Euflauzino 09/03/2018Quando o preconceito rege as ações
Por não ter me dado muito bem com o volume anterior, parti desanimado para este, mas tive uma surpresa agradável, haja vista a rapidez com que li Jogo sujo – Wild Cards Livro 5 (Leya, 528 páginas), editado pelo afamado George R. R. Martin.
Este volume carrega a mesma carga de violência presente em toda saga e volto a prevenir: “é um livro para adultos”.
“O homem não era seu inimigo, mas sua morte também não seria uma grande perda para a sociedade. Ainda assim, enquanto cortava a garganta de Covello, apertando com força a lâmina para separar a espinha, Brennan só conseguia pensar em um final mais limpo. Ninguém merecia morrer assim”.
Há questões político-religiosas, ainda assim o que mais chama a atenção em toda a saga é o tratamento dado a questões de gênero, a pessoas marginalizadas, e mais especificamente ao preconceito.
“... Há uma máscara que esconde uma feiura maior que qualquer coisa que o carta selvagem possa produzir. Por trás da máscara está uma infecção que é humana demais... Sua voz é possante, confiante e tranquilizadora, e diz àqueles que odeiam que eles estão certos em odiar. Prega que qualquer um que seja diferente também é menor. Talvez sejam negros, talvez sejam judeus ou hindus, ou talvez sejam apenas curingas.”
Só para relembrar – neste universo temos “ases”, infectados pelo carta selvagem que desenvolveram superpoderes; “curingas”, a maioria dos infectados e que se tornaram disformes; e os “limpos”, pessoas que não se infectaram.
Pelos trechos citados já deu pra perceber que a salada é grande e o buraco é bem mais embaixo. As interrogações permanecem: Como as pessoas reagiriam aos superpoderes? Como se daria a política internacional com essas pessoas entrando na equação?
O terreno é fértil para quem defende soluções extremas, radicais e revolucionárias. O surgimento de extremistas é apenas mais uma peça neste grande quebra-cabeças, sejam eles religiosos ou não. Aqueles que esperam pelo grande salvador embarcam de peito aberto no fanatismo.
“Nestes tempos de problemas e de jornadas obscuras; nesta terra fértil onde a obra de Satã está prestes a dar frutos; você não precisa pisar em ovos com Marx, ou fuçar em Freud; você não precisa da ajuda de liberais como Tachyon, não precisa abrir-se a ninguém mais além de Jesus – porque ele foi o primeiro e maior ás de todos! (Reverendo Leo Barnett)“
Então vamos ao livro. Talvez para corrigir o embaraçoso volume anterior (Livro 4), fez-se necessário este. Em Wild Cards, a cada 3 livros, dá-se a junção de várias histórias, culminando em um arremate legal e emocionante.
A primeira parte deste se passa antes dos acontecimentos do livro anterior e a segunda parte ao que ocorreu após. O pastor Leo Barnett começa a ganhar terreno na corrida presidencial com o apoio de todos os limpos, ele tem seus segredos e um deles é bem carnal e responde pelo nome de Belinda May, uma prostituta. Este tipo de prazer é reembolsado por sua própria igreja.
Ases e curingas têm como candidato ideal o defensor das minorias senador Greg Hartmann, personagem ambicioso e sádico que esconde ser um ás. Possui dentro de si um poder que manipula as emoções e se alimenta do sofrimento alheio, uma voz que lhe dita regras como um bom psicótico.
O tabuleiro está armado e os peões têm que definir de qual lado ficarão. Ao mesmo tempo há uma guerra civil em curso, os chefes da Máfia que controlam as contravenções no Bairro dos Curingas vão sendo eliminados um a um por uma gangue que se autodenomina Punhos Sombrios.
“As mãos dele agora zumbiam, como um brado. Ele correu os dedos ao redor dos seios dela como uma carícia, e o sangue escorreu em seguida.”
E não é só isso. Algo ou alguém está espalhando uma mutação do vírus carta selvagem, disparando novas infecções e reinfectando os já infectados. Cabe ao Dr. Tachyon e uma equipe escolhida por ele encontrar o vetor antes que a situação saia do controle.
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