Annalisa 27/11/2022Anna e o Homem das Andorinhas
Cada homem é o guardião de sua própria alma.
Anna Lania de apenas sete anos se encontra em meio a uma guerra sem nem saber ao certo o que a palavra "guerra" significa, criada e cuidado por seu pai, cresceu sempre cercada de amor, conforto e carinho. E de um dia para outro está sozinha, sem casa, sem seu pai, comida ou abrigo. Não entende o que está acontecendo, não sabe o que tem que fazer. Perdida em meios aos ruas de Cracóvia encontra uma singela esperança no estranho Homem das Andorinhas, primeira pessoa a passar e demonstrar um pingo de compaixão por ela e situação de abandono.
E em meio a uma escrita beirando a poesia, seguimos a jornada de Anna e o Homem das Andorinhas atravessando a pé a Cracóvia, Polônia, Alemanha e um pedaço da Rússia, fugindo dos horrores da guerra e tentando pertencerem invisíveis e insignificantes. Da mesmas forma que Anna não possui conhecimento de nada, nós também não temos. Não sabemos onde estamos, o que está acontecendo, não sabemos quem é o misterioso Homem, de onde ele vem, para onde está indo, qual seu propósito ou de quem está fugindo. Apenas seguimos andando, dia após dia, semana após semana, e as estações mudam, e Anna aprende excepcionais informações sobre sua sobrevivência em meio a um mundo caótico e sem esperança.
"Mas o conhecimento também é uma espécie de morte. Uma pergunta detém todo o potencial do universo vivo em seu interior. Da mesma maneira, um bocado de conhecimento é inerte e estéril. As perguntas, Anna, são muito mais valiosas do que as respostas, e também provocam muito menos destruição à sua frente. Se você continuar a buscar perguntas, não poderá se perder do caminho certo." - Página 266
Termino o livro com uma sensação de derrota, desespero e tristeza. Não consegui aceitar aquele final, pela amor de Deus, preciso de informações, preciso de respostas, é um fim sem fim, sem qualquer tipo de entendimento ou explicação. Como se tivéssemos parado de ler uma frase no meio. Para onde Anna estava sendo levada? Onde o Homem da Andorinhas foi? Quem ele era? O que ele escondia?
O livro foi todo escrito com uma delicadeza que beira a inocência de uma criança, sem enrolação e muitas vezes mostrando a dura realizada da vida. Ele tinha tudo para ser um próximo "Menino do pijama listrado", mas aquele fim, para mim, matou qualquer tipo de magia e surrealismo que ele possa ter criado. Talvez eu possa entender o objetivo do autor, mas talvez, sem querer, ele tenha matado toda a história ao terminar dessa forma.
"Eles é que estão errados, minha pequena Anna, não você. Os homens que tentam entender o mundo sem a ajuda das crianças são como homens que tentam fazer pão sem a ajuda de fermento." - Página 51.