Gramatura Alta 02/06/2016
Decepcionante
Existem várias mídias onde se contar uma história, e uma delas é em um jogo para consoles ou computadores. Ao contrário do que muitos pensam, jogos não são apenas ações desencadeadas pelo apertar de botões. Quase todos possuem uma história que motiva o avanço de níveis. E algumas dessas histórias são fantásticas. Entretanto, elas são construídas levando em consideração onde serão contadas.
BATMAN: ARKHAM KNIGHT é, originalmente, o quarto jogo da série desenvolvida pela Rocksteady Studios. Os produtores resolveram levar o enredo para o meio literário e chamaram Marv Wolfman, escritor famoso de quadrinhos, responsável pela saga Crise nas Infinitas Terras, da DC, para adaptar a história.
O resultado? Decepcionante. Por quê? Vou tentar explicar.
O histórico de Marv Wolfman é composto por histórias em quadrinhos, onde o escritor escreve diálogos e explica como deseja a composição básica de cada página. Quem, realmente, fica responsável por transmitir sentimentos, é o desenhista. Assim, a narrativa de BATMAN: ARKHAM KNIGHT é fria, sem emoção. E quanto digo emoção, não me refiro a acontecimentos que surpreendem, que criam tensão ou que causem suspense. O que quero dizer é que, basicamente, ele descreve o que acontece no jogo, como se ele estive vendo alguém jogar, sem estabelecer sentimentos. Junto a isso, ele acrescenta alguns detalhes sobre cada personagem em foco, que acabam quebrando o próprio ritmo da ação.
E isso leva a outro problema. BATMAN: ARKHAM KNIGHT, o jogo, é extenso, tem muitas fases, desafios, heróis, vilões, lutas, perseguições e mais uma dezena de desafios. Tudo isso condensado em 260 páginas, fica excessivamente corrido, sem espaço para desenvolver o relacionamento de qualquer personagem. Com exceção dos principais, o leitor não se importa com o restante. Não há tempo para formar qualquer vínculo com eles. Acabamos lendo página atrás de página, como se alguém nos contasse um filme na pressa. Teria sido mais benéfico se tivessem cortado várias fases do jogo na adaptação, reunido apenas as principais, essenciais à trama, dando mais espaço para o desenvolvimento dos personagens. Mas até missões secundárias estão no livro.
Na verdade, para quem jogou, não há nenhuma surpresa. Tudo está lá, sem qualquer diferença. Inclusive o final forçado.
Em resumo, BATMAN: ARKHAM KNIGHT, o livro, não consegue agradar quem joga, nem quem gosta de ler. Ele falha nos dois objetivos. O que vale como compensação, ou não, é que a edição segue a linha da editora Darkside e está bem caprichada. Pelo menos o livro ficará bonito na sua estante.
site: http://www.gettub.com.br/2016/05/batman-arkham-knight.html