O lustre

O lustre Clarice Lispector




Resenhas - O Lustre


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Flavio Franco 30/03/2020

É meu segundo romance de Clarice, por isso não posso afirmar que é o mais difícil dela, mas tenho certeza que deve ser um dos mais difíceis.
A forma como Clarice flui através de situações, sentimentos e sensações por palavras é desafiador de ser ler, eu tenho a sensação de que talvez nem no ápice da inteligência consiga compreendê-la, pois a forma como ela descreve esses momentos é tão ímpar e única, que soa como uma expressão de si pra si. Mas de alguma forma é muito palpável.

Nós sempre temos aqueles sentimentos e sensações diárias que parecem impossíveis ser postos em palavras, aí vem Clarice, nos encara e pensa: "amador...rsrsrs"
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Arthur Pacheco 17/02/2020

Ilustre
Vejo... que estou ganhando um senso crítico diferenciado do meu eu do passado. Percebo tal situação pois... não consigo, ainda, explicar esta mulher. Se nas entrelinhas, para mim, Clarice faz sentido; e lúcida, concreta e objetiva. No bruto ela vai transformando a sua obra em algo que não conseguimos seguir com muita clareza. Não é algo que sinto com obras de outros autores. Eles sou objetivo. Agora com ela, me perco. Não consigo ser crítico. Não duvido do que sinto e o que ela me faz sentir.

Apesar do sentimentalismo que expus. Demorei um pouco para ?engatar? no começo do O Lustre. Mas, chegando mais pela metade do livro, pronto, me entreguei de corpo e alma.

Acompanhando Virgínia, vemos o retrato de uma mulher solitária e cheia de dúvidas sobre si. Como nos é apresentado no começo do livro: ?Ela seria fluida durante toda a vida.? E não estava errada. Ela fora, inteiramente fluida. Bela e recatada. Durante sua jornada conhecemos personagens cativantes e cheios de personalidade; humanos, traiçoeiros e que dão nojo para o espectador.

Recomendo o livro mais pela mensagem que Clarice nos transmite, pode ser difícil, mas acredite, e uma aprendizagem.
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Fernanda.Kaschuk 01/07/2019

As sombras e luzes do inconsciente.
Esse texto se trata de um romance introspectivo, assim como a grande maioria dos escritos de Clarice. Dessa vez nos debruçamos na mente de Virginia, que começa sua narrativa a partir de sua infância na relação conservadora e pacata com sua família, passando para o romance conturbado com Daniel e a infidelidade derivada de tais conturbações. Apesar da Sociedade das Sombras, Virginia traz dentro de si uma luz vigorosa e brilhante que lhe ferve as estranhas e confunde o pensamento. Durante os enquadros do amor e os deslizes do corpo, mesmo tentando fervorosamente preencher-se com ilusões de superfície não finda a escapar de si mesma.
Alê | @alexandrejjr 22/12/2021minha estante
Oi, Fernanda. Tudo bem? Sei que faz um tempinho que lesse o livro, mas queria pontuar que ela não tem um romance com o irmão dela, o Daniel - apesar da estranha tensão sexual que ronda os dois do início ao fim do romance. A Clarice nunca crava que eles tiveram relações, é tudo muito nebuloso, sugerido...




TalesVR 18/11/2018

Caótica, intensa, inteiramente fora da realidade.
Caótica, intensa, inteiramente fora da realidade. Foi com essas palavras que Clarice Lispector descreveu sua obra, em entrevista concedida à TV Cultura em 1977, pouco antes de morrer.

''O Lustre'' é caótico, com uma variação da narrativa distribuída entre alguns personagens; ele é unicamente intenso, com um ritmo vivo que te faz imaginar que esse é um livro para se sentir, e não unicamente para se ler. Não há uma sequenciação tradicional de continuação da estória, o roteiro é inteiramente fora da realidade, com pulos aqui e ali, deixando espaços que talvez incomodem um leitor desavisado. É um livro existencial, onde Clarice mais uma vez brinda o leitor com uma personagem forte, que critica a vida e a felicidade de um jeito que só ela sabia fazer tão bem como fez ao longo da sua carreira literária.

''O Lustre'' é uma leitura voraz. Você devora as páginas, num ritmo melancólico e maluco, olhando para a parede não sabendo se está lendo um livro ou fazendo um passeio por uma mente genialmente perturbada, em um misto de emoções que só a literatura pode nos proporcionar. Só não concordo com ela quando ela disse que é fora da realidade. Penso que é o contrário, é uma arte explicitamente real, um verdadeiro soco no estômago. Um brinde à Clarice!
Khadija.Slemen 03/12/2018minha estante
esse não conheço...vou ver se encontro




Marcos.Vinicius 09/03/2018

?
Se alguém entendeu esse livro, por favor, me explica?
Comecei a ler e abandonei nas primeiras páginas porque não consegui saber do que se tratava.
Thallys.Nunes 09/03/2018minha estante
Marcos, O lustre é um romance difícil mesmo. O livro vai tratar da vida solitária de Virgínia, tanto na infância quanto na vida adulta. São muitas metáforas e símbolos, e a pegada existencial complica ainda mais. Não sei se é sua primeira obra da Clarice, mas a sensação é mesmo essa de aparentemente não estar entendendo nada. As coisas vão tomando forma aos poucos. Leia Perto do coração selvagem. Embora seja bem parecido em estilo, é um pouquinho mais de boa. Só não desista de Clarice!!! ^^


@marcosmelhado 11/07/2018minha estante
Na orelha do livro tem uma boa definição pra ele. É mais sobre sentir do que entender. É um livro difícil mesmo, truncado e por não ter capítulos a leitura fica pesada. Se vc insistir depois da página 90 melhora um pouco no quesito história, mas mesmo assim foge da fórmula de histórias tradicionais. A hora da estrela é uma ótima porta de entrada para a autora. Aconselho vc pegar pra ler felicidade clandestina.


Marcos.Vinicius 13/07/2018minha estante
Marcos, o primeiro que li da Clarisse foi "A hora da estrela" e adorei. Depois tentei ler "O lustre", não consegui e parti para "Perto do coração selvagem" e "Um aprendizagem ou o livro dos prazeres" e tbm adorei os dois. Realmente, Clarisse é pra sentir e não pra entender. É uma questão de se adaptar ao seu estilo. Não desistirei de "O lustre"!


@marcosmelhado 14/07/2018minha estante
Quando for fazer uma nova tentativa de leitura, se achar que ir conversando ajuda só me mandar mensagem. Boas leituras.


Marcos.Vinicius 15/07/2018minha estante
Obrigado, se precisar, chamo sim!




Guilherme.Marques 15/01/2018

...
Homem é tudo tosco mesmo.
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Tomaz.Maximino 16/06/2017

A solidão de todos nós.
Um livro intenso e com um formato diferente de muitos romances, percepção a cerca do universo feminino, Virgínia é totalmente incompleta e insegura, o livro trata especificamente dos diálogos secretos da cabeça da personagem e como é natural nas obras da Clarice aquele desfecho inesperado. Os outros personagens completam o raciocínio a cerca que temos ao fim da leitura, questionar de forma filosófica como o tão incompleto que somos mesmo achando que somos completos de tudo . Os personagens não se desligam de suas origens e mesmo com o passar do tempo O Lustre velho do casarão de Granja Quieta persiste ao longo dos muitos anos passados, sinto o cheiro do carpete empoeirado.
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Ana Vitória 11/01/2017

"Tem-se a impressão de que se conhece há muito uma pessoa ao vê-la pela primeira vez, quando se consegue a um olhar apreender a harmonia dos traços com a alma - fora mais ou menos isso o que disse explicando-lhe o motivo pelo qual se sentira atraído pela sua pessoa. Mas alguma coisa não o deixava prosseguir nesse tom. E alguns minutos depois, na primeira oportunidade ele se transformara, experimentava outro gênero, perguntava sorrindo o propósito de alguma frase: e você? até quando você sabe? ... esperava uma resposta sorridente, maliciosa de quem compreende. Com um sobressalto embaraçado e logo disfarçado assistiu-a responder com mistério e gravidade, quase ridícula, fazendo-o corar e não saber que direção imprimir os olhos perturbados:
- Eu mesma não sei."

O Lustre foi o primeiro livro que li em 2017, sempre escolho uma obra da Clarice para ler ao menos uma vez ao ano, e posso dizer, que de todos os que li, esse foi o mais complicado de se entender, porém o mais rico em detalhes.
É um livro em que os parágrafos precisam ser lidos ao menos duas vezes, para que seja possível entender todas as nuances e entrelinhas ... apesar de eu acredito que a cada vez que ele seja lido será encarado de uma maneira diferente e que requer uma compreensão literária que poucos sejam capazes de alcançar (eu sinceramente não acho que tenha compreendido tão bem como gostaria).

"Mas não, não - e ela não estava à altura de compreender seus pensamentos - na verdade o que havia de intocado, desperto e confuso nela mesma ainda tinha forças para fazer nascer um tempo de espera mais longo que o da infância até os seus dias, de tal modo ela não chegará a nenhum ponto, dissolvida vivendo - isso assustava-a cansada e desesperada de próprio fluir instável e isso era algo horrivelmente inegável, e isso no entanto a aliviava de um modo estranho, como a sensação a cada manhã de não ter morrido à noite."
Michel 27/08/2018minha estante
Quando se trata de Clarice a leitura é, de fato, algo que se renova em cada recomeço. Como você, eu também me mantenho próximo dos livros desta que considero a maior autora da língua portuguesa, fazendo releituras frequentes todos os anos. E cada vez em que retorno à algum de seus livros, eu me vejo diante de uma nova leitura e descubro-a, e descubro-me... É como disse um cronistas certa vez: "uma vez inserido no universo de Clarice, fica difícil continuar a vida longe dele..."

Abraços cordiais!!




Maca.Bea 27/10/2015

A impossível resenha de O Lustre
O Lustre é um livro que desentranha em palavras o processo de formação do pensar. Em todo o livro nos espantamos com a presença de pensamentos, que poderiam ser nossos, ali desnudados, revelados em toda sua dureza e liberdade, sem filtros. Evidentemente que temos um “romance” entre aspas, pois não se trata de uma narrativa ali posta em seus moldes tradicionais. Temos uma personagem central, Virgínia, e toda a sua odisseia, da infância à vida adulta, num caminhar sempre vacilante para o fim. Virgínia desde sempre parece estar à beira de um precipício.
Mais no blog!

site: https://piquenamaluca.wordpress.com/tag/literatura/page/3/
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Léia Viana 11/07/2013

Penetrante
"Esses eram momentos em que ela sofria mas amava seu sofrimento. Atravessava o dia, a necessidade de cumprir os pequenos deveres, a arrumação dos quartos, a espera, a realidade e as ruas - entre séria e ansiosa, perscrutando-se e ao espaço como se já estivesse misteriosamente ligada a Vicente através da distância. Porque mal acordava sabia que hoje era dia de vê-lo."

Este romance é a descoberta de si mesmo, é um mergulho no fundo da alma, uma reviravolta nos sentimentos. Clarice tem esse efeito em mim, a cada obra que leio dela me descubro, me redescubro e percebo o quão complexa sou.

Estava muito curiosa para ler esta obra por causa da repercussão que li a respeito no livro "Correspondências", os comentários entre os amigos/correspondentes de Clarice Lispector, foram muitos e isso me despertou a curiosidade em ler.

A leitura é densa, a narrativa é em tom nostálgico, sofrido e cheia de reminiscências. Confesso que fiquei esgotada e achei este um dos livros mais difíceis de ler da Clarice. Fiquei exausta e não conseguia prosseguir muito com ele, tinha que parar em vários momentos, voltar nas páginas e reler, analisar para continuar prosseguindo. Não podia deixar que essa obra me tomasse por inteira, me consumisse de uma única vez.

Clarice escreveu uma obra penetrante, com diálogos difíceis, escassos, truncados, abordou e explorou muito bem o mundo interior de Virgínia. Esta obra tem que ser lida, relida até que se esgote todas as reflexões que ela nos propõe. Não é um livro fácil, nem de ser lido, entendido, tão pouco de se esquecer dele, tenho a sensação de que a história penetrou em mim e que nunca mais conseguirei esquecê-la.

Leitura recomendada!

site: http://caminhodasborboletas74.arteblog.com.br
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G. 22/09/2011

O lustre
Em “O lustre”, segundo romance de Clarice Lispector, nos é apresentado uma obra de extrema beleza. Não há, como em outros livros da autora, uma estrutura convencional. Parte-se daí o fato de que o enredo não possui definição clara – o que a escritora propõe com o texto é uma experiência de imersão no inconsciente, no ser dos personagens.

O romance é narrado em terceira pessoa, sendo o narrador onisciente. Durante todo o livro o foco prevalece sob a perspectiva de Virgínia, a protagonista. Acompanhamos seu amadurecimento, desde sua vida infantil na granja onde nasceu, até firmar-se, no presente da narrativa, na solidão da cidade. Essa apresentação se dá, porém, pela descrição do que cerca Virgínia, o que a influencia – tanto objetos, a exemplo do lustre do título, como pessoas próximas a ela, seu irmão que ela amava e seguia como a um líder etc.

Como dito, a falta de enredo é complementada pela percepção das personagens sobre o mundo em volta, suas sensações – o que confere ao livro sua fluidez característica, dando a noção de que os momentos descritos, sempre presenciados pelo interior de determinada personagem, estão carregados de certa força sufocante, momentos de iluminação, a existência explorada nos íntimos caminhos da memória – pois o que rege as páginas do romance é essa explosão de vida tão bem observada por Clarice.

O estilo de linguagem usado pela escritora é em si muito interessante – o texto flui, evoluindo gradualmente em complexidade, sem um ponto de descanso durante a narrativa, incansavelmente transmitindo pensamentos, revelações, relações intrínsecas. Assim, é notável a passagem do jantar em que Virgínia comparece, onde, ausente de tudo em volta, acha em si motivos de júbilo e prazer, como ao experimentar uma taça de licor de anis, sentindo o reconforto em si por degustar o sabor da bebida.

“Era licor de anis. O líquido grosso como algo morno [...] Ainda o mesmo gosto prendendo-se à língua, à garganta como uma mancha, aquele gosto triste de incenso, alguém engolindo um pouco de enterro e de oração.”

É, portanto, essa força de percepção interior, a fluidez da linguagem, a sucessão de experiências íntimas, que torna o livro tão encantador, envolvendo-nos, mesclando sua força a cada olhar, respiração, cada avanço que damos – o que retorna nossa memória à luz transbordante d’O lustre.
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Paula 28/07/2011

O lustre e sua forma descontínua
O lustre, segundo romance da escritora Clarice Lispector, escrito durante a 2ª Guerra Mundial, momento que criou uma sociedade sem perspectivas, pois não há mais uma realidade explicada a partir de traços de unidade de identidade, mas, sim, fragmentada, característica desse romance.
O lustre apresenta no interior narrativo de sua composição uma série de incorporações de novas formas da percepção a partir da modernidade que se ergue. Traz direcionamentos que não apontam para uma conclusão e sim, para um discurso em construção sob chave dialógica. Tal discurso fornece imagens do descontínuo sob formas de interrupção causal, o que possibilita uma arquitetônica armada de modo intrínseco a seu tempo: marcada por choques, a narrativa não mais oferece um sentido de experiência para o indivíduo. Dessa forma, a narrativa de Clarice Lispector evidencia uma possível crise da escrita de narração, pois a obra não está interessada em contar uma história e sim, construir, a partir da forma, uma consciência para essas interrupções que constituem a descontinuidade da narrativa, presentes nas personagens. O lustre parece trazer em si o percurso que se retira da contemplação perceptiva para o choque da tomada de consciência.
Assim, o romance é constituído por uma arquitetônica, que traz de modo intrínseco todo o contexto contemporâneo àquela sociedade, marcada por choques que não permitem que o indivíduo constitua uma experiência. O bombardeio de estímulos torna as marcas identitárias fragmentos e resulta na eliminação de um olhar contemplativo. O sentido que se busca na arquitetônica da narrativa cria possibilidades de figuração, ao passo que o todo não é fornecido. A realidade pontua o caótico e por catástrofes desmedidas, e coube à literatura o papel de buscar a representação, porém de modo paradoxal, pois reúne ao seu redor as ruínas de uma forma narrativa que se perdeu.
Para abarcar essa nova realidade complexa, O lustre precisou buscar a modificação do narrar para singularizar e estar em consonância com seu tempo. Deixamos de ter romances puramente realistas-deterministas – que apenas imitam o real – e que possuem um único sentido, aquele determinado pela presença autoritária do autor para avançarmos numa literatura comprometida com o homem, ao passo que tenta explicá-lo. Essa explicação ocorre a partir das tomadas de consciência das personagens, ao buscarem, através de exercícios reflexivos, um entendimento, pois estão em contato com outras vozes que fornecem outras lógicas.
O lustre é a nova condição dessa literatura, ao introduzir a complexidade do real na própria forma de construção narrativa, marcada por interrupções e pelo descontínuo. Assim, o romance não tem a “pretensão” de contar uma história dentro dos moldes tradicionais, mas de buscar o sentido do narrar para transmitir as novas formas de percepção: o choque, a voz ausente, a interrupção que constrói esse presente precário posto à frente do ser humano.
Estaríamos presenciando a impossibilidade de narrar, assim como o silêncio da escrita?
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DIRCE 09/08/2010

Um livro com a "marca d ´água" da Clarice
Ela seria fluida durante toda sua vida, palavras do narrador (desta feita um narrador desconhecido) sobre Virgínia a protagonista do livro que, como outras personagens criadas por Clarice Lispector, vive em constante mal estar. Sendo ela, Virginia, "fluída" , não consegue durante sua trajetória de vida preencher suas carências humanas e ela passa a se sentir uma estranha em qualquer lugar que se encontrasse - tanto na Granja Quieta como na cidade grande.
O Lustre é um livro que possui a "marca d´água" da Clarice: é necessário ter olhos para "enxergar" e ouvidos para ouvir. Olhos para "enxergar" a beleza da escrita de Clarice e ouvidos para ouvir os sons, inclusive, o som do silêncio da atmosfera reinante, visto que o som humano era algo incomum. Deles( dos olhos e ouvidos), não posso reclamar, mas da minha capacidade de entendimento...Um chapéu ( na verdade 2) presentes no início e no final do livro me fizeram sentir uma incômoda sensação de que perdi “o fio da meada”, mas, ainda assim, mais uma vez me rendi a beleza das palavras de Clarice.

Alguns fragmentos do livro com a "marca d ´água" da Clarice:

" Não quero ouvir as árvores,dizia-se tateando dentro de si própria, avançando estupefata. E as árvores a súbito vento mexiam-se num rumor vagaroso de vida estranha e alta" (pág. 12)

"Quanto a si própria ela não sabia sequer adivinhar o que podia e o que não podia, o que conseguiria apenas com um bater de pálpebras e o que jamais obteria, mesmo cedendo a vida..." (pág.20)

"O campo vazio de ervas ao vento sem ela, inteiramente sem ela, sem ela, sem nenhuma sensação só o vento, a irrealidade se aproximando em cores iridescentes, em velocidade alta, leve, penetrante. Névoas se esgarçando e descobrindo formas firmes um som mudo rebentando da intimidade adivinhada das coisas o silêncio compri¬mindo partículas de terra em escuridão e negras formigas lentas e altas caminhando sobre grossos grãos de terra, o vento correndo alto adiante, um cubo límpido pairando no ar e a luz correndo paralela a todos os pontos, era presente, assim fora, assim seria, e o vento, o vento, ela que fora tão constante". (pág. 268)
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