Codinome 14/10/2018
Um pouco sobre "Confissões"
Santo Agostinho foi, e ainda é, um dos mais importantes pensadores da religião cristã, exercendo uma enorme influência nos anos subsequentes a sua biografia, essa que pode ser compreendida um pouco mais através de “Confissões”: uma espécie de autobiografia perpassando sua vida. Nascido na região de Tagaste (atual cidade de Souk Ahras, localizada na Argélia), Agostinho foi sempre uma pessoa que buscava um rumo para sua vida, muitas vezes, principalmente na infância e juventude, se associando a atividades luxuriosas, de roubo e espetaculosas. Os próprios pais podem ter exercido essa influência, apesar de sua mãe Mônica ser muito devota, em situações como, por exemplo, a do seu batismo: em que não o batizaram para ter mais tempo de aprontar antes de ser sacramentado.
O tempo vai passando, e vemos ele sendo influenciado por diferentes doutrinas. Uma que ele comenta bastante, pois foi um seguidor, e é foco de crítica ao longo de toda sua confissão é a doutrina do maniqueísmo; que estava em moda meio que na época. Nela há uma marcante dualidade de pensamento entre Bem e Mal, e essa dualidade vai aparecer em praticamente tudo. Nessa fase da vida, Agostinho já tinha um estudo em retórica (que mais tarde também vai criticar e se desligar) e conhecia bem a fundamentação de um discurso. Com esse conhecimento ele percebia e fazia questões aos maniqueus (os discípulos do maniqueísmo) que eles mesmos não sabiam responder. Desd'esse momento, Agostinho começa a se desiludir perante essa espécie de religião e tem seu ápice com um tal de Fausto. Esse Fausto, um bispo maniqueu, era um cara que os maniqueus disseram que ia resolver todas as dúvidas de Agostinho, Agostinho espera para conversar com ele e o guru Fausto meio que diz que nada sabe: uma resposta pelo menos honesta, mas que de nada serviu aos dilemas de Agostinho.
Agostinho viajou bastante ali na região do norte da África, Roma e Milão. Quando ele foi para Milão, conheceu o bispo Ambrósio, a partir daí podemos começar a ver um início de influência do catolicismo em seu pensamento. Ainda que bem imaturo e cheio de contradições. Isso vai se culminar com a conversão dele da metade ao fim do livro. Ao fim, temos um Agostinho já interpretando o livro de Gênesis e com ideias bem próprias ao pensamento cristão, que ele mesmo parece que ajudou a desenvolver.
O livro é cheio de citações bíblicas e sempre numa interlocução com Deus. Apesar de ser uma confissão a Deus, ela acaba sendo, na prática, uma confissão aos homens; com esse testemunho ele busca ajudar, aqueles que chama de indivíduos carnais, a se tornarem indivíduos espirituais.
O livro também acaba sendo bastante filosófico, pois traz diversas questões sobre qual o nosso papel na vida, sobre o tempo, sobre Deus. Existem até sequências de perguntas que é algo comum de se acontecer em livros de filósofos. Isso pode deixar a leitura um pouco mais amarrada, mas dá para se entender.