Arco de virar réu

Arco de virar réu Antonio Cestaro




Resenhas - Arco de virar réu


12 encontrados | exibindo 1 a 12


Max 25/06/2020

Para quem gosta de um texto bem escrito, esse livro é bastante indicado.
A narrativa é um pouco arrastada, mas no geral é um bom livro.
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Dedé ! 21/01/2023

Para ser lido às cegas
A escrita é um pouco complexa, mas o texto vale a pena e deve, preferencialmente, ser lido de uma só vez. O tamanho da fonte é grande e os acontecimentos são poucos, então as páginas avançam depressa.

Acompanhamos tudo da perspectiva do protagonista e as surpresas da história também se dão por meio dessa perspectiva, por isso digo que a sinopse é dispensável em detrimento de conservar essas surpresas e, por ser uma leitura rápida, não custa correr o risco e ler às cegas. O final certamente foi inesperado para os leitores alheios às informações da história.

Não traz arcos muito extensos ou grandes reflexões, mas é um passatempo interessante.
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Paula 23/03/2016

Muito bom!
Primeiro romance do escritor brasileiro Antonio Cestaro, Arco de virar réu chama a atenção pelo trabalho cuidadoso com a linguagem. A narrativa ágil nos envolve do início ao fim - é desses livros que não conseguimos parar de ler até chegar à última página.

A fronteira tênue entre doença e normalidade, entre sanidade e loucura é o tema do romance, que se divide em quatro partes. O narrador-protagonista é um homem de meia idade, filho primogênito de uma família simples. O casamento dos pais chega ao fim muito cedo e a ausência do pai, e a consequente fragilidade da mãe, causa grande impacto nos filhos. Clara é a irmã mais nova e a única que parece conseguir seguir de forma independente. Pedro, o irmão esquizofrênico, cuja doença se agrava com o tempo, interferindo no dia a dia dos familiares e provocando rupturas profundas na família, é o ponto chave para a narrativa. É a partir da dor, que mistura lembranças e memórias, delírios e pesadelos, que o narrador escreve a sua história.

Cada vez mais ausente pela doença, Pedro se distancia da realidade na fala desordenada e na perda de sentido progressiva que aparece de forma intercalada no texto. A evolução da doença de Pedro aos poucos leva a uma dolorosa percepção do próprio estado mental do narrador, que se agrava após a morte do irmão. As digressões, os fragmentos de memória e os pesadelos, que se originam no tema de interesse do narrador, os costumes indígenas, ajudam a colocar em dúvida a sua própria existência.

Nós, leitores, somos envolvidos no delírio e na dor diante de um mundo cada vez mais duro, onde a própria esquizofrenia parece ser uma "solução", ou talvez a rota de fuga encontrada pelo personagem para lidar com sua própria dor. Enquanto até determinado ponto do texto há uma divisão entre os delírios do irmão e a sanidade do narrador, mais adiante essa linha divisória se confunde, até não haver mais diferença entre sanidade e loucura.

Parte daquilo que considero fatos, que ficaram registrados com a bandeira da verossimilhança na minha mente, acham-se agora submetidos a vozes que dizem e garantem, apoiadas pelos diplomas que exibem nas paredes, que eram realidades paralelas, criadas como subterfúgios ou caminhos de fuga do factual, ou ainda, na interpretação do Juca Bala, os caminhos que percorri quando decidi viver dentro da minha cabeça

O narrador vai morar no sítio da tia Rosana, com a mãe, exatamente como fizera Pedro tempos antes. Isolado da civilização, ele pressente a aproximação da morte. Então, escreve seus segredos numa carta e pede que a entreguem ao primo, com quem ele sempre conversava sobre seus pesadelos. Já não há certezas de que até mesmo esse primo e os outros personagens de fato existiram, ou se são fruto de um delírio. Na carta, o narrador se lembra do arco de virar réu, que dividiu sua vida em duas partes: sanidade e loucura. Nela fica claro, para o narrador e para o leitor, que numa trama de insanos o mundo inteiro é só insanidades (p. 147). Um ótimo romance, recomendo principalmente para quem se interessa pela temática da loucura, já que traz um personagem esquizofrênico, algo pouco explorado na nossa literatura.


site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2016/03/arco-de-virar-reu_23.html
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alineaimee 26/03/2016

Ousado
O romance "Arco de Virar Réu" (2016) é a estreia do editor Antonio Cestaro na literatura de ficção (ele tem dois livros de crônicas publicados). O livro narra em primeira pessoa o processo de deterioração psíquica do protagonista um historiador social com grande inclinação para os estudos antropológicos. Identificando-se brevemente como J. Bristol, o protagonista narra sua conturbada trajetória mental, desde o esfacelamento familiar com a partida do pai, o enlouquecimento do irmão e o embotamento da mãe até o ápice de sua condição delirante.

A relação com a doença mental tem início através do irmão mais novo que, ainda na adolescência, inicia um processo de descolamento da realidade em benefício de uma narrativa de guerra particular e constante. Esse processo culmina no diagnóstico de esquizofrenia. Durante um simpósio sobre hábitos indígenas, o protagonista tem uma espécie de epifania: reconhece que há, nas falas alucinatórias do irmão, um padrão ritual de desmembramento humano semelhante às práticas das tribos antropofágicas. Essa constatação, curiosamente, leva-o a tentar identificar alguma espécie de sentido nas narrativas do doente, e esse movimento perigoso de penetração nos meandros do tresvario prenuncia a cisão que começa a se alastrar no interior dele próprio.

A doença do protagonista tem início com pesadelos recorrentes, onde ele vivencia experiências rituais e de batalhas indígenas, algumas vezes entremeadas com as narrativas militares do irmão. Há algo de simbólico nesse delírio masculino que leva os indivíduos de volta a uma condição guerreira, onde a luta pela sobrevivência é encenada pela força dos próprios braços, numa espécie de restauração de protagonismo primitivo.

Esse caráter onírico dos delírios iniciais se desdobra no corpo da narrativa, que se apresenta nebulosa, vaga, repleta de lacunas. O relato desse narrador não é nada confiável e a extrema concisão dos capítulos e economia de dados oferecidos denuncia a iniciativa deliberada de esconder. A falta de sentido e de respostas experimentada pelo protagonista é replicada na experiência de leitura, através da qual obtemos muito pouco o que pode constituir um incômodo, já que algumas relações e fatos da trama parecem carecer de desenvolvimento e consistência. Essas faltas, no entanto, cabem bem num discurso manipulador de um indivíduo que por um lado tenta adiar certas revelações importantes, e por outro não mais consegue diferençar o mundo real das alucinações que produz.

Ao longo do processo de agravamento das alucinações, o personagem decide escrever, registrar suas memórias e sonhos, ciente de que boa parte de seus escritos não corresponde à realidade. Essa imprecisão, no entanto, nunca é suficiente para esmorecer suas tentativas de entendimento, sua busca por alguma autonomia. A leitura atenta do relato principal, ou seja, do romance mesmo, proporciona certas revelações que jamais serão anunciadas diretamente pelo narrador protagonista, mas que permitem a compreensão de sua história.

Um dos pontos de destaque do livro é o manejo original da linguagem. Enquanto no relato principal o protagonista se utiliza de uma série de metáforas e associações inusitadas que sugerem o gradativo afastamento de uma atividade mental regular, as falas delirantes revelam-se profundamente poéticas, como se a loucura permitisse uma relação mais livre e menos condicionada com a linguagem relação essa que toda uma geração de poetas surrealistas se esforçou por alcançar.

"Sinal de exigir resposta ao chamamento! Pensar vergalhões de esmagar conquistas ancorados no brio." Pg. 134

A eficiência do romance, no entanto, esbarra numa certa falta de tensão. A narrativa soa excessivamente clara, além de curiosamente distanciada para um narrador delirante que experimentou repetidos surtos de paranoia. A descrição desses episódios é feita com um olhar clínico, frio, embotado talvez pelos medicamentos e procedimentos terapêuticos, mas ainda assim um tanto meticuloso e controlado.

Considerada essa inconsistência, "Arco de Virar Réu" se mostra uma estreia interessante, ousada, que arrisca um tratamento original da linguagem e que investiga os modos por que a busca de sentido se manifesta numa mente dilacerada.
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Kennet Anderson 19/08/2016

Um emaranhado de loucura!
Bom, não digo que achei o livro ruim, mas também não foi uma das minhas melhores leituras. Cestaro escreve essa história de um modo tão rebuscado sobre um tema tão assustador e real, que me pareceu estar lendo uma mistura de Machado de Assis com Olavo Bilac!

Interessei-me pelo livro ao ver a sinopse: algo que envolve um homem com obsessão por rituais de antropofagia indígena. Porém me decepcionei ao perceber que a narrativa predomina na relação entre o protagonista e seu irmão esquizofrênico (vivendo numa loucura própria de relações patenteais dentro de uma guerra).

A escrita é interessante no início, mas depois de um tempo comecei a cansar com a descrição extensa e bem rebuscada de alguns acontecimentos. São 2 parágrafos, quase como uma dissertação científica, pra dizer que alguém deu uma pequena olhada pela janela!

De qualquer forma recomendo a leitura, é um desafio ler algo diferente assim. Ah, e quero deixar uma boa expectativa para as últimas páginas, pois deixam você muito pensativo sobre as fronteiras entre o real e o imaginário!
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Tati 07/04/2016

Arco de virar réu, Antonio Cestaro
A loucura. O inconsciente a céu aberto, disse Lacan quando falou da psicose. Esquizofrenia. Dividir a mente em dois. Delírio, alucinação. Funcionamento psíquico que encanta a arte e a literatura desde os tempos primeiros. Mas que, na vida real, encarcera o sujeito e o deixa à margem da sociedade. Em seu primeiro romance, Antônio Cestaro decidiu contar uma história que pretende flertar com a fragmentação de uma mente psicótica. O espaço que pertence à dispersão, ao duelo com o que vem de fora, ao medo daquilo que permanece descoberto. O narrador é um historiador com os estudos voltados para a antropologia e que, em determinado momento, percebe que há uma relação entre o discurso da loucura e aspectos dos rituais e costumes de uma tribo indígena tupinambá. Sua percepção vem a partir do irmão Pedro, diagnosticado na adolescência como esquizofrênico.

Para ler mais, acesse: http://nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/04/arco-de-virar-reu-antonio-cestaro.html

site: http://nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/04/arco-de-virar-reu-antonio-cestaro.html
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Nathalia 13/04/2016

Arco de virar réu - Antonio Cestaro
A trama dividida em quatro partes é narrada em primeira pessoa pelo protagonista J. Bristol, um historiador social fascinado por antropologia indígena.

No início o personagem conta sobre a insatisfação com sua realidade de vida, das responsabilidades que acabou ocupando após a separação dos pais e dos problemas que apareceram depois da ruptura (a partida da irmã em busca dos próprios objetivos, a morte do pai, os primeiros indícios e agravamento constante da esquizofrenia do irmão mais novo Pedro e o alcoolismo e fragilidade da mãe).

Ocupo todo o espaço possível em aventuras capazes ao menos de confundir os fatos e na amarga realidade que fez minha própria história uma pequena tragédia sem nenhuma importância para o mundo.
Pedro perde o espaço lúdico para a realidade paralela de viver em uma guerra. E Bristol em suas tentativas de encontrar sentido nesses delírios e correlacioná-los com a verdade, passa a acreditar ter encontrado semelhanças de padrões nos rituais indígenas de seus estudos nas falas do irmão.

Cada vez mais envolvido com a insanidade e envolto nos problemas familiares, o personagem começa a se deteriorar psicologicamente com pesadelos e devaneios envolvendo militares e índios, que se agravam ainda mais após a morte do familiar esquizofrênico.

E é exatamente nesse ponto que a narrativa se modifica. Vemos-nos dentro da cabeça perturbada do narrador sem saber se determinados fatos ocorreram ou é invenção, faltam informações e sentido, mostrando para o leitor a dificuldade de discernimento da realidade para com a fantasia na mente dele.

Tenho passado horas inteiras peneirando lembranças no esforço de lotear a memória em coleções agrupadas por temas e indivíduos. Ao grande grupo do fantasioso, composto de suposições aspiracionais, conjecturas futurísticas e outras divagações de gêneros semelhantes, junto as experiências alucinatórias dos pesadelos e o deslumbramento utópico dos sonhos.
Ao pressentir a morte cada vez mais próxima J. Bristol escreve uma carta para seu primo Juca, seu amigo e confidente durante toda trama, com seus últimos pensamentos e confissões dando desfecho à história.

Com linguagem poética e fluida Antonio Cestaro fez um livro muito prazeroso de ler. Sua escrita me lembrou de Augusto dos anjos que utilizava dessa visão dramaticamente angustiante da matéria, da decrepitude de cadáveres, dos anseios e angústia existencial nas suas obras.

Não há cura possível para as doenças da alma, o remédio definitivo cabe a serventia da morte, com sua eficiência antisséptica, que elimina, seca, anula, aborta, extingue, recicla e devolve ao planeta apenas uma pequena porção de matéria orgânica que se funde com o solo para fazer brotar de jequitibás e ervas daninhas. As ambições, os quereres, as dores, os medos, os planos suicidas evaporam e caem em gotas num oceano de suavidade onde cedem mansamente os seus significados. E nesse espiral eterna a morte é segura, confiável, resolutiva um precioso recurso.
O autor também utiliza o índio, fonte de inspiração de muitos outros livros brasileiros, e da temática loucura que o torna um diferencial.

Recomendo a leitura desse primeiro romance escrito por Antonio Cestaro aos amantes de uma boa literatura brasileira. E deixo meus cumprimentos à editora pelo trabalho surpreendente e bem feito.

site: http://www.escrevarte.com.br/2016/04/arco-de-virar-reu-de-antonio-cestaro-tordesilhas.html
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 30/04/2016

Arco de virar réu
Eu recebi um e-mail da Editora Alaúde apresentando a obra e perguntando se eu gostaria de lê-la e resenhá-la. Aceitei, pois queria ler algo da editora e a capa, que sugeria a presença de elementos indígenas na trama, me chamou a atenção (li recentemente um outro livro com temática indígena, "Na esquina do mundo", e queria mais leituras com o tema). Para mim, "Arco de virar réu" é um livro bem difícil de resenhar, pois é daquele tipo de obra onde a interpretação do leitor faz toda a diferença, mas tentarei fazer o meu melhor.

"Tudo parecia se encaixar aos poucos na normalidade, à exceção do Pedro, que gradativamente se tornava mais reservado, arredio, cada vez menos disposto às atividades que incluíssem pessoas e espaços livres." (página 20)

A história é narrada em primeira pessoa, pelo protagonista a quem chamarei de Bristol. Ele tem um irmão mais novo chamado Pedro, que tem problemas mentais e fala constantemente sobre operações militares, soldados e guerras. Bristol tenta encontrar nas falas de Pedro alguma coisa que tenha conexão com a realidade, e talvez seja isso que lhe custe um alto preço, o preço da sua sanidade. O protagonista, que trabalha com pesquisas sobre a cultura indígena, passa a ter pesadelos constantes, que vão evoluindo cada vez mais até o desfecho.

"O Pedro não se dava conta de que, ao assumir aquele comportamento, estava se desarmando para a batalha de uma guerra que poderia durar por toda uma vida." (página 20)

Na maioria das vezes, eu não gosto de livros que não sejam totalmente claros ou que sejam narrados por um personagem insano, mas mesmo com uma linguagem um pouco mais elaborada (Antonio Cestaro conseguiu evitar ultrapassar uma tênue linha que poderia ter tornado seu texto enfadonho, algo que nem todo autor consegue) e não revelando os acontecimentos em sua totalidade, eu gostei de "Arco de virar réu". Consegui sentir empatia pelo protagonista, fui tocada pelo que lhe acontecia e pelo que ele sentia, gostei da forma como a história foi dividida em quatro partes, permitindo ao leitor acompanhar a degradação mental do personagem.

"Histórias distintas em mundos diversos, conflagrações que usam de forma oportunista os meus temores e os sobrepõe aos desvarios do Pedro. Que me fazem pagar por mim e por ele um preço para além da minha resistência." (página 67)

Na contracapa, há uma informação que eu não consegui identificar na leitura, mas que talvez em uma releitura me fique mais clara e me faça compreender melhor a relação do narrador com um determinado personagem, assim fica a sugestão para que se leia a contracapa antes de começar a leitura da obra.

Sobre a parte visual: quando tive o livro em mãos, fiquei pensando que a capa estava suja, e acho que se tivesse visto ele em uma livraria, acharia o mesmo e acabaria não o comprando. Foi uma escolha ousada da editora, mas que certamente já chamaria a atenção para a obra. Eu gostei da escolha das fontes e das cores, desse tom forte laranja que também está no interior da capa. As páginas são amareladas, as margens, a letra e o espaçamento são grandes, e a obra está muito bem revisada.

Enfim, "Arco de virar réu" é uma indicação para quem gosta de histórias que falem sobre (in)sanidade e para quem procura uma leitura (que pode ser) rápida. Agradeço a editora Alaúde por ter disponibilizado o livro para resenha. Por hoje é só, espero que tenham gostado.

"Sei que pertenço ao outro mundo, aquele onde um travesseiro apoia a minha cabeça, mas não estou totalmente seguro. Sou um pacote de incertezas transitando entre o subconsciente e uma realidade que, para ser razoável, não tenho clareza se é tão real." (página 70)

* Acesse o blog para ver fotos do livro.

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/04/resenha-livro-arco-de-virar-reu-antonio.html
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Luísa 20/06/2016

O que é a insanidade? Existe uma conexão entre a perda da razão e afloração da criatividade? Qual seria o limite entre esses dois estados?

Em Arco de virar réu, primeiro romance do escritor paranaense Antonio Cestaro (Tordesilhas, 151 páginas), acompanhamos o narrador por um labirinto incontornável e perigoso dos liames entre a lucidez e a loucura, a realidade e o delírio, em que o inconsciente do protagonista está “a céu aberto”, nas palavras de Lacan.

O narrador, cujo nome só ficamos sabendo ao final do pequeno romance, é um homem de meia-idade, historiador interessado em antropologia, mais especificamente nos rituais dos índios tupinambás – sobretudo o canibalismo -, preso a um núcleo familiar composto de personagens perturbados – o pai ausente, a mãe amorosa com problemas de alcoolismo, o primo usuário de drogas e, principalmente, o irmão Pedro, diagnosticado com esquizofrenia na adolescência, doença que vai afetar e influenciar profundamente o narrador. A irmã Clara parece ser o único porto de sanidade na família desestruturada.

Leia mais em:

site: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/resenha-arco-de-virar-reu-de-antonio-cestaro-por-luisa-gadelha/
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crispychilli 05/08/2016

Perturbador na medida certa.
Arco de Virar Réu é o romance que narra em primeira pessoa toda a degradação da vida do protagonista. Desde o início dos anos 70 — tempos da adolescência e viagens da família, um pouco antes da separação dos pais. Traz uma história densa, não por tratar de um pai ausente mas retrata de modo próximo a esquizofrenia. O narrador e protagonista é um historiador que estuda a antropologia dos índios tupinambás. Nos relata de forma única a doença que acometeu o irmão caçula Pedro, quando o mesmo ainda estava na escola. Para desespero da mãe, dona Tereza, a doença o torna cada vez mais distante da realidade. É quando ele passa a falar — e discursar — coisas sem sentido algum. Até o dia em que seu sumiço mostra a necessidade de tratamento profissional.

Na sinopse, o livro é descrito como “uma narrativa labiríntica” e depois de ler pude compreender o significado. Mescla passado e cotidiano, floreado de palavras insólitas e frases incomuns aos olhos, acompanhadas por brados surrealistas. Alterna entre poesia, histórico familiar penoso, pesadelos devastadores e uma realidade totalmente paralela. Ufa. Ao ler, me perdi inúmeras vezes entre o rico vocabulário do escritor, não mais compreendendo o que era real ou fantasia. Concluí que o Arco de Virar Réu é para ser lido sozinho, no silêncio da sala de estar. Tive por vezes que reler uma página inteira, deixando a obra um pouco cansativa. O narrador se esforça o tempo todo para acreditarmos em sua lucidez diante dos desatinos do irmão mais novo. Mas o que é a sanidade, afinal? É a partir dessa questão principal que o livro todo se desenrola. Não se assuste se a cada nova leitura uma nova interpretação puder ser feita sobre, visto o tom opressivo da obra.

De início fica nítida a dificuldade do protagonista em lidar com a loucura, tentando fugir e evitá-la. Logo percebe que precisa ajudar a mãe e fica mais próximo do irmão. Talvez não perceba que ele enlouquece e precisa da família ou a família percebe isso antes dele, não fica muito claro. Admito que achei a leitura um pouco confusa, talvez pelo estilo de obra e as várias divagações. Quando temos apenas um ponto de vista (no caso da narrativa em primeira pessoa) o que está em torno do personagem se perde um pouco, na minha opinião.

O grande amor do protagonista, Carolina, estranhamente se afasta e depois concluímos que a loucura a afastou. O trecho incrível pra mim é de longe, quando podemos constatar que o protagonista percebe que algo está para acontecer: sua Carolina está estranha e seu primo Juca Bala que até então se interessava pelas histórias de Pedro passa a indagar sobre seus pesadelos. No próximo capítulo ele acorda em uma cama de hospital e o período em que esteve ali, pareciam horas. Mas é chocante quando você entra na história. Ele afirma que a irmã do meio, a Clara, entra pela porta para visitá-lo com a filha já crescida, sendo que apenas alguns capítulos anteriores contou da gravidez. Você nem percebe o tempo passar, assim como o próprio protagonista se perde com você. E isso é assustadoramente real.

Sobre a edição: impecável. Diagramação gostosa de ler, folhas diferenciadas, fontes legíveis e tamanho agradável. A arte alegre da capa é interessante e as cores chamam a atenção ao longe. Quando lia em um consultório, umas três pessoas vieram me perguntar sobre ele. Se eles soubessem a história… talvez as cores sobressaiam a confusão da arte em si.

Talvez por se tratar de problemas emocionais e conflitos familiares, achei o livro e a leitura ambos um pouco pesados pra mim. Mas friso que vale a leitura, principalmente quem se interessa por comportamento humano e inúmeras digressões. Fiquei mesmo com o coração apertado ao ler a história dessa família devastada pelo tempo.

Só uma coisa a dizer: Meus parabéns, Antônio Cestaro. Este livro é perturbador na medida certa.

site: http://www.since85.com.br/arco-de-virar-reu-resenha/
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vortexcultural 07/08/2016

Por Cristine
“Você vive dentro da sua cabeça. Você não vive no mundo.”

Primeiro romance de Antonio Cestaro – que já tem publicados dois livros de crônicas: Uma Porta para um Quarto Escuro e As Artimanhas de Napoleão e Outras Batalhas Cotidianas – o livro conta a história de um historiador social, cujo principal interesse é o estudo antropológico de sociedades indígenas, seus rituais e costumes. Narrado em primeira pessoa, o livro conta a história de um homem de meia-idade, primogênito de uma família de pais separados. Família que, como tantas outras, tem seus problemas: a ausência do pai, a fragilização da mãe, a esquizofrenia do irmão mais novo, Pedro.

A doença mental de Pedro se manifesta na adolescência, quando se inicia um descolamento da realidade e ele passa a vivenciar uma guerra imaginária particular. O narrador tenta de alguma forma encontrar sentido nesses delírios, enquanto seu primo, Juca Bala, quer se valer dessas histórias para fazer um filme. Esse mergulho na loucura do irmão desencadeia no narrador pesadelos recorrentes envolvendo rituais indígenas que se mesclam às narrativas de cunho militar de Pedro. A sanidade do narrador vai se esvaindo aos poucos, até ele próprio descobrir-se doente.

“Voltando alguns anos no tempo, concluo que foi um engano pensar que a Carolina me acompanharia destemida por qualquer caminho. Há uma ponte entre a fé e a razão que a Carolina, mesmo com a sua formação em ciências humanas, não estava disposta a transpor. Todo o meu esforço para entender além da matéria e do instinto primário da vida ia ruindo com o conhecimento da complexidade das sinapses e seus caminhos sulcados, que tornam a transgressão uma recorrência obsessiva. Por vezes seguia sem o juízo da censura pelos pensamento que seriam do Pedro, e o impacto de antes já não me abalava. Sentia-me só novamente.”
(p.48)

Leia a crítica completa no Vortex Cultural.

site: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-arco-de-virar-reu-antonio-cestaro/
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criscat 12/12/2016

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Primeiro romance de Antonio Cestaro - que já tem publicados dois livros de crônicas: Uma porta para um quarto escuro e As artimanhas de Napoleão e outras batalhas cotidianas - o livro conta a história de um historiador social, cujo principal interesse é o estudo antropológico de sociedades indígenas, seus rituais e costumes. Narrado em primeira pessoa, o livro conta a história de um homem de meia-idade, primogênito de uma família de pais separados. Família que, como tantas outras, tem seus problemas: a ausência do pai, a fragilização da mãe, a esquizofrenia do irmão mais novo, Pedro.

site: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2016/04/26/arco-de-virar-reu/
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