spoiler visualizarJaguatirica 18/04/2024
Desolador
Me apeguei muito à Mariam, talvez porque foi através dela que o livro foi introduzido. Me apeguei muito! Quando Laila apareceu eu torcia pra Mariam aparecer logo. Mas esse livro é desolador, sem respiro... Até tem umas cenas fofas aqui e ali, e vemos o poder do amor em meio à guerra. Ainda assim... Foi pesado sem respiro, sem pausa, sem chance de escape.
Do início ao fim do livro Mariam não teve a chance de ser a protagonista da própria vida, viveu e morreu de forma hedionda, como uma coadjuvante da própria vida. Isso me machucou muito. Tão meiga, corajosa, amável. Merecia mais, sabe? Mas nem todos conseguem. "A justiça tarda mas não falha", será? Às vezes a justiça simplesmente não vem, essa é a verdade. Muitas pessoas morrem no desespero, enganadas, traídas, essa é a verdade.
Talvez se o livro tivesse mais respiros, eu desse 5 estrelas mas ele foi o que é uma guerra: o fim do beco, um espaço sem saída, uma existência onde o amor parece perder a força diante das armas, das bombas, dos corpos despedaçados e dos crimes de guerra que sabemos que existem. Sobretudo, o amor parece frágil dentro de um sistema político armado pelos EUA (como de praxe) misógino e que está disposto a desumanizar e a tirar toda a alegria do Afeganistão, pois quando não se tem mais alegria, as forças pra lutar também são minadas.
Quando o jihad foi "empurrado" pro Paquistão, eu soube... A guerra só mudou de lugar. Não há liberdade onde há guerra. Só desolação, desespero, vidas inocentes perdidas, solidão, desamparo...
E é essa a sensação que o livro me deixa. As vidas de alguns continuam, é claro, mas a mancha de sangue é tão densa... ela ofusca tudo. Pois é, Rosa, viver é mesmo muito perigoso, é o demônio no meio de redemoinho.