De Cara Nas Letras 01/05/2016
O Fim de Tudo
Luiz Vilela, autor mineiro, é considerado um dos melhores contistas brasileiros. Ele nasceu em 1942, e em sua adolescência, aos treze anos, já começou a escrever e ter contos publicados. Não demorou muito para ter seu trabalho reconhecido em concursos que desbancava autores já consagrados da época.
"O Fim de Tudo" foi originalmente publicado em 1973, por a editora Liberdade que o próprio Luiz Vilela fundou em parceria com um amigo em Belo Horizonte, ganhando destaque e o prêmio Jabuti na categoria melhor livro de contos.
Em 2016, pelo Grupo Editorial Record, "O Fim de Tudo" ganha sua segunda edição com direito a revisão. A segunda coletânea de contos do autor é composta por 24 contos que de alguma forma retratam o fim em contextos diferentes. Em uma coletânea de contos é normal encontrar contos que são sensacionais, alguns medianos e outros nem tanto assim, porém, Vilela conseguiu selecionar bem as obras que entraram no seu livro, você lê e não encontrar um conto do qual não goste.
Ganham destaques "A volta do Campeão", conto no qual um senhor cansado da monotonia de ficar em casa sai e volta a ser criança; "Monstro" que retrata bem nossa sociedade cada vez mais sensacionalista; "Surpresas da Vida", que traz um reencontro entre aluno e professo, relembrando os velhos tempos de escola, o que acontece também em "Primo", só que nesse último segredos guardados no íntimo chegam ao dia final e são revelados; "Carta", construído de forma epístola, traz uma confissão e uma sentença; "Um Rapaz Chamado Ismael", que se passa em um bar com flashback numa redação de jornal e traz um jovem jornalista desiludido com a profissão e "O Fim de Tudo", que nos alerta sobre o caos mundano em que estamos vivendo e o desmatamento que o homem causa na natureza.
Enfim, destaquei esses como mais marcantes, mas justamente para não falar de todos. Além dos citados, há outros que são muito bons e que notamos claramente que apesar de escritos há mais de 30 anos, possuem a qualidade de serem tão atuais quanto como se tivessem sido escritos hoje. As situações são verdadeiros retratos do nosso cotidiano, tem até coisas bem simples que nas mãos do Vilela um novo olhar. Como primeiro livro lido do autor, creio que seja uma ótima porta de entrada para aqueles que não conhecem seu trabalho.
Até logo!
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