Fabielli.Rocha 07/07/2021
Somos humanos, ou controlados pela ética social
Livro fluido, para quem está habituado com o tema, pesado e indigesto.
Ele explora além das habituais questões do campo de concentração, como barganha, fome, frio, espancamentos, medo e controle três pontos que não vi tão fortes em outros livros.
Primeiro ponto, ele deixa bem claro que já haviam boatos sobre a forma como Hitler pretendia lidar com as coisas, depois houve um relato de um fugitivo, e só depois o mal inadiável bateu na porta, alguns anos separam um fato do outro (parece que as pessoas só se preocupam quando é com elas).
Segundo ponto ele explora a fé, ou no caso, a perda dela, um garoto de 15 anos, criado em uma comunidade judaica, com estudos direcionados, que cumpre os rituais, e foi despojado de tudo, não conseguia entender como Deus permitia que seu povo, um povo que louva seu nome, que o defende acima de tudo, passasse por isto, pra ele é incompreensível, outros desastres com outro tipo de pessoa que não é "crente", mas com eles?
O terceiro ponto é a percepção dos sentimentos, divergentes da norma, esquecer o pai e até desejar se perder dele, pra não carregar um peso, kapos que surravam o próprio pai, um prisioneiro bateu no pai pra roubar um pedaço de pão, jogar corpos do carro, alegres por terem mais espaço para desfrutar.
Elie é corajoso demais para expor partes tão intimas da sua experiência, e me faz questionar
o que nos torna humanos afinal? A norma, a ética, a moral? E se fossemos despojados delas, o que seriamos, animais?
Este tipo de livro nunca é igual, e sempre te faz ver através de ângulos novos, desta parte vergonhosa da nossa história.