Os Confins do Mundo

Os Confins do Mundo Valerio Massimo Manfredi




Resenhas - Aléxandros


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Marlonbsan 30/11/2021

Os Confins do Mundo
No último livro da trilogia sobre Alexandre, o Grande, acompanhamos a sua trajetória de expansão territorial, suas conquistas, perdas e sua relação, tanto com o povo da macedônia quanto com os persas. Os caminhos trilhados não foram fáceis e privou ele e seu exército e os anos passaram com eles longe de sua terra, o livro fecha a história e esse ciclo.

O livro é narrado em terceira pessoa e acompanhamos o que acontece com alguns personagens de destaque. A linguagem é simples, apresentando momentos mais e menos densos.

A história foca bastante nas conquistas e guerras travadas por Alexandre e seu exército, mas também há muitas questões sobre o relacionamento deles, a aproximação com os povos persas as intrigas e traições que ocorreram. Os questionamentos feitos por eles em relação às escolhas que Alexandre fazia. Há muita questão cultural da época que também é abordada.

Novamente, há muitas informações que podemos questionar a sua veracidade, se foi realmente assim que aconteceu, mas o cerne da história deve ser o que foi apresentado. Há também algumas informações que são referentes à época, crenças e algo mais místico que servem para contextualizar. O próprio autor releva que alguns pontos foram abordados de forma a dar mais destaque a alguns personagens, principalmente as mulheres, já que não havia muitos relatos sobre a participação delas.

Como o livro passa muito tempo falando sobre a movimentação do exército e estratégias de guerra, a leitura fica um pouco arrastada, mas, de qualquer forma, a temática e o desfecho são interessantes, principalmente por conhecer mais um pouco sobre o que aconteceu depois.

Conteúdo literário no meu IG @marlonbsan, segue lá
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Lista de Livros 24/12/2013

Lista de Livros: Aléxandros: Os confins do mundo, de Valerio Massimo Manfredi
“Uma mulher com filhos talvez não possa ser uma verdadeira amante: o seu coração nunca deixa de pensar em outros afetos.”
*
“– Nunca se pode ter certeza de coisa alguma no mar.”
*
“Não há conquista que faça sentido, não há guerra que valha a pena de ser combatida. No fim, a única terra que nos sobra é aquela em que seremos sepultados.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2011/04/alexandros-os-confins-do-mundo-valerio.html
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Bruno Mancini 21/05/2021

O mais emocionante
Se não fosse a limitação de tempo, para a leitura, que tenho diariamente teria "traçado", este epílogo em uma sentada. Muito obrigado, cativante.
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D.J. Alves 16/10/2021

Naquele momento Alexandre pôde avaliar com clareza a mutabilidade da condição humana, do enfermo atropelo dos eventos da vida. Impérios cresciam e desmoronavam para deixar o lugar a outros, que por sua vez se tomariam grandes e poderosos para afinal dissolver-se no esquecimento. A imortalidade não passaria então de um sonho?

E aí? O que fará depois de conquistar o mundo inteiro? Acha que realmente será feliz? Que terá conseguido aquilo que de verdade deseja? Ou quem sabe poderá ser tomado por uma ansiedade ainda mais forte e profunda, desta vez invencível?

Eumênio achou desnecessário continuar a conversa: sabia que o seu interlocutor estava tão amargurado que nada poderia dissuadi-lo das suas convicções e do conceito que havia tomado forma na sua mente.

Quem comete um crime embriagado é duplamente culpado, porque se embriagou e porque cometeu um crime.

Alguém ouviu-lhe perguntar o que era preciso fazer para tornar-se o homem mais famoso do mundo e ele teria respondido: "Matar o homem mais poderoso do mundo".

Alexandre abraçou-o e aí mandou que todos voltassem às próprias tendas para se aprontarem para partir. Enquanto isto, as nuvens rareavam e a luz do sol poente se espalhava incendiando o grande rio, tingindo de vermelho o perfil longínquo do Paropâmiso, os seus cumes soberbos, pilastras do céu. O rei dirigiu o olhar para a outra margem, para a desmedida planície que se alastrava do outro lado, até o horizonte, e chorou como nunca havia chorado na sua vida. Nunca iria ver a correnteza majestosa do Ganges nem passearia às margens dos lagos dourados, entre os iridescentes pavões de Palimbothra. Chorou pelo olho azul como o céu, chorou pelo olho negro como a noite.

? Para continuar a minha busca.? E aonde leva a sua busca?? À paz.? Mas eu sempre trago a guerra. É para isto que fui preparado, desde criança.? Mas também foi preparado para o conhecimento. Vejo a sombra de uma grande sabedoria no fundo dos teus olhos. A paz do mundo é um bem supremo, e nenhum bem supremo pode ser alcançado sem primeiro passarmos pela espada e pelo fogo. Mas isto já aconteceu. Eu quero ajudá-lo a desenvolver em você a sabedoria do grande soberano, daquele que um dia será o pai de todos os povos. Por isto estou aqui.

"Não há conquista que faça sentido, não há guerra que valha a pena de ser combatida. No fim, a única terra que nos sobra é aquela em que seremos sepultados."
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Ale 16/12/2010

Sou meio suspeito falando sobre esse gênero de leitura, história, mitologia a muito me encanta!
E falando de história ,quando se trata deste ícone histórico em si, é de costume dar muita ênfase a sua sexualidade, esquecendo oq realmente importa! Por esse motivo esperei ler os 3 volumes, para só então dar minha opinião. E ela é, q ao menos nesse ponto não me decepcionei!
Alexandre unificou nações, começando assim uma nova era na história da humanidade, marcando o começo do helenismo.
Foi criada toda uma atmosfera, para contar romance, seja na parte mais tenra, seja na parte mais intensa. O ponto fraco dos livros, são justamente as narrações dos acontecimentos, pq são muito rápidos.
A mitologia, se mescla à estória de uma forma mágica, tornando difícil o discernimento do real ou imaginário!
A estória ou até mesmo a história, retrata o homem Alexandre, cheio de anseios, cheio de sonhos! No campo de batalha já não era um guerreio, não só músculos e cérebro, a muito tinha se desprendido do cárcere do corpo e impunha sua alma para consagrar sua glória, lhe valendo o sobrenome Magno ou seja “Magnífico”.
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naniedias 28/11/2010

Aléxandros - Os Confins do Mundo, de Valerio Massimo Manfredi
ATENÇÃO: Normalmente figuraria-se aqui um alerta para possíveis spoilers na resenha. Lembro-os, entretanto, que este é um livro histórico e tudo o que está sendo narrado (guardadas algumas proporções e liberdades do autor) realmente aconteceu. Sabendo disso não há nenhum spoiler, entretanto considera-se que o leitor conhece o mínimo de história geral. Se o leitor já não se lembra das aulas de história geral, pode ser que se depare com alguma informação que considere SPOILER.

Sobre o livro:
Alexandre não ficou satisfeito com o pequeno território persa que havia conquistado e todo o Egito. Ele ainda não havia derrotado Dario III e, portanto, ainda não estava confortável no seu posto de Rei dos Reis. Aliás, ainda havia muito mundo conhecido que não estava dentre os territórios conquistados por aquele que, no futuro e durante muitos séculos, seria conhecido como Alexandre, o Grande.
"Leonato [...] viu ali perto um móvel de cedro e empurrou-o para que Alexandre nele apoiasse os pés como num escabelo antes de começar a falar aos presentes. [...]
Mal tinha começado o seu discurso, no entanto, quando ouviu um pranto comedido não muito longe dali e calou-se. [...] Era um dos eunucos do palácio que soluçava baixinho com a cabeça virada para a parede. [...]
- Por que choras? - perguntou Alexandre. [...]
- Sou um eunuco - começou - e por natureza sou fiel ao meu amo, seja ele quem for [...] mas, apesar disto, não posso deixar de chorar pensando em como a sorte pode mudar de repente. O móvel que agora usas como escabelo [...] era a mesa de Dario, era onde ele costuma fazer as suas refeições, e, portanto, era para nós um objeto sagra de digno de veneração. E agora tu o estás pisando...
Alexandre corou e dispôs-se a levantar-se percebendo que havia cometido um ato extremamente grosseiro, mas Aristrandro, que estava presente, deteve-o:
- Não tires os pés desse apoio. Achas que não há uma mensagem oculta nesse fato aparentemente casual? Os deuses quiseram que isto acontecesse para que todos soubessem que colocaram sob os teus pés todo o poder do império persa."
No meio de muitas guerras, conquistas e jogadas políticas, Alexandre passa os últimos anos de sua vida, contados de maneira magistral nesse último volume escrito por Valerio Massimo Manfredi.

O que eu achei do livro:
Esse é o terceiro e, infelizmente, último livro dessa série. Acho até difícil colocar em palavras tudo o que senti lendo essa história magnífica. Vou ser repetitiva, porque é impossível não dizer mil novecentas e trocentas vezes o quanto esse livro é maravilhoso. Eu, que sou fã de história, gostei ainda mais das aventuras do garoto macedônio que queria conquistar o mundo. Aliás, queria não, conquistou o mundo. Porque Alexandre, o Grande ou Alexandre Magno ou Alexander, The Great ou simplesmente Alexandre III foi realmente um grande conquistador e um grande homem. Um homem de grande caráter - que conquistou todo um novo mundo e foi amado por todos os que conquistou.
Infelizmente Alexandre morreu muito jovem e o livro, por manter-se o mais fiel possível aos fatos conhecidos, também termina cedo, logo após a morte do grande general.
Cada palavra é escrita com maestria. Valerio Massimo Manfredi escreve de uma maneira simples e encantadora, que nos leva a deleitar cada página com um sorriso no rosto. As guerras e formações dos exércitos são descritas de maneira perfeccionista. E não ficam atrás as descrições das paisagens e dos costumes de cada um dos diferentes povos retratados durante os três volumes em que a história do grande menino Alexandre é contada. A amizade existente entre Alexandre e seus amigos mais próximos também é algo maravilhoso de se ler. E, apesar do afeto por esse círculo mais próximo não encontrar limites, também é possível sentir o grande apreço que o conquistador tem por cada um de seus homens, a tristeza que o invade pela perda de um homem que seja. E ainda há de se mencionar o amor que nutria por Bucéfalo - o cavalo que o acompanhou por anos a fio (e que, inclusive, ganhou uma cidade em sua homenagem - Alexandria Bucéfala) e o pequeno Péritas - o cãozinho que não deixou o seu dono partir sozinho nem mesmo na conquista de terras distantes. Alexandre teve muitas mulheres, sendo quatro delas suas esposas. Essas personagens têm uma participação importante no livro, mas o próprio autor cita que não há muitas fontes sobre a vida de tais mulheres. Infelizmente o mundo é muito machista e essas figuras, que não tinham grande importância na época em questão, que eram subjulgadas pela sociedade masculinas, ficam um pouco no esquecimento.
A única coisa que pode, entretanto, incomodar alguns leitores é a quantidade de personagens - que é deveras extensa. Mas há de se lembrar que o livro tenta, tanto quanto possível, retratar a vida real de um personagem que existiu. E, portanto, é obrigatória a presença de um número tão elevado de personagens. Mas aqui, mais uma vez, eu tenho que dignificar a capacidade de escrita de Valerio Massimo Manfredi que consegue personificar muito bem cada personagem e torná-lo único, quase como um ser humano vivente. E assim, vê-se dissipado o problema do número de personagens, mesmo que houvesse uma desculpa para tantos existirem.
De uma forma geral a obra é magistral e, certamente, já figura entre os meus livros favoritos. É uma história deliciosa e uma leitura deleitosa. Ainda não consigo entender porque não consigo encontrar nenhum relato de utilização deste livro magnânimo nas salas de aula brasileiras.
SUPER INDICADO!!!!

Nota: 10
Dificuldade de Leitura: 7

Leia mais resenhas em: http://naniedias.blogspot.com
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Luzineide 30/10/2023

A Grande, realmente foi grande.
Nesta trilogia, o autor busca representar de forma genial como foi a vida deste líder, deste desbravador destemido , deste guerreiro. Mas acima de tudo deste rei e herdeiro macedônio que nasceu para deixar para a posteridade seu legado de coragem e determinação.
Não viveu muito, mas o suficiente para imprimir nas páginas dos séculos dos séculos sua maravilhosa história.
E de fato, " a sorte favorece os corajosos"
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Carolus 15/01/2022

Final sentido de uma vida épica
Esse é o terceiro livro da trilogia do Aléxandros, ou Alexandre o Grande. Os dois livros anteriores foram para mim excelentes, mas esse, infelizmente, não é tanto. O próprio autor revela que foi o mais difícil de escrever porque as fontes históricas são muito mais escassas, e inclusive escolheu dar mais ficção a personagens que de outro modo quase não são mencionados nas fontes originais.
O início é muito bom, na linha dos anteriores, e em poucos capítulos o leitor chega na batalha de Gaugamela, que é descrita sensacionalmente. Porém, depois disso o livro fica páginas e páginas e mais páginas descrevendo os movimentos do exército, como os soldados e os generais sobrevivem em um país desconhecido e tão vasto. Nesse meio tempo surgem os problemas entre os generais e no espírito do Alexandre, e inclusive há espaço para os conflitos morais e os sentimentos românticos. Ao meu parecer, o Massimo Manfredi não é tão bom escrevendo sentimentos como é escrevendo batalhas ou momentos históricos, então acaba ficando um livro a meio gás. Os momentos românticos, místicos ou sentimentais em geral não são memoráveis.
E no final temos o adeus do Alexandre, que não é apoteósico como eu esperava, mas é bonito do seu jeito. Me deixou a sensação de que quem morre não é um deus ou um herói; é só um homem.
É um livro muito bom, mas acaba parecendo não tão bom porque não está à altura dos dois anteriores.
De qualquer modo, para quem queira saber como foi a vida do Alexandre o Grande ?e como acabou, nesse caso?, é um livro 100% recomendável.
celithma 15/01/2022minha estante
Spoiler! ???


Carolus 15/01/2022minha estante
? não acho que ninguém pense que o Alexandre tá vivo ainda




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Núbia Esther 03/10/2011

E eis que chegamos ao fim de mais uma trilogia, acompanhando a crueza das batalhas, a barbárie das conquistas e sim, muito sangue. No segundo livro nos despedimos de Alexandre em território egípcio e é lá que nos reencontramos. O conquistador visita o templo de Amon (o correspondente egípcio de Zeus) e é decretado por este como sendo seu filho e sendo filho de um deus é então, coroado faraó.

A cidade de Alexandria estava sendo construída, mas, pelo que sabemos da história e pela índole do personagem seria impossível esperar que Alexandre voltasse para a Macedônia. Antes de voltar para casa ele tinha pretensões de ir mais além, onde nenhum outro homem esteve antes então, é claro que o último volume está repleto de batalhas, disputas e ações políticas.

Alexandre parte novamente em direção à Pérsia e à Ásia, em direção à sua última e decisiva batalha contra o Grande Rei persa Dario. No percurso, ele perde entes queridos, faz novos tratados políticos e se casa, mais de uma vez que é para manter o costume ensinado pelo pai. Ao conquistar a Pérsia, Alexandre não subjuga o povo, mas tenta uma miscigenação entre os povos chegando mesmo a acatar alguns costumes persas. Decisão que faz com que ele perca o respeito e a confiança de muitos dos seus subordinados surgindo até mesmo conspirações para matá-lo. Em seu afã por conquistar o mundo, Alexandre esqueceu-se de quem era e de onde veio. O empreendimento de libertar as cidades gregas das garras dos persas transformou-se em algo muito maior que nem mesmo ele era capaz de controlar. Alguns dizem que quem tudo quer tudo perde, quem sabe não foi a história do grande conquistador que inspirou essa máxima.

“[...] Muitos choravam em silêncio e as lágrimas escorriam devagar sobre aquelas barbas híspidas, sobre aqueles rostos marcados por oito anos de batalhas, de vigílias, de assaltos, de gelo e calor, de neve e de chuva. Choravam porque o seu rei não estava zangado com eles; ainda os amava como filhos e levava-os de volta para casa.”

Tudo que ele fez foi em demasia, amou demais, lutou demais, conquistou demais, foi duro demais em alguns momentos, perdeu a razão demais em outros e desejou demais conquistar o mundo. Acabou consumido por tanta demasia. Olympias fora avisada de que seu filho carregava em si uma chama de vida muito grande e que ainda que ele estivesse destinado a brilhar como nenhum outro antes dele sua chama também se consumiria rapidamente, o mundo testemunhou essa chama, mas também a viu tremeluzir e apagar quando menos se esperava. O garoto que partiu da Macedônia não chegou a rever sua terra novamente.

Manfredi encerra os fatos sobre a vida do conquistador com muita emoção e como ele mesmo disse tentando ser o mais fiel possível aos fatos históricos, ainda que essa parte da vida de Alexandre apresente muitas lacunas debatidas pelos historiadores. Como fã de romances históricos, gostei de conhecer um pouco mais sobre a vida de Alexandre e ir além do que os livros de história nos proporcionam.

[Blablabla Aleatório] - http://feanari.wordpress.com/2011/09/28/alexandros-%E2%80%93-os-confins-do-mundo-valerio-massimo-manfredi/
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Lucas 21/12/2010

De leitura mais pesada e recheado de mortes...Bem vindos aos confins do mundo...
O último livro da saga de Alexandre é pouco diferente dos anteriores, entretanto é mais pesado e mais descritivo em vários momentos, traz uma leitura envolvente e rápida, os acontecimentos são acelerados. Descrevendo a conquista dos extremos orientais do Império Persa além da Índia. A leitura pesada deve-se a maiores descrições de dificuldades, morte de personagens principais, tramas para assassinar o rei, uma onda de tristeza, desespero e melancolia que leva o leitor a sofrer com Alexandre os reveses da campanha, mas nunca a derrota.
A decepção ficou no momento que Alexandre chega ao famoso rio Indo, o contato com a Índia é tão breve e toma tão poucas páginas que assusta. O grande embate entre os exércitos gregos e indianos é descrito em menos de uma página, na forma de carta. O leitor ávido por detalhes ficará sentido. Em contrapartida as privações do grande exército de Alexandre são descritas com maestria, os ambientes também trazem uma descrição superior daquela encontrada nos outros dois volumes, como as travessias das montanhas, as correntezas do Indo, os animais e florestas indianos, os desertos, etc. Monotonia de ambientes é algo que não existe nessa obra!
Ponto alto é o personagem Alexandre, descrito de modo singular por Valerio Massimo, que conferiu ao rei uma personalidade viva que rapidamente cativará o leitor, um rei politicamente e economicamente a frente de seu tempo, um rei mal compreendido por seus amigos que nunca entenderam seu sonho, nunca entenderam a razão da Macedônia anexar a Ásia ao invés de simplesmente subjugá-la. Tanto não entenderam como depois esfacelaram o então maior império do mundo conhecido em uma sangrenta guerra civil.
Chega ao fim a saga Aléxandros, deixando grandes saudades.
Uma última homenagem ao grande rei...
Alalalái!!!
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Jim do Pango 22/04/2011

Comparisons are odious
Comparações são realmente odiosas e não foi outro senão o próprio Bernard Cornwell que, certa feita, me disse isso. Contudo, ao terminar a leitura do primeiro volume da trilogia “Alexándros” de Valerio Massimo Manfredi, intitulado “O sonho de Olympias”, não pela última vez, tive a sensação de que Bernard Cornwell teria escrito aquele livro de forma muito parecida. Ou seja, o estilo de Valerio Massimo Manfredi me fez lembrar os escritos de Cornwell. Claro que Manfredi possui seu próprio estilo, excelente por sinal, porém a forma com que este italiano demonstra se preocupar com o aspecto historiográfico, fazendo questão de registrar as alterações a que foi obrigado em sua adaptação, lembra bastante o que o seu colega inglês faz em seus romances históricos.

Antes de avançar, devo explicar que não há nenhum equívoco no que disse no primeiro parágrafo: sim, aquilo é a mais absoluta verdade. Bernard Cornwell, dentre outras coisas, de fato, me disse : “[...] comparisons are odious!” Na ocasião, eu havia perguntado ao autor, por meio de um campo próprio em seu website oficial, quem era o melhor dentre três dos seus heróis mais famosos e o autor de “Crônicas de Arthur”, com a grande gentileza e simpatia que reconhecidamente lhe são peculiares, não me deixou sem reposta, fazendo constar que eles, os heróis, eram equivalentes: “Oh, they’re equals”.

Com efeito, apesar de conhecer bem menos a obra de Manfredi, talvez, afinal, não seja nenhum absurdo supor que seja equivalente à obra do escritor inglês. Nada obstante, feito o devido esclarecimento, tornemos a tratar apenas da trilogia de Valerio Massimo Manfredi. A meu sentir, o primeiro acerto do autor foi na escolha da estória que se disporia a contar: a vida de Alexandre, o Grande, certamente é uma das maiores aventuras de todos os tempos e vem inspirando a humanidade e os corações dos homens, grandes e pequenos, desde que ele, então tão jovem, morreu em circunstâncias misteriosas aos trinta e dois anos de idade na Babilônia, após haver passado por este mundo como uma força devastadora. Alexandre, com seu ascendente e herói Aquiles parece ter escolhido espiar as dores de uma existência curta e gloriosa em detrimento de uma vida longa e ignominiosa, mas para mim, que hoje tenho 33 anos, não há como não lamentar o fim precoce do grande conquistador.

Outro acerto de Manfredi foi a forma com que decidiu narrar essa grande aventura. O autor cuidou em não simplesmente retirar o elemento sobrenatural da estória e pintar um Alexandre demasiado humano, como faria um cético, mas tratou da questão com zelo, sem remeter sua narrativa às paragens da fantasia, porém preservando os aspectos místicos e míticos, que são componentes indissociáveis dessa grande aventura do homem ocidental (grego). Como se sabe, a vida do grande monarca macedônio foi contada por Plutarco com bastante sobriedade, mas nem todos os biógrafos de Alexandre puderam separar os fatos do mito que se criou em torno de sua personalidade. Estima-se que o próprio Alexandre, que encarregou Calístenes, o sobrinho do seu preceptor Aristóteles, de acompanhá-lo ao oriente para registrar os mínimos detalhes da campanha, cuidou para que o elemento sobrenatural estivesse presente na narrativa. Sua mãe, Olympias, convenientemente espalhou rumores de uma suposta ascendência divina de Alexandre, supondo que tal ligação favorecesse o filho na ascensão ao trono da macedônia. A questão se torna mais profunda quando Alexandre é recebido com um deus no Egito e toma consciência que é assim – como um deus – que deve aparecer diante seus novos súditos orientais, que especialmente nesse ponto diferem muito dos gregos, haja vista estarem habituados a servir soberanos de linhagem reconhecidamente divina. Manfredi, portanto, ilustra seu romance com todas as lendas conhecidas, mas, com habilidade, as apresenta num viés capaz de agradar místicos e céticos.

Não bastasse, é impossível não se tornar cativo dos grandes personagens da narrativa, o próprio Alexandre, Aristóteles, Felipe, Ptolomeu, Dário, Perdicas, Heféstion, Cratero, Parmênio, Diógenes, Platão, Demóstenes, dentre outros, cada um deles com maior ou menor participação no enredo. A leitura gera a familiaridade e, no fim das contas, é como estar acompanhado desses grandes homens. Até o cavalo de Alexandre, Bucéfalo, e o seu cão, Péritas, o molosso, merecem tal destaque no romance, que acabam por cativar tanto quanto todos os outros.

Todavia, é bem verdade que o autor não se preocupou em inserir personagens femininas de relevo. Às mulheres Manfredi dispensou papel secundário. Elas são todas coadjuvantes. Nem mesmo à própria Olympias, mãe do conquistador, o autor garantiu participação decisiva. Imagino que, cioso, o autor tenha deixado escapar a oportunidade de corrigir uma injustiça história e decidiu manter a mulher no exato papel que representou na Grécia antiga, pois é sabido que, nessa época, elas ocuparam posição secundária na sociedade e foram invariavelmente condenadas à submissão, à obediência.

Por outro lado, um dos pontos altos são as descrições batalhas travadas por Alexandre: Queronéia, Granico, o cerco de Tiro, Isso, Gaugamela, Hidaspes, etc. Por mais que a fama dessas batalhas as preceda, quando o romance atinge um desses momentos de definição, o autor sabe empregar o ritmo certo na narrativa. Ele prende o leitor como quem estica uma linha indefinidamente até que a tensão se torne insuportável, fazendo o leitor, por vezes, segurar o ar nos pulmões nos instantes decisivos, por saber que a linha se romperá a qualquer momento e também por ignorar o desfecho de cada cena. Essa qualidade da narrativa fez com que o livro se tornasse um companheiro contumaz, pois não conseguia me separar dele antes de saber como Manfredi encerraria cada um daqueles episódios decisivos. Assim, para mim se tornou familiar imaginar os sons do grande Tambor de Queronéia e do tropel dos cascos dos cavalos da Turma de Alexandre.

No website oficial do autor, é possível verificar que a trilogia foi editada em mais de trinta países e que a capa da edição brasileira é muito parecida com a que foi utilizada em muitos países, inclusive nas versões grega e macedônia, respectivamente das editoras Livani e Aea Publication.

No total, a versão brasileira do romance passa das mil páginas, bem divididas nos três volumes: (i) “O sonho de Olympias”; (ii) “As areias de Amon”; e (iii) “Os confins do mundo”, lançados pela editora Rocco. Os volumes chegaram às minhas mãos graças a uma promoção quase inacreditável de um conhecido site de compras na internet, que ainda vende os três volumes por menos da metade do valor de mercado de apenas um deles, mas confesso que os livros já haviam passado pelas minhas mãos diversas vezes em muitas livrarias que visitei. Ele era aquele tipo de livro que eu segurava nas mãos e tinha a sensação de que gostaria de ler, mas acabava optando por outro título, pois a edição da Rocco não era nenhum primor e mesmo assim o preço era bem elevado. “Qualquer dia desses, preciso me lembrar de procurá-lo em um sebo” era o que eu sempre pensava. Hoje, após a leitura, quase me arrependo de não ter confiado mais em minha intuição (aquele tipo de vibração que um livro não lido e desconhecido passa durante o folhear, instantes antes de devolvê-lo à estante), pois, seguramente, o investimento, mesmo com o valor cheio, teria valido muito a pena.

Finda a leitura, encerrada a grande campanha, da Macedênia à Índia, com um pouco de concentração e sem nenhum exagero, ainda sou capaz de, lembrando desta grande aventura, fechar os olhos e ouvir o rufar do grande Tambor de Queronéia.
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Michael 22/01/2011

Terceiro e último livro do autor italiano sobre Alexandre, O Grande.
Alexandre e seu exercito seguem pela Ásia a procura do rei Dario, para que possam finalmente conquistar o maior império do mundo.
Porém, é justamente quando eles estão tão próximos de realizar as mais improváveis das conquistas que as coisas começam a dar errado. Alexandre começa a transformar-se na frente de seus soldados e muitos passam a não reconhece-lo mais, o que acaba gerando desânimo, descontentamento, revoltas e traições (e consequentemente, mortes). Novos romances também jogam sombras sobre seu casamento, e a cegueira causado por suas vitórias faz com que ele acabe deixando seus amigos e antigos ideais de lado.
E Alexandre meio que perde sua áurea de herói homérico e passar a ser visto por alguns (inclusive por mim) como um rei um pouco impulsivo demais.
Uma trilogia que merece ser lida!
Joao.Felipe 24/04/2019minha estante
Que resenha brilhante amigo, parabéns!


Michael 01/08/2019minha estante
Obrigado!




Anderson F. 04/05/2012

A história de um verdadeiro rei.
Vou me basear na série completa, ou seja, os três livros.

A obra de Valerio Massimo Manfredi nos leva a viver os fatos históricos envolvendo a vida e trajetória de Alexandre, um herói considerado por muitos um semideus. Um dos maiores exploradores e conquistadores de todos os tempos.

O que mais surpreende na narração do autor e historiador italiano é que toda a trajetória de Alexandre é descrita baseando-se fielmente na real história do tão aclamado e destemido guerreiro e rei macedônio. Valerio tenta ao máximo contar o que se passou no século IV A.C., as conquistas de Alexandre, suas derrotas, amores, traições, a relação com os amigos próximos e com o seu exercito, o lado humano e com isso fatos não tão dignos de registro, mas que não deixaram de ocorrer. A riqueza de detalhes, tanto na descrição dos objetos, lugares e pessoas - que é encarado por alguns como um discurso carregado e enfadonho - impressiona a ponto de sentir a sensação de estar presente em todas as incursões.

A série começa já de forma eletrizante com a infância de Alexandre e as conquistas de Filipe da Macedônia, seu pai e as particularidades de sua mãe, Olympias. Filipe foi de grande influência para o futuro de seu filho, levando-o logo na adolescência a estudar com o grande filósofo grego Aristóteles. Vale destacar outros personagens de impacto histórico como o escultor Lísipo e todas as citações referentes a Aquiles. Filipe tencionava, além do desenvolvimento cultural do filho, expurgar a imagem de bárbaros do povo macedônio. Mas Alexandre por si só com uma energia e ânsia de conhecimento ilimitados desbravou e conquistou não só o próprio terreno e os arredores, mas também o Egito, a Ásia até os confins do mundo, fatos que são deliciosamente explorados nos dois últimos livros.

Massimo também nos leva a um passeio incrível com o protagonista por belos e estonteantes lugares do nosso planeta como a Babilônia, o Egito, desertos, montanhas, mares, oásis, florestas... Inclusive pelos lugares onde foram construidas quatro das maravilhas do mundo antigo: As Pirâmides de Quéops, Os Jardins Suspensos da Babilônia, O Colosso de Rodes (conhecemos aqui o criador da maravilha) e o Templo de Ártemis em Éfeso. E, ainda, o Farol de Alexandria, erguido na cidade fundada pelo grande conquistador, anos após sua morte. Portanto, o valor histórico contido nos livros e na trajetória de Alexandre é inestimável, nos deixa com aquela vontade contagiante de amá-lo e segui-lo escrevendo uma parte incrível da história do mundo.

Os livros não deixam de mencionar e diferenciar com precisão as culturas de cada povo em seu território ou em peregrinação, todo o misticismo que os envolvia, as privações durante as conquistas, como o frio, a fome, doenças e chagas. As bebedeiras e orgias e também os momentos desonrosos, os terrores da guerra diante da ambição de um semideus - crença de centenas de milhares de pessoas que seguiam o grande rei.

Ah, e como não se emocinar e se envolver com o cão molosso Péritas e o garanhão Bucéfalo?!

O autor procura sempre retratar por notas no final dos livros algumas considerações, mantendo os fatos o mais próximo do real, mesmo que pequenas partes tenham se perdido na própria história do mundo naquela época. Baseando-se nos relatos dos amigos de Alexandre, seus generais, filósofos, historiadores e escritores. Além da história que os locais contam por si só.

É uma aventura que eu particularmente gostaria de ter conhecido melhor na escola, de valor inestimável e grande deleite, de tirar o fôlego.

Cinco estrelas, leitura obrigatória. Leitura um pouco exigente mas, imperceptível depois de algumas páginas.
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