A arte de produzir efeito sem causa

A arte de produzir efeito sem causa Lourenço Mutarelli




Resenhas - A Arte de Produzir Efeito sem Causa


45 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Thais645 14/03/2021

Uma letargia delirante, sufocante e perturbadora. São essas palavras me vêm à mente quando penso sobre este livro.

Narrado em terceira pessoa, ele conta a história de Júnior, um homem de quarenta e três anos que repentinamente entra num quiprocó com a esposa (a mulher o trai com o amigo adolescente do filho). Ele abandona o emprego e então busca abrigo no apartamento do pai, que tem como inquilina uma jovem chamada Bruna, uma estudante de artes e por quem Júnior desenvolve uma espécie de paixonite.

Sem dinheiro para mais nada, Júnior começa a extrair grana dos pertences da jovem. No entanto, não há reflexão moral, de ordem ética ou existencial por parte do narrador em nenhum momento. A linguagem é crua e as frases são secas e curtas.

Mergulhado num tédio e vazio existencial crescente, ele vê seus dias se repetindo numa espiral de acontecimentos que se resumem a idas a padarias e botecos (onde começa a se afogar na bebida) e no retorno ao velho sofá da sala. É de lá pra cá, de cá pra lá, sucessivamente. Até que... Júnior começa a receber misteriosos pacotes anônimos com recortes de velhas notícias envolvendo o escritor William Burroughs, que matou a mulher acidentalmente durante um "brincadeira" com uma arma de fogo.

A partir desse evento, Júnior é arrastado pelas horas e dias, perdendo-se num labirinto psicológico (representado pelos desenhos que começa criar obsessivamente) sem vislumbrar uma saída (e ele não parece se importar em encontrá-la). E não vou me estender aqui, para não dar spoiler.

Particularmente, achei que faltou um pouco de ironia (e até humor) para atenuar o ritmo da história em alguns momentos (chega a ser um pouco cansativa), e que passa a se tornar cada vez mais sombria, caótica e asfixiante, e que nos leva (e traga) junto com Júnior para um labirinto aparentemente sem saída.

Resumo da ópera: uma história bem contada, com algumas passagens e descobertas surpreendentes, apesar dos pesares.
Italo 14/03/2021minha estante
Um humor não diminuiria o peso dessa espiral caótica que o personagem vai caindo? Interessante serem recortes de notícias do Burroughs, tudo a ver, e esse elemento da narrativa: a paranoia e obsessão.

Eu gosto de personagens assim e histórias assim. Me lembra muito Thomas Pynchon. Me lembra também House of Leaves.


Thais645 14/03/2021minha estante
Também pensei nisso em relação a uma dose de humor, mas é que há uma sucessão de acontecimentos que se repetem e se repetem, ad nauseam, então, num determinado momento, é exaustivo mesmo. Mas já é bem intencional, eu acho. Há uma série de referências no livro (Kafka, pra citar mais um exemplo), o que também me agradou.


Italo 14/03/2021minha estante
Devo procurar. Talvez você se interesse por Crônica da casa assassinada do Lucio Cardoso. Tá saindo uma reedição agora em abril.


Thais645 14/03/2021minha estante
Esse do Lúcio Cardoso não conheço. Vou atrás, sim, obrigada.




Rafa 24/05/2020

Angústia...
Não há outra palavra para a sensação que este livro trás, o que descobri que é típico das obras de Mutarelli. É frustrante o modo como você quer ter alguma esperança no protagonista, mas ele acaba te forçando a criar uma certa repulsa devido as suas atitudes.
O final em aberto e a sensação de desespero que aquilo me causou foi o motivo de eu ter dado 5 estrelas.
Felipe.Lopes 05/07/2020minha estante
Eu acabei de ler esse livro, acaba daquele jeito mesmo? Tipo, depois que ele encontra as **** ou é a edição que eu li que não estava completa?


Rafa 05/07/2020minha estante
Só lembro que acaba sem acabar kkkk


Felipe.Lopes 05/07/2020minha estante
Kkkkkkkkkkk




Lucas.Marques 23/03/2020

Pior final de todos os tempos...
Terror psicológico bem escrito. As vezes, fiquei agonizado com a escrita da autor (aparentemente, a ideia é essa, passar uma sensação de agonia). Ainda não acredito nesse final (que me deixou bravo e puto, inclusive achei que o ebook que comprei na Amazon estava faltando páginas, mas não. O final é ridículo mesmo).
Nota: 3 de 5
Felipe.Lopes 05/07/2020minha estante
Seu comentário respondeu minha pergunta. Obrigado.


Lucas.Fagundes 02/12/2022minha estante
É pra você fazer o final, cara.




Gabalis 17/01/2020

Divagações afogam a trama.
A trama fica dormente por um longo tempo e quando o autor lembra que ela existe já é tarde demais. Não tem o que ser feito senão engolir mais aspirina e fumar um cigarro na área de serviço. A loucura do protagonista vem lenta e não tem consequências. Se era bruxaria ou lombriga, nenhuma das possibilidades são exploradas ou resolvidas. As descrições se tornam repetitivas e acabam virando fórmulas.
Uma Horla que não deu certo mas me divertiu o suficiente. "Lá vem o Júnior com dor de cabeça", "Agora ele vai fazer o café", "E agora ele vai ver que horas são, lá vem..." etc.
TNad7 21/05/2023minha estante
Essas repetições possuem propósito, é justamente para mostrar a rotina sufocante do protagonista, onde nada muda e o seu lento processo de degradação mental.


TNad7 21/05/2023minha estante
É muito importante lembrar que é um livro sobre o cotidiano daqueles personagens, ele entrega oque propõem muito bem.




raphael341 15/03/2024

Tem várias ?pontas soltas? e mesmo assim não parece incompleto ou sem sentido, mas sim instigante e que leva o leitor a pensar por conta própria o que aconteceu pra chegar aonde chegou e aonde ainda vai chegar; o autor faz com que a gente procure a causa pro efeito que ele causou, se é que ela existe.
comentários(0)comente



Janus 22/02/2009

Um dos principais motivos que me levou a ler esse livro, foi que o personagem principal traz o nome de Junior.
Homem que está saindo de um divorcio, e se preprar a voltar a vida morando junto com o pai.
comentários(0)comente



Leon' 07/05/2009

Seria fantástico não fosse a interferencia da 'cultura pop' invocando burroughs todo tempo, os personagens são excelentes. Junior, o pai, a estudante, a vizinha...
O trabalho gráfico é uma obra a parte, tambem creditado ao Mutarelli, garante a imersão na loucura do cara.
comentários(0)comente



Leo Villa-Forte 01/10/2009

A arte de produzir a boa bagunça
Peguei o livro de Lourenço Mutarelli prevendo uma experiência nova. Lourenço e seus backgrounds: quadrinista, roteirista, ator, não escritor-escritor. O livro e suas impressões: desenhos, gráficos, palavras, letras coloridas e misturadas, textos , frases curtas, pontuação onipresente.
Chico Buarque gostou. Algo tem.
"Será que é bom?", minhas mão transmitiam caladas enquanto se demoravam no pegar daquele livro. Bom ou não, sabia que tinha que testar. Se não gostasse, pelo menos saberia não gostar daquilo direito. E nesse caso, o livro em si é bem bonito, cairia bem na estante. E nesse caso, de eu não gostar, pelo menos teria contato com um modo incomum de escrever e de editar: textos com intervenções, rabiscos de canetas reproduzidos no papel, as páginas do livro feito páginas de caderno, o livro do personagem surgindo no livro do autor. Tudo isso já valeria a pena, caso eu não gostasse.
Não foi o caso.
"A arte de produzir efeito sem causa" é um quebra-cabeça dos bons.Quem tem a cabeça quebrada é Júnior (a do leitor, depois de algum tempo, o livro só ajuda a consertar). É dele a cabeça que Lourenço abre numa cirurgia delicada e e em nenhum momento rebuscada (como nos fazem acreditar os bons médicos). O leitor é levado a escorregar numa espiral de encontros e desencontros pensamentais, porém, não por isso sentimos um peso excessivo na carga de interioridade do personagem. Grande dialoguista que é, o jogo de Lourenço é com o modo como as palavras se relacionam com o mundo concreto que as dá suporte (ou é o contrário?). A crise de Júnior não é com ele mesmo, é com o que vem de fora, é com o que chega até ele, com o que lhe contam, com o que bate à sua porta. É com o efeito que o mundo pode provocar.
Júnior sofre uma bagunça das brabas, enquanto o leitor sofre uma das melhores.
comentários(0)comente



gfelitti 01/12/2009

o texto mais perturbador que li em 2009. de longe.
comentários(0)comente



Barone 28/08/2012

Sensacional
É extremamente traduzir em palavras as ideias e sentimentos que os livros de Lourenço Mutarelli evocam. A habilidade do autor de subverter comportamentos rotineiros e reações padronizadas da vida em sociedade em situações aflitivas e claustrofóbicas é ímpar.

Mutarelli também consegue fazer muito bem outra coisa: colocar qualquer tipo de informação que considera relevante para o desenvolvimento da narrativa e fazer com que o leitor fique completamente obcecado com fatos, textos e personalidades.

Não sei mais o que dizer a não ser "leia". Este livro é daqueles que te faz parar para pensar - se você quiser.
comentários(0)comente



leandro_sa 29/04/2012

"Assim é a vida, né? Uma hora a gente deixa de acreditar que ela pode ser boa"
"A Arte de Produzir Efeito Sem Causa" nada mais é do que uma reflexão sobre a incontrolabilidade do destino. O livro questiona o fato de que tudo o que sofremos é consequência dos nossos atos.

Júnior é um homem psicologicamente fraco que se vê sem reação perante a perda de sua rotina considerada perfeita: esposa, filho e um trabalho burocrático. Quando sua realidade muda por fatores alheios à sua vontade ele não sabe como tomar de volta o controle de suas ações. A resolução disso ocorre da única, e trágica, maneira possível.

Os demais personagens que convivem com o protagonista, seu pai chamado durante o livro, brilhantemente, de Sênior e a estudante Bruna ajudam a conduzir a narrativa que nos faz refletir até que ponto somos responsáveis pelo que acontece conosco.
comentários(0)comente



Paulo de Sá 25/08/2014

A leitura faz você enlouquecer junto com o personagem.
Em meio a acontecimentos banais e outros nem tanto, o autor faz você, aos poucos e sem perceber, entrar na loucura do personagem. Um livro cheio de significado e interpretações. A leitura prende você até o fim, que também surpreende. Vale muito a pena.
comentários(0)comente



@varaomichel 03/02/2015

O livro e inquietante e denso. Apesar de algumas partes soarem um pouco ingênuas, como a cena na casa de praia que mais parece que foi tirada de conto erótico barato, o livro em sua maior parte consegue maravilhar com o poder descritivo e te leva facilmente para o universo instável e totalmente conturbado da personagem. Vale a pena.
comentários(0)comente



Mlimafox 12/03/2015

A fina barreira entre a sanidade e a loucura.
Logo após terminar de ler "A Arte de Produzir Efeito Sem Causa" do Lourenço Mutarelli, não pude evitar de traçar um paralelo imediato com outra obra que sempre permeou minhas leituras, a clássica história em quadrinhos "A Piada Mortal" escrita pelo Alan Moore e ilustrada magistralmente pelo Brian Bolland. Como não associar essa história de mergulho na insanidade com a teoria do Coringa sobre a fina barreira que separa os pessoas ditas sãs dos loucos. Não querendo estragar a história pra quem não leu, a teoria do Coringa é simples, ele diz que a única diferenca entre uma pessoa sã e uma pessoa louca é um "dia ruim" e essa obra mostra como isso pode ser verdade, ou não.

Em sua escrita crua, simples e direta, Mutarelli te leva a uma viagem a psiquê de Júnior e como ele rompe essa fina barreira da sanidade. Quem é louco? Quem é são? O sobrenatural existe? ou não? Acreditar em algo, faz isso se tornar real? Uma palavra pode enlouquecer? Loucura pega? Leia e descubra.

site: https://www.facebook.com/mlimafox/posts/10203465641512999?pnref=story
comentários(0)comente



45 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR