que ele não estava muito certo quanto às regras, não estava certo se havia alguma." (pág. 116)
Natal Negro é uma ótima leitura para finais de semana e feriados, devido à pouca quantidade de páginas e a escrita viciante de Altman.. A obra é um romance policial característico da década: poucas páginas, leitura fluída, enredo que capta completamente a atenção do leitor e um mistério solucionado somente nas últimas páginas. E quando a solução é apresentada, tudo faz sentido, não ficando nenhuma ponta solta.
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https://acervodajess.wordpress.com/2017/09/25/resenha-30-natal-negro/