Lisse 11/02/2017
Debut avassalador de 2017! <3
Não poderia ter começado o ano melhor do que com o meu debut com Collette West. Nunca tinha lido nada dessa autora e a surpresa teve um efeito muito positivo em mim por várias razões.
Com uma narrativa em 1° pessoa com ambos pontos de vistas, o primeiro volume da série Stockton Beavers tem muitos ingredientes na medida certa.
Luke e Roberta são um casal muito bonito de acompanhar. Ele é um jogador de beisebol em recuperação devido a uma lesão provocada por um rival na última temporada, que agora precisa unir sua vida familiar com o esporte que tanto ama. Já ela, vem de um passado conturbado e com vários segredos, mas que encontra numa cidade pacata e num time de beisebol, um motivo para recomeçar.
Luke está passando por um momento de indecisão onde precisa decidir se coloca sua família em primeiro lugar ou abandona a oportunidade após a melhora da sua lesão. Em muitos momentos ele realmente quer largar tudo da sua carreira para ajudar a família, e isso foi tão bonito de se ver. Qual jogador faria isso? A literatura é recheada de jogadores egocêntricos.
Quote: Eu franzo a testa em frustração, sabendo que ele está certo. Eu lhe dei tanto de mim, mais do que eu dei a qualquer outro homem. No entanto, eu ainda estou segurando uma parte de mim, e ele pode sentir isso. Tenho tanto medo de me permitir ser vulnerável, que eu me treinei para ser resistente, endurecendo meu coração contra todas as pessoas que chegam perto de mim.
E ao mesmo tempo, Roberta seguiu o mesmo caminho das personagens femininas que tenho gostado tanto. Ela não torna a própria dor um motivo para ser infeliz ou para maltratar os outros. Descobrimos alguns capítulos em que nos é contato o passado de Roberta. E na medida certa, Luke é o que Roberta precisa: companheirismo e um amor calmo.
Quote: — Porque é que o caminho para chegar ao coração de um homem é sempre pelo estômago?
Eu bato na sua bunda e tento me apressar para passar por ele, mas ele é muito rápido pra mim, então ele põe seus braços em volta de mim por trás, beijando meu pescoço.
— Você não tem que se preocupar com isso porque você já tem meu coração, todo ele.
Em alguns momentos, queria incentivar a Roberta com um abraço e dizer para ser mais sincera com Luke. Queria dar outro abraço nela também quando seus segredos vieram à tona, queria agradecê-la por ser tão boa com a mãe do Luke. Uma protagonista que é uma boa amiga e sustentou bem sua vida, mesmo que não estivesse muito boa no momento, é digno de elogios.
A principal característica que amei é o livro inteiro não ter cenas sexuais. Foi ao mesmo tempo um alívio e uma renovada nos ânimos devido às várias cenas de sexo sem conteúdo e sem propósito que tenho encontrado em muitos livros ultimamente. O casal tem momentos íntimos, mas em nenhum momento durante a leitura me peguei curiosa em querer saber o que faziam em quatro paredes.
Quote: — Está tudo bem. Você me inspirou, isso é tudo o que importa.
Eu sussurro, quase para mim mesma, — É só que é tão engraçado.
— O que é engraçado?
— Como você pode fazer um impacto na vida de alguém, e nem sequer saber disso?
— Você fez... — Ele faz uma pausa, sua voz começando a rachar. — Eu apenas pensei que tudo ia ficar bem, uma vez que você chegou a Stockton. Que, de alguma forma, você estivesse aqui para salvar o dia. — Ele inclina a cabeça. — Mas eu acho que o que você está tentando passar para minha cabeça dura é que, no final, nenhum de nós tem o que é preciso para manter minha mãe [...], e é devastador ter que aceitar isso.
Em contra partida, me vi envolvida demais nas emoções do casal, e o que acontecia na vida e dentro da cabeça de cada um. Além de Collette West escrever com o coração, muitas vezes durante a narrativa me senti muito ligada com os personagens, como se eu também fosse uma personagem e não expectadora dos eventos.
Para todos os efeitos, achei Luke muito normal, um adulto de verdade, e mesmo sendo famoso e tendo que morar numa cidade onde seu pai - um jogador que deixou um legado - quer seguir seus passos. E também um aspecto físico do Luke fez a caracterização do próprio personagem ser mais bonita, e somando a isso ao fato de ser diferente e ser uma coisa que faz Roberta gostar mais dele, me deixou muito feliz em sair do clichê.
Então, diferente de outros livros de jogadores que li, Single é um alento, pois não tem a farra de um campus universitário e nem a ânsia do protagonista masculino em ser o garanhão do pedaço. E tem a sinceridade e o impacto de uma rotina diária de uma pessoa normal, com seus contratempos da atividade doméstica e o amor que permeia uma família.