O papel de parede amarelo

O papel de parede amarelo Charlotte Perkins Gilman




Resenhas - O Papel De Parede Amarelo


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Fabio 24/01/2024

" A Loucura da Fragilidade"
O conto "O Papel de Parede Amarelo", escrito pela novelista, poetiza e ativista feminista, Charlotte Perkins Gilman, foi publicado pela primeira vez em 1892, é considerado um dos precursores da literatura feminista Norte Americana, e figura na lista de contos mais influentes da história.

Escrito em primeira pessoa em forma de diário, Perkins, nos entrega um conto lacônico de terror psicológico com evidentes tons biográficos, que transmitem indignação e angustias, e evidencia o papel feminino dentro de uma relação matrimonial repleta de abusos e intensos conflitos, além dos conceitos sociais visivelmente retrógrados, inaugurados no fim do século XIX início do século XX.

"Papel de Parede Amarelo", nos conta as inquietudes de uma mulher com a saúde mental debilitada, diagnosticada com depressão nervosa, que, na época era amplamente tratada como "histeria" feminina, e que, forçada pelo marido, (que também era seu médico) a se isolar em uma casa no campo, limita as atividades físicas e intelectuais da conjugue, privando-a até mesmo da rotina doméstica.

Durante a "reclusão" em um quarto que possui um papel de parede que dá o título a obra, a mulher em visível estado confusional, escreve escondido do marido, um diário, e anota em suas folhas, todos seus devaneios e delírios, e principalmente sua obsessão pelo papel de parede infantil de cor amarela, o qual enxerga alucinações de todos os tipos, que a atormentam durante toda a narrativa.

Repleto de simbolismos e ambiguidades, "O Papel de Parede Amarelo", é uma obra de cunho extremamente proselitista, que foi elaborado para colidir com as convenções sociais da época que impunham à mulher a submissão, e claro, a conduzir o leitor e a uma reflexão sobre as mazelas sociais, e também sobre a pouca atenção dedicada a saúde mental feminina no início do século no qual fora composto.

"O Papel de Parede Amarelo" é uma prosa sociológica, de caráter feminista, repleto de sutilezas, onde a autora, com sucesso aborda o tema proposto, utilizando de subterfúgios que não deformam a estética ou o argumento, mas, que, em perfeita consonância, resultam em um texto de alta qualidade literária, sob medida, que chega a evocar em muitos momentos a escrita do mestre Edgar Allan Poe.

Em suma, "O Papel de Parede Amarelo" é um texto sinestésico e sensorial, que brinca com o humor sarcástico, e que nos conduz a um mundo "cinza" repleto de delírios, e ilusões, e nos obriga a pensar, sobretudo a tentar enxergar o interior daqueles que sofrem e que são acometidos pelas privações da alegria e do prazer, que irremediavelmente leva até os mais sãos à loucura.

Obs. Tenho obrigação de alertar que, o conto é repleto de gatilhos e aborda temas sensíveis, mas que estão em perfeita harmonia com aproposita da autora em conduzir o leitor a um labirinto insultuoso e a um final surpreendente.
Nath 24/01/2024minha estante
Li esse conto há anos nessa mesma edição, e é maravilhosa! Tanto que depois dei de presente essa mesma edução a um amigo e ele também leu e adorou! ?(Lembro que comprei para mim numa das últimas queimas de estoque da livraria cultura de Recife, pouco antes de falir.. aliás, saudades dessa época quando a Cultura e a Saraiva ainda dominavam o Brasil e eu vivia enfurnada lá ?) Enfim! Quem não leu tem q ler ! Massa a resenha Fábio ??


Mariana 24/01/2024minha estante
Que resenha incrível!!! Fiquei tocada pela situação dela e achei interessante o diário, uma rota de fuga diante de tanto sofrimento e privação! Parabéns pela sensibilidade na sua descrição Fábio ????????


@Francielly 24/01/2024minha estante
Fabio, amigo, resenha incrível como sempre! Parabéns ????


AndrAa58 24/01/2024minha estante
Que resenha maravilhosa, Fábio ???? te acompanhar está aumentando significativamente minha listinha dos que tenho que ler ??


alice 24/01/2024minha estante
Colocando o livro na minha lista depois dessa resenha maravilhosa! Parabéns, Fábio ??


Carolina165 24/01/2024minha estante
Resenha primorosa como sempre Fábio!! ?????????
Com certeza vou ler esse conto!! ? Te azucrinei pra fazer resenha mas valeu mto a pena!! Cada resenha sua é sucesso garantido, meu amigo!! ?????


Fabio 24/01/2024minha estante
Nath, muito obrigado pelo comentário!?
Eu ganhei essa edição de presente, e foi uma maravilhosa surpresa. Confesso, que não conhecia o conto, e só tinha viso uma coisa ou outra da autora, mas nunca tinha lido nada dela, e me surpreendi com a escrita e o estilo, já que lembrou muito, o estilo de escrita do Poe, então me ganhou de primeira.?
Sobre as livrarias, eu não saia delas kkkkk
Lembro que às vezes saia para almoçar, passava antes na livraria, e acabava não almoçando kkk
Concordo, quem não leu, tem que ler!!!!!


Fabio 24/01/2024minha estante
Muito obrigado, Mari, minha querida!
Lisonjeado com suas palavras!
Obrigado pelo carinho de sempre!???
O diário era mesmo um escape, era essencial para ela, que a deixava as margens da lucidez!


Fabio 24/01/2024minha estante
Fran, minha querida, muitíssimo obrigado pelo carinho e presença de sempre!??
Muito bom receber elogios na resenha de uma escritora desse calibre!??


Fabio 24/01/2024minha estante
Andréa minha querida, muito obrigado pelas palavras. Lisonjeado com seu comentário!???
Fico feliz de saber que estou ajudando a aumentar sua lista de leitura, e isso é a maior gratificação!!!
Gratidão!????


Fabio 24/01/2024minha estante
Aaaa Alice, muto obrigado pela belíssimas palavras!?
Obrigado mesmo, por tirar um tempo para ler a resenha!?
Feliz de ajudar a aumentar sua lista de leituras!!! kkkk é a melhor parte de se resenhar livros!


Fabio 24/01/2024minha estante
Carolzinha, minha querida, essa resenha foi para ti!?
Muito obrigado pelo carinho, presença e força de sempre, e muito obrigado por essas palavras belíssimas!?
E o que você chama de "azucrinação", eu chamo de incentivo, minha querida!
Gratidão! ????


Fabio 24/01/2024minha estante
Carolzinha, minha querida, essa resenha foi para ti,e você sabe disso!?
Não iria escreve-la por ser um conto bem sucinto, mas você me incentivou demais!
Muito obrigado pelo carinho, presença e força de sempre, e muito obrigado por essas palavras belíssimas!?
E o que você chama de "azucrinação", eu chamo de incentivo, minha querida!
Gratidão! ????


Carolina165 24/01/2024minha estante
Que honra Fábio!! ???
Vc sabe que eu amos suas resenhas, sempre mto bem escritas! ?


Fabio 24/01/2024minha estante
Muito obrigado, minha querida!???
Muito bom saber disso!


Duda.bae 24/01/2024minha estante
Resenha incrível como sempre, Fabio! ????
E o conto parece interessante realmente ?


Fabio 24/01/2024minha estante
Muito obrigado Dudinha, minha querida, pelo carinho!???
É um daqueles textos que devemos ler, pela experiencia e pela reflexão que nos remete. Leia, e depois me diga o que achou!?


-Rachel 24/01/2024minha estante
Uma resenha super bem escrita e instigante. Nunca vou me cansar de te elogiar, Fabio! Você escreve absurdamente bem. Te admiro muito ??


Mary Baratela 24/01/2024minha estante
Excelente resenha, parabéns Fábio ??????
Arrasando como sempre ??


Fabio 24/01/2024minha estante
Muito obrigado, Rachel, minha querida, pelo imenso carinho de sempre!?
Eu que sou seu fã, meu anjo!
Fã da sua escrita e da pessoa que você é!??


Fabio 24/01/2024minha estante
Mary, minha querida, muito obrigada pelo carinho e presença de sempre, e por sempre ter paciência de ler esses textoes, meio que prolixos! Kkkk


Lorenna 24/01/2024minha estante
eu amooo esse conto, é de muita qualidade! que bom que gostou ???????


Fabio 24/01/2024minha estante
Lorena, eu gostei demais, inclusive estava pesquisando mais sobre os contos da Perkins para poder colocá-los na lista de leitura


elisa :) 25/01/2024minha estante
Ótima resenha! Lembro que quando li fiquei um pouco perturbada com algumas coisas.


Fabio 25/01/2024minha estante
Elisa, muito obrigado!?
E realmente dá um certo desconforto em alguns momentos do conto


Marcelly.Foureaux 25/01/2024minha estante
Fabio, que resenha incrível! Parabéns! ??????


Fabio 25/01/2024minha estante
Marcelly, muito obrigado pelo carinho!???
Sou fã das suas resenhas também!!!


Mel 25/01/2024minha estante
Li há alguns anos e achei incrível. Ler sua resenha me trouxe uma certa nostalgia!
Parabéns pela resenha, querido! ?


Ivone. 26/01/2024minha estante
Parabéns Fabio, escrita perfeita ??
Suas resenhas sempre instigam muito minha curiosidade sobre o livro!!


Fabio 26/01/2024minha estante
Obrigado, Mel por esse carinho enorme!??????
Fico feliz que tenha gostado da resenha, e que, ela tenha despertado esse sentimento sentimento de nostalgia em ti!
Obrigado, querida!?


Fabio 26/01/2024minha estante
Aaa Ivone, muito obrigado!
Estou lisonjeado com suas palavras, ainda mais, vindo de uma resenhista como vocês!
Faço das suas palavras as minhas!?




Vitória Marcone 16/06/2020

A autora traz um relato de adoecimento mental de uma mulher, negligenciada pela família e sociedade. Uma descrição perturbadora de como a mulher "era" vista e tratada.
Um conto com mais de um século que nos mostra o quão pouco avançamos em questões como: a forma como a mulher é vista socialmente e como lidamos com o adoecimento mental.
Uma leitura que nos faz pensar nas tantas barreiras que ainda precisamos ultrapassar.

"O tempo todo ela está tentando atravessar pra se livrar. Mas ninguém consegue atravessar essa estampa - ela estrangula ..."
Ãnimo Total 16/06/2020minha estante
Bem interessante


Vitória Marcone 16/06/2020minha estante
É sim. E é uma leitura rápida, já que é um conto.


Ãnimo Total 16/06/2020minha estante
??????


Tatiane Ritter 21/10/2021minha estante
Ótima resenha, mana!


Vitória Marcone 22/10/2021minha estante
Obrigada, Tati ?




Cinara... 09/04/2021

Claustrofóbico
"Não quero sequer olhar pelas janelas - há tantas mulheres rastejando, e elas rastejam tão depressa!
Fico imaginando: e se todas saírem do papel de parede como eu saí?
Mas agora estou bem atada à minha corda bem escondida - não serei eu a parar na estrada lá embaixo!"

Sempre ouvi resenhas falando que era um conto de terror. Não do meu ponto de vista.
Falando além das questões feministas, que várias pessoas podem explicar bem melhor do que eu... Como a Marcia Tiburi faz brilhantemente no prefácio do livro. E sem falar das questões psicológicas.
Achei extremamente claustrofóbico, e trancada naquele quarto e naquela casa, longe de tudo. Acho que tal sensação várias pessoas também tem passado nesta pandemia.
O não permitido de se movimentar é terrível!
O acatar ordens é terrível!
Tô com vontade de sair, correr e também não posso.
A época em que lemos um livro influencia muito nossa interpretação, refletimos nossas vidas em cada linha.

A escrita é simples, rápida quando você menos espera acaba. Menos a sensação de estar preso em algo. E eu amo livros assim! ?
Elisabete 09/04/2021minha estante
Essa pandemia está acabando com a gente. Parece que não temos mais vida.


Cinara... 09/04/2021minha estante
Sim Elisabete ?


Angélica 09/04/2021minha estante
Gostei muito desse livro. Quero reler.


Cinara... 09/04/2021minha estante
O bom de reler é que muda nossa perspectiva sempre né Angélica? Um livro nunca é o mesmo?


Angélica 11/04/2021minha estante
Sim, verdade. Acredito que vou gostar ainda mais.




EduardoCDias 05/06/2020

Feminismo inteligente, enfim!
As feministas de hoje deveriam beber mais em fontes inteligentes como essa autora e esse conto. Diferente da maioria das feministas de hoje, que tendem, consciente ou inconscientemente, a nos empurrar de volta ao sombrio machismo, essa obra mostra que o feminismo pode ser aglutinante e pode cativar. Contando a história de de uma mulher levada ao isolamento pelo marido médico, que diagnosticou ?histeria?, ela aos poucos mergulha numa profunda depressão aliada â esquizofrenia, fazendo relações com a vida de uma esposa do século XIX. Só não mereceu 5,0 pela escorregada da editora em colocar um prefácio com a dispensável Márcia Tiburi. Em compensação, o posfácio de Elaine R. Hedges é primoroso!
Leitura e . 05/06/2020minha estante
Oii.. Boa noitee...Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... te espero lá...?
Obrigado.
@leituraeponto


EduardoCDias 05/06/2020minha estante
Vou seguir! Obrigado!


Mônica Paz 05/06/2020minha estante
Esse livro é muito impactante. Mas se vc procurar, acha outros tb muitos bons.


Mônica Paz 05/06/2020minha estante
O meu eu até passei adiante. Presenteie uma aluna pelo bom aproveitamento no tcc.


EduardoCDias 05/06/2020minha estante
Obrigado, Mônica!




RobertaToussaint 05/05/2021

Não é fácil ser mulher.
Este livro é uma literaria-denúncia que incomoda, deprime e revela o que esta dentro de muitas mulheres: o sofrimento pela desconfiança, maus tratos e falta de apoio de outras pessoas.
Sensacional. Nunca vou esquece-lo, ele fico sob minha pele.
Pereira.0 06/05/2021minha estante
Adoro este livro


RobertaToussaint 06/05/2021minha estante
Ele é incrivel!


Adriano 07/05/2021minha estante
Não consigo dissociar esse livro e A redoma de vidro da Sylvia Plath.


RobertaToussaint 07/05/2021minha estante
Morro de medo de ler a redoma de vidro, mas coloquei na minha TBR. O interessante dos dois livros é que eles tem um toque autobiográfico.


Adriano 11/05/2021minha estante
Colocaria A vegetariana junto aos 2. Só que é uma ficção coreana




Max 10/03/2024

O feminino...
Neste conto, quase uma novela, lido superficialmente lembra levemente um bom conto de terror. Entendido profundamente, trata-se de um libelo feminista sutil e disfarçado de um tempo, ainda hoje, em que se vê a histeria de uma mulher como uma fragilidade, e não como um grito de liberdade diante da opressão masculina, da opressão de gênero. Eu, estando no topo da cadeia alimentar como homem, branco, cis, culto, não tenho propriedade nem direito para opinar sobre o que se passa dentro de uma mulher. Não o sendo, resta-me apenas supor, usando da força do sensível, da profundidade de uma empatia construída pela vida, experimentar e sentir no breve instante desta leitura, de quanta opressão é submetida o feminino, o quão perigoso, ainda, para a mulher é viver nesse mundo...
Graciene.Cunha 10/03/2024minha estante
Que bonito e sensível , Max ! Quem dera tivéssemos mais homens sensíveis como você !


Max 10/03/2024minha estante
Obrigado, minha querida Graciene! ?


Vania.Cristina 11/03/2024minha estante
Que bonito seu texto! Parabéns! Quero ler esse livro um dia.


Max 11/03/2024minha estante
Obrigado, Vania!?




Manuella_3 08/08/2016

O Papel de Parede Amarelo (José Olympio, 112 páginas) foi escrito em 1892 por Charlotte Perkins Gilman, que se tornou uma importante voz do feminismo. Você pode lê-lo como um conto perturbador (que é), mas pode ir bem além. O livro é uma reflexão acerca do papel feminino, discussão atualíssima e necessária.

A narradora é uma jovem mulher atormentada por uma depressão, confinada em uma mansão para ‘descansar’ e sair do quadro classificado como ‘histeria feminina leve’ pelo marido John, que é médico. A ação decorre em pleno final do século XIX, quando a sociedade patriarcal esperava que as mulheres cumprissem tão somente o papel de boas esposas e mães de família, sem qualquer outra expressão exterior ao ambiente doméstico. Dá para imaginar a opressão?

Enquanto tenta se ‘recuperar’ de seu ‘estado mental debilitado’, passa a maior parte dos dias no quarto do andar superior, com grades nas janelas e o papel de parede que a inquieta:

"Nunca na vida vi um papel tão feio. (...) A cor é repulsiva, quase revoltante; um amarelo enfumaçado e sujo, estranhamente desbotado pela luz do sol."

As frases são curtas, diretas, estamos dentro dos pensamentos da narradora, e a insistente repetição do mesmo assunto – o papel – dá a dimensão da sua crescente perturbação, da sutil e progressiva perda de conexão com a realidade. Percebemos que há um quadro de depressão instalado, mas a época ainda não compreendia as necessidades dos pacientes psiquiátricos.

"Tenho a impressão de que não vale a pena esforçar-me por nada, e estou ficando terrivelmente impaciente e lamuriosa. Choro por qualquer coisa, e a maior parte do tempo. Naturalmente, não faço isso quando John ou qualquer outra pessoa está por perto, apenas quando estou sozinha."

O que se dá é uma completa submissão da ‘doente’ ao que rege o marido. Ele a proíbe de refletir sobre sua condição, “Não diga bobagens” , recomenda vários períodos de ‘sono reparador’ e desaconselha qualquer terapia ocupacional. Há uma sensação de asfixia, o leitor fica angustiado.

"Às vezes sinto uma raiva irracional de John. Estou certa de que não era tão sensível antes. Acho que isso tem a ver com meus nervos. Mas John diz que, se me sinto assim, acabarei perdendo o autocontrole - portanto, faço um esforço para me conter, ao menos diante dele, e isso me deixa muito cansada. (...) John é muito atencioso e amável, não permite que eu dê um passo sequer sem instruções especiais.”

Sob constante vigilância da cunhada e na ausência do marido (que passa os dias na cidade, trabalhando), o que a narradora mais anseia é poder escrever, mas a recomendação é que se abstenha da escrita, que poderia levá-la à exaustão. Secretamente mantém um diário, contrariando a ordem:

“Lá vem a irmã de John. Não posso permitir que me veja escrevendo. (...) Mas posso escrever quando ela está fora e a uma grande distância dessas janelas."

O marido se mostra compreensivo e paciente, mas desconsidera as reclamações da mulher, tratando-a de maneira infantil. O papel de parede passa, então, a ser o protagonista dos dias da pobre jovem, que fica obcecada pela ideia de entender o padrão abstrato do desenho e, a partir daí, as ilusões se sobrepõem, os delírios começam a alternar com os momentos de lucidez:

"Esse papel de parede olha para mim como se soubesse da terrível influência que exerce!"

Fiquei pensando em como a exclusão é um gatilho para o agravamento de seu estado: a solidão, a ansiedade e o confinamento. Ela não é só prisioneira da casa e do quarto com papel de parede perturbador, é prisioneira de seus medos, de sua submissão ao marido e de sua condição de mulher em fins do século XIX. O esforço para entender o papel é também a tentativa de manter sua sanidade diante de uma situação terrivelmente angustiante.

(...)
Continue lendo no blog e deixe seu comentário: http://www.lerparadivertir.com/2016/04/o-papel-de-parede-amarelo-charlotte.html
Eloiza Cirne 30/01/2017minha estante
Oi, Manu. Terminei de ler o conto. Um soco no estômago! Parece experiência nazista! Angustiante.


Manuella_3 30/01/2017minha estante
Hahaha, não é? Quem não pira numa dessas?


Eloiza Cirne 30/01/2017minha estante
Li, voltei ao livro... Aquele final!


Manuella_3 30/01/2017minha estante
Aquele final!²




Fernando Lafaiete 15/01/2019

O Papel de Parede Amarelo: O feminismo assombroso de Charlotte Perkins Gilman.
******************************NÃO contém spoiler******************************

O Papel de Parede Amarelo, o conto escrito por Charlotte Perkins Gilman e lançado no final do século XIX é de fato um conto feminista? Para muitos, não passa de um conto de horror mal interpretado. Mas para os mais esclarecidos, ele é sim um conto feminista que critica da maneira mais brutal possível o machismo da época em que foi escrito. Não tem como ler este conto e não perceber toda a angústia da personagem e da autora, e a necessidade de Gilman em gritar para o mundo o seu desespero diante de uma sociedade que impunha as mulheres comportamentos que as asfixiava e as escravizava, colocando-as a margem de atitudes enlouquecedoras.

Assim como Jane Austen, Gilman escreveu romances, ensaios e contos que tinham como objetivo criticar o comportamento imposto as mulheres. E sim, Jane Austen foi uma das precursoras do feminismo. Mas isso deixarei para explorar melhor em uma possível resenha de alguma obra sua. O importante agora é entendermos que encarar o famoso conto de Charlotte Perkins Gilman apenas como um conto de horror, não passa apenas de um ato claro de revolta e uma tentativa improlífica de indeferir sua importância.

O conto traz a situação de uma mulher que se vê aprisionada pelo próprio marido que a tranca em um quarto com a justificativa de que ela estaria sofrendo de crises nervosas. Sendo médico, ele possuiria conhecimentos que justificariam tranquilamente esta infame atitude. Ela sendo mulher, não poderia reclamar e nem mesmo se opor a isso. Trancafiada, passa a ser assombrada pelo papel de parede de cor amarela que enfeita o quarto. Passa a ter alucinações e acredita que há mulheres aprisionadas na parede. O final do conto é chocante!

Diversas interpretações podem ser feitas. A metáfora utilizada pela autora e o desenvolvimento do conto são espetaculares. Alguns momentos nos deixam confusos, mas outros deixam claro a intenção da autora e todo o significado metafórico da obra.

Foi um conto esquisito. Li três vezes; as três vezes de maneira seguida. Queria entender a obra o melhor que eu conseguisse. Ao terminar a leitura, iniciei o meu processo de pesquisa no desespero de validar minhas percepções sobre o que havia lido. Fiquei impressionado com a força da obra e agora entendo o porquê dele ser considerado um dos textos mais importantes já escrito quando o assunto é feminismo.
Tamiris 15/01/2019minha estante
Gostei muito da sua resenha!
Esse conto tem uma importância tão grande! Eu o li recentemente e fiquei impressionada com a força dessa obra. A personagem manifesta desespero e angústia enormes, porém invisíveis ao marido (e até mesmo às outras pessoas). Podemos ver o machismo, muito presente nesse conto, quando o marido toma as decisões acerca do que ELA sente sem ao menos consultá-la (apenas para citar um exemplo, porque podemos perceber isso em vários momentos). Ademais, o tempo todo é exposto para a personagem que tudo o que está sendo feito (a mudança, o afastamento e, pasmem, o sofrimento do próprio marido) é por causa dela. No entanto, em nenhum momento, é levada em conta a opinião da mulher que sofre todas as aflições de uma doença mental. Os outros, principalmente o marido (médico, possuidor do conhecimento), tentam "aliviar" essa condição ao dizer que ela "não está doente" e que é algo passageiro, além de acharem que a personagem não está se esforçando o suficiente para melhorar, um julgamento muito comum para desordens da saúde mental.
As alucinações e a construção de um delírio (no meu entendimento, porque não consegui conversar com alguém da área da saúde mental sobre) são extremamente fortes e contribuem para o peso do conto. É uma obra que aborda um tema muito real e muito possível de ocorrer com várias mulheres.


Fernando Lafaiete 15/01/2019minha estante
Agradeço pelo comentário e fico feliz de saber que gostou da resenha. Eu também fiquei impressionado com tudo que li. O marido querendo saber mais do que a própria esposa sobre o que ela estaria ou não sentindo e se estaria ou não melhorando foi um completo absurdo. É revoltante perceber até que ponto o machismo e a ignorância conseguem chegar.


Cárita.Cibele 03/02/2019minha estante
Muito boa resenha. Acabei de ler a obra e também senti que deveria pesquisar mais sobre. Li por indicação de uma amiga e sem muita expectativa, mas foi uma leitura impressionante. A dinâmica da escrita da autora é mágica, em poucas palavras ela cria muitas sensações. Já quero ler outros livros dela.


Fernando Lafaiete 03/02/2019minha estante
Que bom que gostou da resenha Cárita. Também quero ler outras obras da autora. Muito em breve lerei o Terra das Mulheres... espero que seja tão bom quanto ou até melhor.




Vi, Verônica. 24/10/2018

Daqueles livros pequeninos que te surpreendem
Olha, essa leitura me deixou bem pensativa, mas aproveitei o ensejo para refletir com o que veio em minha cabeça no decorrer da leitura. O Papel de Parede Amarelo trata-se de um conto bem curtinho e leve de se ler, e traz a narrativa em primeira pessoa, fazendo com que tenhamos certa intimidade com a mesma, ela está escrevendo sobre seus dias em uma casa que o marido alugou para que ela pudesse melhorar de uma doença (eu entendi como depressão). Você percebe durante a leitura que é um conto repleto de metáforas, mas que de fato, retrata a ideia do casamento em uma sociedade machista. Fiquei agoniada o livro todo, porque o marido não a escuta, ignora o que ela sente e a deixa trancafiada dentro de uma casa que ela tantas vezes deixou claro que não gosta, chega a ser claustrofóbica a situação em que a protagonista está. E essa é a crítica, pois você percebe na narradora a figura da mulher como objeto, alguém que não tem opinião e serve apenas de "muleta" para o bem estar do marido. Achei uma passagem interessante no posfácio e gostaria de deixá-la aqui, ela diz: "As mulheres são criadas para o casamento, mas não podem buscá-lo de maneira ativa, devendo esperar passivamente que sejam escolhidas", ou seja, de maneira nenhuma possuem independência, seja financeira ou emocional/intelectual. Vale muito a pena, leitura rápida e necessária para feministas ou não.

site: https://www.instagram.com/voaveronica/
Hallef 24/10/2018minha estante
Uauauauuauaua amei sua resenha. Amo esse livro. Ele me deixou bem ? quando li.


Vi, Verônica. 24/10/2018minha estante
eu tive que parar pra pensar durante um bom tempo porque eu terminei e fiquei "acho que não entendi nada disso", mas depois.. quando li o posfácio consegui clarear mais as ideias, com você foi assim também?


Hallef 24/10/2018minha estante
Eu entendi a paranoia toda e amei desde o começo. Mas depois que fui mais claramente o manifesto da figura feminina. Pq prezei mais o lado psíquico.


Jana 05/12/2018minha estante
Oi! Qdo li o livro me pareceu que a tal doença se tratava de algo muito corriqueiro no final do século XIX para o início do século XX, "doença dos nervos". Acho que fica mais apropriado pq depressão é um termo relativamente novo tendo em vista como a psicologia era entendida no XIX. Com pouca credibilidade.




Isabeli.Francioni 18/04/2023

Perturbador e necessário
Publicado em 1892, o conto foi chamado de ?material perigoso? e recebido com críticas por quem percebia além dele.

?Eu não poderia me perdoar se fizesse outras pessoas tão infelizes quanto fiz a mim mesmo [lendo o livro]?

Uma alegoria à opressão feminina, o livro te deixa angustiado logo nas primeiras páginas e te insere na cabeça da narradora, o que acaba sendo perturbador, já que ela sofria de distúrbios psicológicos.

O amarelo pode significar tantas coisas, de alegria à dor. Nesse conto, foi torturante viver as descrições sobre o papel de parede. Ironicamente, apesar de ser minuciosamente detalhado, ainda ficamos com uma visão muito vaga de como realmente é o tal papel de parede amarelo. Apesar disso, fica clara a angústia e o desespero trazidos por ele.

É surreal como a autora teve que metaforizar tantas partes do livro para passar pela censura machista da época. Ela denuncia o contexto histórico de uma forma tão incrível que, contra oposições de diversos lados, se torna uma leitura ?à frente? de seu tempo.

!!!! Leiam o posfácio !!!!
Você vai sair com dúvidas da história (já que a autora não explica cada personagem ou acontecimento) e está tudo explicado lá!!!

Conforme você lê o posfácio, é mais incrível ainda como percebe-se a clara semelhança do conto com a própria história da autora.

Enfim, ?toda mulher conhece o papel de parede amarelo e seu bizarro padrão?.
Joana 18/04/2023minha estante
ARRASOUUUUUU ???????? que bom que gostou


Joana 18/04/2023minha estante
resenha impecável


Isabeli.Francioni 18/04/2023minha estante
aai amg eu amei!! muito obrigada por ter me emprestado??




vicqs 10/02/2022

Poderoso
Ao reler esse livro, fiquei me questionando como algo tão pequeno (em proporções de páginas) pode ser tão poderoso?
Esse livro é extraordinário, e sem duvidas uma leitura obrigatória. Não se engane com a quantidade de páginas, o poder desse livro vai muito além. Passei dias refletindo a temática.
Monroe 10/02/2022minha estante
Nesse eu fiquei indignado e desnorteado com a cena final. Pretendo reler também.


vicqs 10/02/2022minha estante
E um livro que eu vivo relendo, e sempre tenho uma outra impressão


Glaucia 14/02/2022minha estante
Eu tbm gente,não sei se entendi direito,queria perguntar vcs ,mais tenho medo de ser julgada por dar spoiler,kkkkk




Vanessa 10/02/2021

O Papel de Parede Amarelo
Li esse livro em janeiro, mas só deu tempo de fazer resenha agora.

Gostei muito da obra, é uma leitura rápida que traz também muitas reflexões que podem ser aplicadas muito bem no contexto atual. O livro é sensível e fala com profundidade sobre a saúde mental.

Enfim, recomendo bastante. Indico também, após finalizar a leitura, pesquisar a respeito da vida da autora, ela tem uma história de vida interessante e intimamente relacionada com a obra.
Muff 11/09/2021minha estante
Sabe dizer se vale mais a pena ler esse que o original de 112 páginas?


Vanessa 12/09/2021minha estante
Não sei dizer, não conheço a outra tradução, mas fiquei bem satisfeita com essa de 24 páginas! Valeu a pena ler!


Muff 13/09/2021minha estante
Obrigada ??




Camille.Pezzino 24/04/2019

REVESTIDAS DE AMARELO
A primeira ideia que vem a mente das pessoas quando pensam na cor amarela é a depressão ou a loucura, visto que temos, no Brasil – influenciado pelos Estados Unidos –, uma campanha de prevenção ao suicídio chamada Setembro Amarelo. Para outros, fãs do decadentismo, a acepção do amarelo como cor da loucura se pressupõe a partir de narrativas como O Retrato de Dorian Gray (1890) e, em seu ápice de conivência com essa ideia, O Rei de Amarelo (1895).

Entretanto, o fato do papel de parede ser amarelo não me parece relacionado diretamente à loucura, pois, se formos pensar na simbologia dessa cor, Chevalier e Gheerbrant, autores do Dicionário de Símbolos, fazem associações um tanto diversas das pressuposições dos leitores do decadentismo, período histórico exato da publicação do texto de Gilman, já que foi lançado em janeiro de 1892.

De acordo com o dicionário, o amarelo é a cor divina e a cor humana, isto se deve ao fato de que ela representa dois polos distintos (positivo e negativo; divino e humano). O amarelo na mesma medida em que representa a eternidade, juventude, energia, vida, calor e sabedoria, também é capaz de ser símbolo da traição, velhice, declínio, adultério, enganação, inveja e covardia – sem serem simbologias excludentes por si mesmas.

Mas por que passou a representar a loucura, se, de acordo com os autores, na cultura chinesa até a mexicana, a formulação ideológica era outra? Essa foi uma das questões que me coloquei graças a leitura de O papel de parede amarelo e que, para mim, tem um sentido tão profundo que não podemos negar o principal de tudo: a transição.

A maior dificuldade do homem, até hoje, é aceitar a decadência – ao lado da morte – e, se o amarelo é capaz de representar tanto a vida quanto a morte, o ouro e a juventude, ao mesmo tempo, o declínio e a velhice, na minha concepção, quer dizer que a cor se relaciona muito mais ao nosso senso humano de perda do que de fato à loucura. Dessa forma, isso quer dizer que a loucura – a representação dentro da cor – se deve justamente à não-aceitação dessa transição de perda (declínio) de algo que tínhamos outrora ou algo que sabemos que deveríamos ter e não conseguimos aceitar não obter.

QUER SABER MAIS? ACESSE EM: https://gctinteiro.com.br/resenha-77-revestidas-de-amarelo/

site: https://gctinteiro.com.br/resenha-77-revestidas-de-amarelo/
efinco 28/08/2020minha estante
Precisamos conversar sobre ??


Camille.Pezzino 28/08/2020minha estante
Precisamooos




Aelita Lear 27/09/2020

Simples, mas sublime.
Não há muito para falar sobre esse livro, pois ele é curto, mas trás uma mensagem linda e importante sobre depressão pós parto. É de leitura leve, mas encantadora. Recomendo demais a leitura, e sugiro a edição da Balão, pois além de barata, é muito bem feita (e eu sou fã número um do Guilherme Kroll)
Rodrigo 28/09/2020minha estante
Já tem um tempo q está na minha lista de desejos


Aelita Lear 30/09/2020minha estante
É bem legal, e é baratinho o e-book ^^




KeylaPontes 23/11/2019

Já tinha um tempo que eu queria ler esse livro, mas sempre enrolei. Um dia queria pegar algo rápido para ler antes de dormir e fui tombada. A leitura é sim muito fluida, mas o conteúdo é pesado. Narrado em primeira pessoa, uma mulher narra sobre a sua estadia em uma casa de campo, para onde foi enviada pelo marido ?para descansar os nervos?. O quarto onde ela fica tem um papel de parede amarelo, que gera angústia nela desde o primeiro minuto.

Aqui encontramos a figura masculina opressora. Não a ouvindo, diminuindo a sua dor, sempre a colocando como ?tolinha?, sem voz e não dona de si. Durante a leitura não fica muito claro o que ela tem (uma depressão pós parto talvez?), mas o marido médico tem a palavra final sempre. O livro é angustiante, onde a protagonista tem só você como leitor para falar sobre a sua dor. Li algo sobre a autora ter feito o livro a partir de uma experiência vivenciada, talvez por isso tudo tenha uma vibe tal real. Gostei bastante, rápido, mas pesado e intenso.

Quero no futuro adquirir a edição física da editora José Olymbio onde soube que tem um conteúdo extra bem interessante. Vai entrar na minha lista de compras futuras
Laura886 23/11/2019minha estante
Achei interessante, vou ler :)


THALES76 05/12/2019minha estante
Legal, acho que vou dar de Natal para a minha irmã.




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