Saleitura 21/05/2014
Nem brilhante, nem fracassado, Matt Hunter é um tipo normal. Tem 20 anos, conseguiu entrar na Universidade, tem amigos, joga no time principal de futebol americano e faz parte do time de basquete também. Tudo é maravilhoso, até que uma pessoa morre pelas mãos de Matt.
Ele não é um marginal, só estava no lugar errado e na hora errada. Uma bebida que cai no casaco de um desconhecido. O desconhecido que aparece e não gosta do que vê. Um amigo querendo briga. Um amigo querendo defender o outro que está apanhando. Coisas que acontecem na maioria das festas. Coisas também que o levam a pensar e se. E se não tivesse parado na festa? Se não derramasse bebida no casaco? Se deixasse o amigo brigão apanhar sozinho? Mas agora isso não adianta. Matt foi preso e amargou quatro anos na cadeia. O desconhecido com qual Matt brigará, e matará, tem um nome: Stephen McGrath. E carregar esse fantasma será uma condenação além da cadeia.
Uma vez cumprido sua pena, Matt está livre. Com a ajuda de seu irmão Bernie a vida voltará ao normal. Emprego, namorada, casamento, planos... Tudo parece maravilhoso novamente. Porém, nove anos depois daquela fatídica noite, Matt voltará a se envolver em uma situação perigosa. Assassinatos, roubos, prostituição... Todos os fatos apontam para Matt. Não será fácil provar que ele é inocente.
Vocês se casam. Ela engravida. Você está feliz. Vocês comemoram a novidade comprando celulares com câmera. E então, um dia, você recebe uma ligação no celular e vê a mulher que conheceu há anos, naquela semana fatídica, a única mulher que amou na vida, em um quarto de hotel com outro homem.
O livro é divido em três partes: Prólogo; Trama; Epilogo. É narrado em terceira pessoa, e em cada momento temos ângulos diferentes da trama. Prólogo e Epilogo são narrados como se alguém estivesse falando com Matt, e estivesse contando para o personagem o que aconteceu. A narrativa flui de maneira fácil. Um capitulo deixa um gancho para o outro. Tudo é muito bem amarrado nesse livro. E mesmo sendo narrado em terceira pessoa, é como se estivéssemos dentro da cabeça de Matt, de Olivia, e de outros personagens que ganham força com a trama.
"A tristeza nunca vem só. Quando algo ruim acontece, uma porta se abre para outras tragédias."
Na outra resenha que fiz para um livro do James Patterson, falei da minha mania de comparar livros de suspense policial com os clássicos da Agatha Christie. Harlan Coben não fugiu disso. Comecei a leitura bem desanimada, porque tudo é meticulosamente detalhado, e isso estava me cansando, mas na página 64 tudo mudou. Mergulhei na leitura e só sosseguei quando terminei.
Matt, mesmo tendo passado pela má experiência da cadeia, e tão cedo, não foi corrompido. Ele é tão gente boa que cheguei a ter pena dele em alguns momentos. Vontade de pegar ele pela mão e dizer vamos, Olivia não te merece. Peguei carinho mesmo pelo personagem. E além de ser muito gente boa, Matt também é inteligente. E quando recebe no seu celular foto e vídeo do que seria uma suposta traição de sua esposa Olivia, ele consegue ver além da ira de um homem traído. Damos assim o primeiro passo para a trama de Coben.
Paralelamente, surge uma freira morta, e aparentemente sua morte foi de causas naturais, mas a irmã Katherine decidi ir mais além e pede a Loren, investigadora e ex aluna do colégio de freiras, que investigue e descubra o que aconteceu de verdade. A investigadora Loren é fundamental nessa trama. Ela acredita na inocência de Matt, e assim como ele, consegue enxerga mais além.
Bem longe dos domínios de Matt, temos uma velha stripper, Kimmy, recebendo a visita de uma moça que se diz filha de sua suposta amiga morta, Candace Potter. Essa conversa inicial entre as duas não nos diz muito. E talvez você, assim como eu, se pergunte qual é a lógica daquilo.
Temos assim três historias que no fim nos levará a uma realidade que o próprio Matt desconhece.
Narrativa cansativa, prolixidade, nada disso. Tudo é descrito minuciosamente por um bom motivo. Todos os detalhes que você junta, e tudo que você acreditar ser, no fim das contas mostra o contrario. Pessoas vão entrando nos casos e mostrando sua importância no enredo. Pessoas que você nem desconfia. Eu sempre tentava imaginar o que aconteceria no próximo capitulo, e não chegava nem perto. Tudo nessa trama é muito surpreendente.
Todos os personagens são muito bem construídos, desde os principais, até os secundários, passando pelas crianças, pelos moradores de rua... São personagens palpáveis.
Eu ganhei esse livro e não me empolguei muito. Já o estava trocando no Skoob quando pedi a pessoa que me deixasse ler antes de trocá-lo. Foi a melhor coisa que eu fiz nos últimos tempos. Quando terminei de ler, fechei o livro e fiquei recapitulando os últimos acontecimentos. Fiquei arrepiada, de verdade, e soltei uma exclamação.
Posso dizer que Coben não fica devendo nada a Christie. Sua trama é incrível, e me deixou com vontade de ler todos os seus outros livros. O Inocente é absolutamente recomendado.
Resenhado por Lene Colaço
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